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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

" A IGNORÂNCIA ELEITORAL "

      " A  IGNORÂNCIA  ELEITORAL "




"Le Brésil n’est pas um pays sérieux” (O Brasil não é um país sério).
Quem fez esta afirmação, nos Anos 60, foi o herói e um dos maiores combatentes na Segunda Guerra Mundial; o Estadista e ex-presidente da França, General Charles de Gaulle.


O tempo está passando mais depressa e, em breve, a sociedade brasileira estará escolhendo, mais uma vez, os seus governantes e representantes. Esses cargos, os mais importantes  da Nação, têm tudo a ver com os nossos interesses mais imediatos e mediatos. Deputados, Governadores, Vereadores, Prefeitos, Senadores e Presidente da República, interferem de forma direta nos nossos lares, no nosso dia-a-dia, no  presente e futuro dos nossos filhos, de todas as famílias e cidadãos que formam a Sociedade. Os cargos políticos mais simples servem de plataforma e trampolim para os seus ocupantes alcançarem posições mais elevadas nas suas ambições e trajetórias políticas, não raro chegando à suprema magistratura da nação; que é o sonho de “consumo” de quase todos eles.

Os políticos que iremos   escolher e eleger, irão nos representar, governar, elaborar e decretar leis que beneficiarão ou prejudicarão a maioria da população, como por exemplo, mudando costumes, religiosidade, tradições, etc., legislando para si, para a sua família e para os seus amigos e compadres; criando normas e promulgando impostos a seu bel-prazer, de forma muitas vezes arbitrária e injusta, afetando a minguada economia doméstica das pessoas honestas. São eles os responsáveis diretos pela qualidade de nossa vida, como a educação, segurança, aplicação da justiça, saúde, transportes, saneamento básico, higiene, lazer, vias públicas e outras importantes necessidades sociais. São, também, eles que escolhem e julgam outros tantos ou mais importantes cargos do País, como os principais e mais elevados membros do Poder Judiciário, que, em última análise ou Instância, irão nos julgar e a eles mesmos, com o mandato jurídico coercitivo de alterar e mudar quaisquer conceitos religiosos, educativos, alimentar, etc., da pessoa, da família e de toda a Sociedade, que somos todos nós. Isto tudo, à nossa revelia, para atender, por medo, clientelismo ou interesse político e econômico, a grupos de pessoas, minoritários ou não, que reivindicam a legalidade, vantagens e privilégios até contrários à Natureza das coisas. Na inversão de valores que estamos assistindo omissos e acovardados, dentre em breve irão revogar até a lei da gravidade, para agradar os acrofóbicos e favorecer  à  indústria de aviação.  
Para cumprirem tão relevantes serviços, é mister que os nossos representantes sejam escolhidos de forma consciente, séria e madura, para que não tornemos a nos frustrar e a lamentar, arrependendo-nos (como já o fizemos tantas vezes), com a escolha infeliz  de políticos e governantes amorais e imorais que há séculos flagelam a nossa estremecida Pátria. Ninguém pode negar que as nossas escolhas eleitorais têm sido a causa de toda a nossa  miséria moral, material e social. Pelos políticos que temos, devemos olhar para o “alto”, bater no peito três vezes e exclamar constrangido: “Mea culpa, mea máxima culpa”. Dizia Platão que o governante deve ter em vista somente o bem público, jamais visar a si mesmo. É pouco provável que encontremos algum político ou candidato à altura deste preceito platônico. Apesar do baixo nível cultural, moral e mental de muitos candidatos, é obrigação de todo eleitor escolher, pelo menos os menos ruins.

É indispensável conhecermos a biografia dos candidatos, antes de concedermos-lhes a licença para nos representar. Quando, a cada pleito eleitoral elegemos oportunistas, desonestos, ignorantes e incompetentes, estamos deteriorando as nossas consciências, o futuro da nossa pátria, o porvir dos nossos filhos e o destino da própria sociedade. A irresponsabilidade dos eleitores é a causa maior da decadência moral, social, política e econômica que cronicamente maltrata o Brasil. Dezenas de novos candidatos atraídos pela cobiça do “melhor emprego do mundo”, e muitos outros velhos e conhecidos sanguessugas repetentes, constam em “listas sujas” que circulam, há muito, na Internet e em publicações oficiais ou não, com implicações na Justiça, processados por diversos crimes de maior ou menor gravidade. Muitos deles serão reeleitos e outros tantos serão eleitos pelo voto ignorante, pela curta memória e irresponsabilidade  de milhões de incautos brasileiros. O que podemos esperar e exigir de tais representantes?
Nas próximas Eleições, teremos mais uma chance de resgatarmos a nossa honra, nossa responsabilidade, nosso caráter e a nossa credibilidade, perdidas ao longo das muitas Eleições passadas. Votamos e elegemos contumazes espertalhões e notórios corruptos que fizeram da Política uma fonte eterna de enriquecimento ilícito próprio, familiar e dos amigos. Sob a proteção do manto da imunidade parlamentar eles garantiram o alvará e o direito ao crime sem castigo. É óbvio que não estamos nos referindo a todos os governantes e políticos; sabemos e conhecemos as honrosas exceções que não freqüentam as manchetes e as páginas criminais dos Jornais, Televisão e Revistas. Estamos nos constituindo em uma sociedade masoquista que tornou crônico o sofrimento, a dor e a miséria material, espiritual e a falência moral; pela péssima escolha  dos seus representantes, os  próprios algozes de toda Coletividade.  Isso tudo demonstra uma imensa deterioração mental da maioria dos cidadãos, por determinarem, pela má escolha, aqueles que lhes vão martirizar. Penso em Psicose Coletiva! Porém, logo creio que se trata de pura ignorância e falta de conhecimentos e de cultura da maioria da população que se deixa levar pelas vãs palavras e falsas promessas dos candidatos e dos velhos políticos velhacos e desonestos. Em verdade os nossos políticos estão longe de exibirem a envergadura moral e cívica de muitos políticos probos do passado. Estaremos a exigir demais dos atuais políticos e governantes se formos compará-los aos seus ilustres antecessores, do início da República. Entretanto, temos o direito de exigir deles um mínimo de decência, compostura e competência. Afinal, nós os colocamos nesses cargos para conduzirem os nossos destinos com zelo, decência, honestidade e competência; pagando-lhes altos salários e mordomias sem paralelo, além de muitas outras vantagens e estratagemas obscuros.

Isso já são um acinte e um atentado contra milhões de trabalhadores honestos que vivem no limiar da miséria material e cultural. Um país que ostenta os mais elevados níveis mundiais de pobreza, criminalidade, corrupção e ignorância; apresenta, por outro lado, os maiores gastos com os seus políticos e a sua politicagem. Bradam aos Céus as intermináveis filas para o atendimento médico público do INSS  e de seus conveniados, onde e quando milhões de pessoas carentes de recursos (e de futuro), idosos doentes, inválidos, deprimidos, revoltados e desnutridos, recebem como prêmio de uma vida inteira de trabalho honesto; a devolução minguada dos mais de trinta anos de contribuição previdenciária. Quanto do suor desses pobres miseráveis não é desviado para manter os imensos privilégios que irão gozar  muitos desses candidatos eleitoreiros que já estão “de olho” nas próximas Eleições! Evitaremos que os velhos e notórios corruptos de hoje continuem a nos surrupiar ou outros larápios, de hoje e de amanhã, retornem com os seus séquitos de vorazes vampiros do sangue da Nação? Vai depender de cada um de nós, que tenha um pingo de consciência, honestidade e instrução primária.

É vergonhoso e desumano o contraste entre esses desafortunados brasileiros e os seus opulentos e peraltas “representantes”. “Cada povo tem o governo que merece”! Esta frase é antiga, conhecida por todos, e ninguém duvida que ela se aplique  à nossa sociedade. Se soubéssemos votar e escolhêssemos melhor os nossos candidatos, teríamos, hoje, uma sociedade mais rica, justa e competente. Falo muito em competência porque é ela que gera tecnologia, riqueza e trabalho. Não resta dúvida que a miséria social, moral, política e econômica que, cronicamente, nos atingem; são frutos da nossa ignorância e irresponsabilidade social, por elegermos como representantes indivíduos ímprobos que desviam até as doações que recebemos de outros países e as parcas verbas  destinadas à merenda escolar de crianças famintas e dos miseráveis flagelados das secas e das enchentes. Os meios de comunicação estão aí, nos mostrando, diariamente, os atos imorais e impunes de muitos políticos dessa natureza. Sem falarmos das falcatruas que são acobertadas e não chegam ao conhecimento público. Mas, só o que vem à tona, é suficiente para nos causar o desabono e o descrédito na maioria desses representantes, eleitos por nós.
Não resta dúvida que ainda não aprendemos a escolher bem os nossos representantes. Votamos em qualquer indivíduo e, muitos deles, notórios desqualificados morais. Damos o nosso voto por gratidão em alguém que nos pagou uma cerveja, que nos deu um milheiro de telhas ou tijolos ou nos fez um favor qualquer; votamos em fulano que é parente, amigo de um conhecido, de um colega de trabalho, do vizinho ou companheiro de farra. Votamos em indivíduos que no ano eleitoral desfilam sorridentes pelos Mercados Municipais e Ruas, abraçando e beijando criancinhas pobres e suas raquíticas mães; candidato que aparece no balcão do boteco, dando tapinhas nas nossas costas, perguntando “interessado” pelas crianças (que, nem sempre  temos); elogiando  a nossa ”saúde” (que nem sempre temos) e muitas outras baboseiras pré-eleitorais. Prometemos votar em alguém que nunca ouvimos falar e que nos “empurra” um “santinho”, em cujo verso está estampada a sua foto, que às vezes  mais se parece com um marginal que  propriamente um candidato a um cargo de tamanha importância para a Sociedade. Votamos ainda, em Partidos, sem nos preocuparmos com a idoneidade moral e psíquica dos candidatos que eles nos oferecem. Praticamos, ainda, um crime social, quando, na última hora, na “boca da urna”, aparecem oportunistas (“cabos eleitorais”) forçando o voto da gente humilde e ignorante da periferia e nas cidades do Interior. Continuamos a votar pela beleza física, erudição, riqueza e carisma de certos candidatos que não servem nem para serem eleitores, quiçá para  representantes sérios e honestos.

Persistimos em vender e barganhar o nosso voto, elegendo até psicopatas. Quem conhece o comportamento de muitos políticos em pequenas cidades interioranas, verifica a trajetória perversa de alguns desses indivíduos para alcançarem os privilégios, proteção  e as facilidades desonestas que decorrem da  fama e do poder. São nesses pequenos “currais eleitorais” que nascem e nasceram muitos vultos nacionais. São nesses recantos humildes, distantes e esquecidos que os demagogos e desonestos, explorando a boa-fé e a ignorância dos humildes, iniciam a escalada para atingirem os cargos mais elevados da República, quando então, livremente poderão legislar em causa própria, usufruindo com os seus familiares e amigos, da parca riqueza nacional que  eles não contribuíram. O desrespeito à sociedade é tão grande que virou moda aqueles que são eleitos, nomearem seus amigos e correligionários que foram derrotados nas urnas, alojando-os em importantes cargos públicos, aonde irão se locupletar das finanças públicas. Pelos péssimos exemplos que dão à população (principalmente aos incultos, imaturos e aos marginalizados), é que entendemos os principais motivos da nossa decadência moral, social e econômica.

Políticos eleitos, dessa forma irresponsáveis, sentem-se descompromissados de seus eleitores e com o social; já que foram eleitos à revelia da vontade honesta popular. Alguns deles, derrotados pelos votos  e recompensados por  seus correligionários eleitos podem sentir rancor do povo que não os elegeu e, assim, praticar toda sorte de manobras desonestas e prejudiciais, nas funções públicas que lhes foram presenteadas. É por tudo isso, bem como, por outros fatos escandalosos que se passam nos bastidores da política é que somos uma Nação rica com um povo miserável. Ainda se tem a ousadia e heresia de dizer-se que “Deus é brasileiro”!  Se o Criador já foi um dia brasileiro; há muito que Ele  já devolveu esta cidadania, envergonhado do povo que aqui colocou como diz aquela velha piada do japonês que foi reclamar de Deus por ser o Japão um país tão pequeno e acidentado.  Novamente começam a surgir os candidatos com as mesmas promessas não cumpridas de sempre; a mesma demagogia eleitoreira que, embora se repita há séculos, continua enganando grande parte da população, alienada  pela pobreza material, cultural e mental.

Muitos deles serão eleitos e irão governar ou desgovernar as nossas Cidades, nossos Estados e o nosso País. Perpetuarão o  círculo vicioso da miséria material, moral e mental que nos açoita, impiedosamente, desde o Império. Todos eles voltarão a acenar com os velhos e desgastados chavões demagógicos como: “povo”, “massa”, “operariado”, “menos afortunados”, “preservação ecológica”, “menor abandonado”, “democracia”, “autoritarismo”, “marginalizados”, ”entulho autoritário”, “liberdade” e muitos outros muito bem decorados. Exibirão suas faces sorridentes e angelicais em cartazes, calendários, “santinhos” e na televisão. Picharão as calçadas, muros, passeios, postes e árvores com os seus falsos perfis e ideologias.
Novamente vamos vê-los e ouvi-los trocando acusações mútuas (algumas vezes combinado), em que cada um tentará provar-nos que o concorrente é mais corrupto. Todos eles procurarão ostentar aquela auréola que costuma cingir as cabeças dos anjos, santos e mártires. Neste ano eleitoreiro, muitos políticos procurarão valorizar e moralizar a sua profissão, criando “Sindicâncias” e “Comissões” para simularem a apuração dos seus próprios crimes. Os governantes, nesta época, se tornam bons e piedosos, acelerando e inaugurando  obras inacabadas de seu início de governo; financiando tudo para os pobres, desde radinhos de pilha até conjuntos habitacionais; dando aumento aos assalariados (que antes alegavam não ter “caixa” para dar), destinando verbas para tudo e para todos; “segurando” os preços de produtos essenciais, para depois majorarem absurdamente, reduzindo impostos, anistiando caloteiros, etc., etc.

Finalmente, é bom lembrar que a nossa vida, o bem-estar de todos nós e o destino dos nossos filhos irão depender da  escolha que fizermos nessas próximas eleições de  outubro. Jamais se esquecer de observar a vida pregressa de todos os candidatos que aí estão. Não dê o seu voto a nenhum deles que esteve ou esteja envolvido em qualquer tipo de crime, desde o furto de pirulitos de criancinhas ao de desvio de verba da merenda escolar de municípios mais pobres do Interior Nordestino.
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Carleial. Bernardino Mendonça;
Belo Horizonte, primavera de 2010.


Perfil do Autor:

Psicólogo-Clínico pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais;
Estudante de direito da Universidade Estácio de Sá;
Escritor e Pesquisador na área da Psicobiologia e do direito.


sábado, 8 de outubro de 2011

" O IMPÉRIO DO BARULHO II "

               "O  IMPÉRIO   DO   BARULHO"

                           (Mais  uma  Forma  de  Agressão )

Eu estava parado em um semáforo quando escutei um grande barulho que me fez estremecer e o meu carro vibrar. Por mais que fechasse os vidros, continuei a ouvir e a sentir na pele o estridente e infernal barulho. A origem daquilo estava no veículo que parara ao lado e o autor da aberração sonora era, como sempre, um rapazola com pouco mais de vinte anos. O carro era velho, desses há muito saídos de fabricação. Estava com o porta-malas escancarado para mostrar a todos um monte de alto-falantes que berravam no mais alto grau de estupidez e de ignorância. A barulheira era tamanha que se deveria medi-la, não em decibéis; mas, em quilobéis. O barulhento motorista não deve mais possuir nenhum vestígio do seu antigo aparelho auditivo. Pior era o que saía, em altíssimo e péssimo som, das suas múltiplas "bocas-falantes", abertas para todos nós, transeuntes e demais motoristas. A voz do "cantor", que mais falava  que cantava, era rouca e assemelhava-se  a grunhidos raivosos que vociferavam contra tudo e todos.

O que aquele motorista nos obrigava a ouvir era a desestruturação do som; a degenerescência musical; a anti-música e a própria anti-cultura. Qualquer dicionário nos diz que a "música é a arte e a ciência de combinar os sons, de modo que agradem aos ouvidos". Esta definição vai de encontro a quase tudo a que estamos forçados a ouvir por aí. A "letra" do descalabro que saía daquele carro era uma salada indigesta de promiscuidade sócio-cultural; apimentada com agressividade, violência, prostituição, imoralidade, amoralidade  e  ensinamentos (mal planejados) de guerrilha suburbana. Ali, ao meu lado, estava o nosso jovem barulhento: o futuro, nada promissor, do nosso  Brasil ! Mas, não são somente os carros velhos, pobres e baratos que são barulhentos! Os carros barulhentos, sejam  novos, bonitos, ricos e caros têm como motoristas cérebros e mentes semelhantes;  a prova que  libertinagem se confundiu com liberdade . Aquela famosa frase do Direito que diz: “Todos são iguais perante a Lei”; tornou-se  bem legal e geral; todavia, de forma caolha e zarolha, podendo ser lida assim: “ Todos são iguais e livres para delinqüirem e libertinarem...... à vontade".

É  importante observar que raramente vemos uma mulher ao volante se comportando de tal forma. Pelo contrário, seja ela pobre ou rica; letrada ou inculta; são  quase sempre recatadas, silenciosas, prudentes, respeitosas e cuidadosas  quando estão dirigindo. Sinto-me mais seguro e tranqüilo quando o carro que está à minha frente, atrás ou nos lados; é dirigido por uma mulher; pois sei que não irei ouvir nenhuma buzinada, "cantada de pneus”, palavrões, não sofrerei  alguma "fechada" ou qualquer outra demonstração de infantilismo primata da maioria dos motoristas "machos".

A  imaturidade dessa maioria masculina de motoristas é a responsável direta pelos mais de 50.000 mortes, nos cerca de 350.000 acidentes  anuais, aproximadamente, em nosso país, além de outros tantos feridos, incapacitados físicos e mentais, aposentadorias precoces, prejuízos trabalhistas, processuais, viuvez, orfandade,dores , sofrimentos e desamparo familiar; além dos bilhões de reais gastos pela Previdência social e Privada, etc., etc.  Alguém já procurou pesquisar a proporção de mulheres que provocam esses alarmantes índices de imaturidade, descaso e imbecilidade envolvidos nos acidentes de trânsito ? Se procurarem, garanto que vão encontrar um número baixíssimo de mulheres responsável por mais esse tipo de crime que nos faz manter o vergonhoso título de  campeões mundiais. Ganhar o Prêmio Nobel; nunca conseguimos; mas, no futebol, nas "balas perdidas", nos assaltos, drogas, assassinatos, corrupção, roubo e crimes de toda natureza; somos Campeões Mundiais. Acredito que o número de acidentes e o grau de violência no trânsito irá  diminuir, na proporção do aumento de mulheres dirigindo. Esse aspecto, o do feminino no trânsito, é muito curioso e de muita importância sociológica e antropológica, merecendo uma análise posterior mais aprofundada.

Voltando ao motorista barulhento, estava ele sorridente e feliz da vida, olhando para os lados, a fim de conferir os aplausos e a aceitação dos ouvintes e seus expectadores, principalmente das mocinhas desavisadas. Esse fato não é isolado; muito pelo contrário, motoristas do mesmo calibre mental estão circulando aos montes pelas ruas e estradas, extravasando as suas frustrações, suas mazelas materiais e existenciais, os seus sentimentos de pouca valia e os seus complexos de inferioridade. Enquanto isso, as nossas integridades físicas, mentais e econômicas estão  sendo debilitadas pelos arroubos infantis desses muitos desestruturados. Milhares deles estão dirigindo seus carros e motos, acelerando fundo, uivando alto através das descargas de seus veículos e roncando forte nos seus múltiplos alto-falantes, de dia e de noite e pelas madrugadas nossas, obrigando a mantermos fechados os vidros dos nossos carros e as janelas de nossas casas. O pior é que a maioria de nós está se acostumando e se acomodando com o desatino desses enfermos mentais que, impunemente, sob a égide da libertinagem (travestida de liberdade) que assola o País, azucrinam os nossos ouvidos e atormentam o nosso viver. Já não bastam as tensões no trânsito provocadas pelos engarrafamentos crescentes; pelas buzinadas estridentes de outros doentes; pela poluição do ar; pela violência e agressividade dos motoristas; pelas "canetadas" dos guardiões  do trânsito; pela voracidade do Estado em arrecadar fundos e mundos; pelos onipresentes "tomadores de conta" que se apoderaram das ruas e dos nossos carros; etc. etc., Além disso, tudo, ainda temos que tolerar essa escória sonora!

 A música brasileira autêntica e as obras clássicas de todos os tempos, que por gerações enlevaram o bom-senso passado; foram substituídas por esse lixo estridente, importado da periferia nova-iorquina, das penitenciárias e dos guetos americanos. A barulheira tornou-se moda em quase todas as atividades sociais. Ela está presente nos cinemas, teatros, escolas, supermercados, lanchonetes, bares, botecos, boates, nas festinhas de adultos e de infanto-juvenis; até mesmo em certas Igrejas que, pela intensa gritaria dos devotos, pensam eles  que Deus é surdo. É um atentado e deboche generalizado contra o bom-senso dos que ainda o tem. Qualquer indivíduo, sem distinção social, raça, credo ou idade está liberado por leis extravagantes, promulgadas por políticos e governantes irresponsáveis, desejosos dos votos desses milhões de imaturos ruidosos, para promoverem à vontade, farras sonoras, quer seja com um radinho de pilha pregado nas orelhas, no carro, em festinhas particulares e públicas ou em quaisquer eventos sociais.

Nos  espaços públicos, as arruaças sonoras extrapolam a paciência até de um monge beneditino. Algumas praças públicas são um bom exemplo do descalabro sonoro licenciado pelos governantes eleitoreiros. Prefeituras gastam nossos impostos na construção  e restauração de alguns desses espaços públicos, ditos culturais, para o uso e o bel-prazer  de grupos barulhentos que nada produzem de cultura ou lazer positivo, além de fazerem  a alegria dos prósperos industriais e comerciantes do alcoolismo.  Porque será que todo evento público é sempre patrocinado e alegremente anunciado por essas empresas do álcool?  Sabemos que as drogas psicotrópicas (como o álcool) liberam os instintos mais primários do Inconsciente, fazendo com que pessoas frustradas, recalcadas, complexadas, etc., liberem tais impulsos perigosos para o social, através de comportamentos agressivos e violentos; explicando as razões  da "explosão dos decibéis sonoros", das agressões, das pichações, do vandalismo, da violência e da depredação dos bens públicos. Porque há tanto interesse de alguns governantes, artistas, publicitários, comerciantes e empresários de bebidas alcoólicas em embebedarem as pessoas; principalmente as mais carentes e incultas?  Quase toda essa barulheira e disparate comportamental  acontecem sob o olhar e ouvidos dos governantes e autoridades;  financiado por nós, pobres e inocentes  vítimas da agressividade e do tumulto auditivo da nossa inversão de valores em que já nos acostumamos. Muitos  desses festivais infernais e barulhentos são publicamente promovidos por Órgãos Públicos ,porque elegemos políticos corruptos e incompetentes que querem agradar os ignorantes barulhentos para  terem os seus votos, perpetuando-se  no poder e, mancomunados com os produtores e vendedores de bebidas, arrecadarem dinheiro com as vendas desgovernadas dos vícios;propagando distúrbios mentais e auditivos , além de promoverem os vícios do alcoolismo , do tabagismo e outros não muito inocentes e salutares. Arrecadam dinheiro com a venda do barulho e do vício; para gastarem depois com a segurança pública, com a nossa saúde abalada pela desordem sonora e com a manutenção dos locais onde  esses mesmos desordeiros  fizeram e fazem  as suas farras auditivas. O barulho é a distorção do som; sendo, portanto um tipo de neurose. Esse comportamento doentio é estudado e explicado no nosso  trabalho " A Neurose do Barulho", publicado em 03/02/85, no "Estado de Minas" e no livro "A Psicobiologia do Comportamento". 

Os barulhentos dizem que " os incomodados devem se retirar" ! Além de essa frase ser um insulto e uma ofensa Constitucional, devemos perguntar: "retirar-se para onde?"  Os nossos "valorosos"  e “festivos jovens” estão  fazendo o mesmo em qualquer lugar da Terra, globalizado pelo condicionamento perverso, negativo e nocivo da TV, da Mídia e da Internet, nas suas mentes imaturas e já desestruturadas. Não há nenhuma cidade, grande ou pequena, em que a epidemia neurótica do barulho não tenha se instalado. Os meninos (e muitos adultos imaturos e desestruturados) estão com os mesmos modos, moda e hábitos "sonoros" aqui, ali e alhures.  É uma verdadeira pandemia de mediocridade cultural que avassala o Planeta, já tão maltratado por incontáveis outras aberrações predatórias. No mundo inteiro a moçada toca, dança, canta, curte e degusta a mesma insalubridade sonora, cuja tendência é aumentar de intensidade e a quantidade reinante de neuróticos. Avalio que, além da violência, logo-logo não encontraremos um só lugar onde possamos nos esconder da agressividade da "música" degradada. A turma do barulho não é onisciente; contudo, é onipresente e quase onipotente. Brevemente os que ainda possuírem aparelho auditivo, terão que usar tapa-orelha, se tornar assassinos em série ou praticarem  o "haraquiri".

O barulho é o atestado e a certidão da imaturidade de quem o promove. Como os outros tipos de violência, ele é a marca registrada desta nossa pobre e desregrada  época ; um degradante momento histórico em que sepultamos a Educação, a Família, A Moral, o Caráter, a Ética, a Honestidade, a Dignidade; enfim, todas as características que nos distinguiam dos Protozoários.
Os meios de comunicação, principalmente a Televisão e a Internet estão aí, florescentes, ricos e empanturrados de mediocridades, condicionando-nos aos maus costumes e à degeneração das mentes  inconscientes dos bilhões de imaturos, num vendaval sem freio de ensinamentos nocivos e degradantes. Em silêncio, concluímos, repetindo as palavras de uma Bela, Santa e Sábia Mulher do nosso tempo: "Precisamos encontrar Deus; e não podemos fazê-lo com barulho e desassossego. Deus é amigo do Silencio! Vejam como a natureza – árvores, flores e frutos - crescem em silêncio! Vejam as estrelas, a lua e o sol; como se movem em silêncio! (Madre Tereza de Calcutá, 1910-1997 ).

Como se vê, o barulho provém da estupidez e degeneração de quem o produz. Enquanto o Silêncio é a manifestação da Paz, Equilíbrio  e Sabedoria das Mentes mais elevadas e da própria Criação de Deus.

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Carleial. Bernardino Mendonça
Este Trabalho foi escrito em fevereiro de 2007, em  Belo Horizonte - MG

Perfil do Autor:
CARLEIAL, é Psicólogo-Clínico pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais;
Estudante de Direito da Faculdade de Direito Estácio de Sá, em Belo Horizonte.
Escritor e Pesquisador nas áreas da Psicobiologia e do Direito.