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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

" O MEDO DA SOLIDÃO "

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 "O MEDO DA SOLIDÃO "


Umas das muitas características negativas do nosso tempo é o temor exagerado da solidão. O medo de ficar-se só e o pavor da rejeição. Nunca as pessoas gastaram e se desgastaram tanto, na ânsia de buscarem companhia física. Mesmo com todo esse empenho e gastos materiais e afetivos, nunca os seres humanos se sentiram tão só, vazios e desamparados. Festas, reuniões, associações, excursões, passeios e diversas outras formas de lazer e acontecimentos sociais são programados e praticados com freqüência, a fim de se afugentar dos corações e das mentes, o espectro da solidão.

Milhares de pessoas se acotovelam em ambientes festivos, cinemas, teatros, ruas, calçadas, praças, barzinhos, botecos, restaurantes, jogos, televisão, novelas, carnaval, além de outros locais recomendáveis ou não; onde buscam escapar de seus vazios existenciais, na ilusão da bebida, drogas e no falso amparo e aplausos dos outros. Outras tantas se sujeitam e se submetem às uniões e acasalamentos negativos e sofridos, somente para não ficar sozinhas, darem satisfação aos demais e demonstrarem que são capazes de atrair alguém. O temor da reprovação alheia é uma constante na atualidade. Essas uniões por interesse ou necessidade são muito negativas, pois logo sobrevêm os atritos e o reconhecimento da superficialidade conjugal, com enormes prejuízos psicobiosocial para os envolvidos e seus descendentes, cujo futuro estará comprometido, com a desestruturação do lar. Muitas pessoas são atendidas por psicólogos e médicos, cujos casamentos ou acasalamentos se efetuaram porque essas pessoas se sentiram “velhas”, “rejeitadas”, “incompetentes”, por estarem sendo criticadas por não terem ainda se casadas, sentindo-se solitárias e incompetentes para a conquista de um real relacionamento amoroso, etc.

Geralmente, nesses casais, as mulheres são a parte mais prejudicada, pois se submetem a vexames e, não raro, à ameaças e à agressões físicas de seus companheiros. O curioso é que apesar dos maus tratos a que são submetidas nesses relacionamentos doentios, muitas delas não se animam a tentarem uma nova forma de acasalamento; as exceções ficam por conta das que tem bom nível cultural e financeiro. Muitas alegam já terem perdido muito tempo na vida e agora não se disporiam a procurar novo parceiro. Vale ressaltar que em muitos casos sofrem carência e dependência financeira, justamente porque não se prepararam, intelectualmente para alcançarem melhores condições econômicas e sociais. Não desenvolveram os seus intelectos e não lapidaram suas inteligências, ou por ignorância dos seus pais, que não lhes valorizaram o “saber” ou por não terem tido condições financeiras para adquirirem o conhecimento ou, geralmente, terem dado mais atenção e cuidados ao exterior de seus corpos que às suas mentes.

Desta forma, sem conhecimento e sem cultura, ficam dependentes de subempregos e com poucas chances de se tornarem independentes. E, assim, serão escravas de seus companheiros, de seus patrões e de suas paixões, com pouca coragem de deixá-los, mesmo subjugadas e sofrendo, por se sentirem incapazes de sobreviverem com as suas escassas condições financeiras. É claro que estamos nos referindo a pessoas de poucas posses e baixa escolaridade; embora haja exceções para ambas as classes sociais; pessoas ricas e cultas, sujeitas e submetidas a relacionamentos negativos e doentios, por diversos motivos como idade, dependência sexual, dependência à beleza física, medo da solidão, estados psicopatológicos, defeitos físicos, etc. Poderíamos citar muitos exemplos de pessoas em situação de penúria física, moral e mental, com graves conseqüências para si, para a família e para o social. O número de solitários e de suicidas aumenta consideravelmente e a depressão tornou-se um fenômeno freqüente e universal. A angústia se apodera dos seres humanos, na proporção da multiplicidade e diversidade de suas tentativas de serem felizes, principalmente com as outras pessoas. Diversas formas artificiais de felicidade foram criadas a fim de afugentar o fantasma da solidão e do abandono (ou da rejeição). O álcool, o sexo, cães, gatos, o consumismo desenfreado e o uso de incontáveis fórmulas químicas de drogas para colorirem artificialmente as mentes imaturas e vazias, notadamente os de menos idade.

O consumismo exagerado de bens materiais é uma falsa e doentia tentativa de preenchimento desse vazio existencial que hoje atinge a maior parte da população mundial. Os homens (todos os humanos) investem nos outros a esperança de eles os fazerem felizes. Acontece que devido a grande ansiedade pelos resultados desse investimento, leva-os a uma forte expectativa de recebê-la do próximo, gerando exigências desmedidas que geralmente o outro não consegue atender. Dependendo de muitos fatores, inclusive da idade, cada experiência negativa (e frustrante), esgotam-se os seus mananciais de “doações”, desejando e esperando somente o retorno desse investimento; quer a níveis consciente e/ou inconsciente. É claro que a felicidade tão almejada tem muita relação com a pessoa do sexo oposto. Esta é a programação natural, ditada e traçada pelas forças instintivas biológicas; não fosse assim, não teríamos sequer prosperado como Humanos. O “crescer e multiplicar-se” não é só um ditame divino; é o destino genético de todos os animais e vegetais. Entretanto, a fonte maior da felicidade encontra-se dentro de cada pessoa, na riqueza e diversidade da sua vida mental; na criatividade e utilidade de seus atos positivos a si, e aos demais seres. A dificuldade está na razão de, quase todos buscarem fora essa felicidade, como se ela fosse alguma coisa extra; algo como uma dádiva do destino; ou, ainda, uma oferenda dos deuses.

A felicidade, que não é mais que o viver adequado do indivíduo no seu meio, é fruto de seu mundo interior, de sua formação, educação, bom senso, maturidade e alguns poucos “rasgos” de sorte. Há homens que, sublimando os poderosos instintos naturais, conseguem a felicidade através da espiritualidade, das artes, da ciência e da religião. O que é raro e difícil de acontecer em nossos dias, devido aos sedutores e atraentes apelos do consumismo, da futilidade e do “pornossexismo” ensinado, divulgado e condicionado pela televisão, internet, filmes e diversos outros veículos que condicionam todos, desde criancinhas até aos mais velhos, à promiscuidade libertina, descarada, escancarada e desenfreada que não encontram limites ou resistência em qualquer autoridade ou em quem quer que seja. As pessoas mental e espiritualmente evoluídas parecem não se importarem ou sofrerem com o isolamento e, ao contrário, muitas vezes até o procuram. O está só é um fato inevitável e inerente à condição humana. A experiência existencial é um fenômeno inexplicável, individual, única, intestemunhável e, sobre tudo, não-solidário. Ninguém é capaz de sentir, concretamente, a dor do próximo, por mais próximo que ele nos seja ou esteja. O máximo que podemos fazer é avaliar a angústia e o sofrimento alheios. Hipotecar solidariedade é o máximo que podemos e devemos fazer. Cada Ser Humano é um mundo à parte; que não se compartilha com ninguém. Nascemos só e, só, morreremos. Não tem nenhuma alternativa ou desculpa. Esta é a maior de todas as provações e frustrações. Nenhum Ser humano vem ao mundo, mentalmente acompanhado; nem mesmo os gêmeos univitelinos. Não existe comunhão mental, a não ser como expressão romântica e literária.

O universo da Mente é infinitamente vasto, complexo e, até agora, pouco explicado e entendido. A vivência de cada Ser é única, indivisível, intransferível e impartilhável. A ontogênese nos ensina que, desde a sua origem até o final de sua existência o ser humano é mentalmente só e sozinho caminhará. Este é o destino do homem. Mesmo quando gera muitos descendentes, um casal sente que não os criou para si; mas, para o Mundo. E, este fato está cada vez mais desumano, com os filhos abandonando os pais, seduzidos pela miríade de atrações do mundo fantasioso do sexo, das drogas, da riqueza fácil e da beleza exterior fugaz, propagadas pelos filmes, pela televisão, cinema, revistas e outros condicionadores das mentes infantis e dos imaturos de qualquer idade, raça, classe social, cor, seita e religião. Os filhos seguirão os seus próprios caminhos e os pais estarão novamente sozinhos, como no princípio. É perfeitamente genético e biológico que os pais queiram, inconscientemente, manter os seus filhos em torno de si, a fim de tê-los em sua companhia até o final de suas vidas. Isto é aceitável e faz muito sentido, considerando os aspectos psicológicos, genéticos e biológicos. Mas, este é outro assunto que no momento foge da pretensão deste Trabalho. Porém, apesar da solidão psicológica e desamparo biológico que nos esperam no inevitável final da existência; temos meios para minimizar esse estigma e dilema existencial. O segredo está no enriquecimento interior, com o cultivo da sabedoria criadora que é o único espantalho das vicissitudes da progressão etária. Albert Einstein, em uma de suas últimas entrevistas, afirmou que era feliz porque não precisava de ninguém. O grande cientista buscava o isolamento que lhe proporcionava paz, genialidade e criação. Einstein, por si próprio se completava; dependia pouco dos demais, devido ao seu vasto enriquecimento interno que lhe proporcionou um vigoroso consciente mental, capaz de controlar e neutralizar os impulsos primários e animalescos do seu Inconsciente. Este controle é raro em nossos dias quando a maioria dos humanos é condicionada e levada a se comportar imitando os atos perniciosos e negativos de bilhões de imaturos, doentes e degenerados do mundo inteiro, cujos exemplos nocivos nos são mostrados e condicionados pelos meios de comunicação, principalmente pela televisão e seus “descendentes” e “ascendentes”, como os vídeos, os filmes, revistas, alguns tablóides, internet e certas peças teatrais.

Ao se sentir sábio e criativo, o indivíduo torna-se seguro e não teme o “encontro consigo mesmo” nos inúmeros e inevitáveis momentos de solidão e desamparo que a vida nos reserva. Quando a pessoa é vazia, carente de conhecimento e de cultura, não dispõe do poder criativo que uma mente repleta de conhecimento pode proporcionar-lhe. Ela sente necessidade freqüente do amparo alheio, é uma pessoa dependente. Esta dependência provoca diversos comportamentos que buscam assegurar a sua estrutura e a sua estabilidade psicofísica. Isto, é muito difícil de se obter, considerando que a segurança interna é fruto de um processo mental que se relaciona com o conteúdo da mente, num dinamismo intenso desde a vida intra-uterina até a morte do indivíduo. Quando esta dinâmica mental está empobrecida, principalmente por carência de conhecimento (este, é o alimento da mente), a pessoa assim carente não terá um comportamento adequado à sua própria sobrevivência; não será feliz e prejudicará, também, os semelhantes, o meio ambiente e toda sociedade. Neste estágio mental, o vazio existencial se estabelece, forçando a pessoa a valorizar mais as coisas externas como o corpo, os adornos, o sexismo, o exibicionismo corpóreo e material, o insaciável consumismo, as fugas alucinógenas e toda espécie de subterfúgios neuróticos e, até psicóticos. Neste ponto, como é costume nosso, citaremos exemplos clínicos de casos que demonstram, na prática, a realidade do que afirmamos, com o fim de esclarecer àqueles que costumam culpar o “destino”, a “má-sorte” , o “sistema”, o “Governo” e os “outros”; por suas mazelas existenciais.

-Há tempos, uma jovem mulher de 29 anos, procurou o tratamento psicoterápico com o seguinte histórico de vida:
Filha de uma família de classe média, desde mocinha utilizou a sua beleza exterior para conquistar e variar de parceiros, com os quais teve muitos prazeres e …decepções. Foram vãos os apelos, súplicas e esforços de seus pais para que estudasse e se dedicasse ao cultivo de sua inteligência, espiritualidade e riqueza interior. Seu interesse limitou-se ao sexo, às futilidades físicas exteriores, consumismo de cosméticos, acompanhamento de novelas e outros lixos mostrados na maioria dos programas televisivos. Variava de namorados a fim de exibir o seu poder de sedução. Carros e motos barulhentos e exibicionistas era a sua rotina, em passeios, churrascos, festinhas, barzinhos, botecos, balados e outros “programas” com os seus amigos e admiradores antropófagos. Aos 18 anos já tinha “passado pelas mãos” de vários desses “divertidos”, “despreocupados” e “festivos” “caras legais”, como costumava chamá-los. O último desses “gatos”, após abandoná-la, saciado, deixou-lhe muitos “arranhões” e um filho indesejado. A família, temendo as conseqüências de um provável aborto, aceitou o fato, com muitas brigas e críticas constantes por seu comportamento. Continuou com a mesma forma de vida, se divertindo como antes, deixando o filho entregue aos cuidados e despesas dos pais. Tempos depois, começou a ser rejeitada pelos homens, porque o seu corpo já dava sinais de decadência na epiderme, nas suas “curvas”, no seu exterior e no organismo. A família continuava a reclamar-lhe os encargos da criação do filho. Ela, improdutiva e incompetente para prover a sua própria subsistência; sentindo-se não mais atraente e desejada pelos “homens” do seu meio e percebendo a perspectiva da solidão que se avizinhava, aceitou a companhia e a coabitação de um homem de nível mental e social inferior ao seu, para dar satisfação à família e aos outros, bem como lhe proporcionar companhia, apoio afetivo e estabilidade emocional.

Pouco tempo durou o seu sonho de ter uma companhia e não se sentir solitária. O companheiro passou a ter ciúme exagerado e a rejeitar o filho que não era seu, lembrando-lhe, constantemente, que ela já tinha sido “muito usada” por outros; que ela já havia “andado” com homens ricos e que não quiseram “nada” com ela, etc. Agredia-lhe com freqüência e não admitia qualquer interferência ou ajuda da família dela, apesar das dificuldades financeiras e emocionais que atravessavam. Ele se sentia inferiorizado diante da boa situação financeira da sua família, principalmente com relação a um irmão dela que era engenheiro. Este casal permanece com intensos sofrimentos físicos e mentais que desestruturam as suas pobres existências. Mesmo assim, ela continua com o companheiro, acreditando que não encontrará outro homem que a queira, no estado de decadência estética, física e mental em que se encontra.

Neste exemplo, que se equipara a milhares de outros semelhantes que sabemos e outros tantos que desconhecemos. Nele, podemos tirar duas importantes lições de vida. Uma delas é a pobreza cultural que levou à decadência mental e física dessa mulher, impossibilitando-a de fazer escolhas positivas e úteis para alcançar a verdadeira Homeostase; ou seja, o equilíbrio básico,natural e necessário a uma vida digna e edificante para si e para os demais. Assim, desequilibrada, sente-se incapaz de atitudes positivas e de novas procuras, com receio de novos fracassos. Desta forma se submete ao sofrimento, à desestruturação física e mental (e de seus familiares), permanecendo condicionada a uma parceria negativa e perigosa. Outro ensinamento que este caso nos mostra é que seu parceiro, apesar das diferenças sociais e financeiras entre eles, suas mentes têm algo em comum: a falta de conhecimento, cultura e saber. Se ele tivesse cultivado a sua mente, embelezando o seu interior com o conhecimento, instrução e cultura; estaria em melhores condições para conseguir outra profissão que fosse mais segura, gratificante e lucrativa; possibilitando uma vida mais agradável e segura para si, para ela e para os filhos. Segundo informações prestadas pela família do seu companheiro, ele havia recebido incentivo e razoável condição financeira para estudar e progredir intelectualmente. Mas, ele nunca demonstrou interesse em aprimorar o seu intelecto, preferindo (assim como ela) os programas onde a rotina e tema eram sexo, bebida, farra e outras ilusões frustrantes e passageiras. A necessidade de aprimoramento mental, através do estudo, do saber e do conhecimento é de importância vital para a sobrevivência em uma sociedade onde a hipocrisia é generalizada, embora todos neguem isso.

Perguntem aos que exercem profissões ou trabalhos que exigem mais os músculos e a destreza física, como pedreiros e ajudantes, garis, motoristas, lixeiros e limpadores de esgotos e muitos outros que mal recebem cumprimentos daqueles que eles servem em serviços essenciais à saúde, à segurança e ao nosso bem-estar. Quanta solidão não deve sentir esses importantes agentes do bem-estar social, cumprindo as suas missões sem o devido reconhecimento e acolhimento popular. Agora os comparem com o respeito, subserviência e admiração que a maioria tem para com médicos, juízes, engenheiros, deputados, etc. É fácil avaliar-se o grau de hipocrisia, injustiça e desumanidade de muitos que se dizem humanistas, democratas, bondosos e defensores dos direitos humanos. Vê-se, pois, o grande valor do conhecimento, da cultura, do saber e do enriquecimento mental. Exemplo notório disso é o que se passa com os policiais que, apesar de a eles recorrermos nos nossos momentos de insegurança e perigo; nem sequer são cumprimentados quando os encontramos nas ruas, expondo as suas próprias vidas por nós e recebendo ínfimos salários. Esta é a nossa invertida e hipócrita sociedade que admira,bajula e idolatra o inútil e negativo e rejeita,desconhece e desvaloriza o positivo e útil. Vamos dar outro exemplo que demonstra os transtornos causados por uniões motivadas pelo medo da solidão.

-Um homem de 50 anos, que apesar de gozar de uma boa situação financeira, era pobre de informações culturais. Tal pessoa “comprou” uma esposa a fim de não mais ficar sozinho e “cansado” de aventuras sexuais passageiras. O casamento foi efêmero porque as personalidades do casal eram diversas, principalmente porque a mulher, sendo bem mais nova, ainda queria “aproveitar” a vida; conforme afirmara. Enquanto ele estava “cansado” de aventuras; ela queria mais “aventuras”. Da mesma forma que o primeiro exemplo acima, este homem sofre ( e faz sofrer) no seu relacionamento conjugal, mas teme “partir para outra”, receando não dispor mais de tempo para uma nova busca e, assim, acomoda-se a uma situação negativa e maléfica, com medo de vir a ficar só. Por certo as suas condições mentais não lhe asseguram a tranqüilidade para enfrentar o seu vazio existencial, caso venha a ficar sem uma companhia física. É preciso lembrar que nunca se está sozinho quando se tem um “EU” estruturado, rico de conhecimento e criativo. Não é necessário que se “seja um Einstein”; todos têm essa capacidade lactente, basta que cultivemos mais o nosso “interior” (Consciente + Inconsciente), valorizando-o tanto quanto o fazemos com o nosso “exterior”. As pessoas que são esteticamente “bonitas” (fachada exterior) têm muita dificuldade para cuidarem de seus conteúdos mentais (interior); pois, elogiadas e bajuladas pelos outros, não tem tempo para o aprimoramento intelectual, já que este demanda cuidados e despesas com a manutenção dessa “beleza” externa, antes que ela se acabe com a idade, acidentes,doenças etc. Destituídas dessa “beleza” exterior, a tendência é de que essas “beldades” se deprimam e se perturbem de forma psicobiológica, na ausência de admiradores, bajuladores e outros oportunistas sexuais.

São muitos os exemplos de desestruturação mental e física frente à solidão ou da expectativa de se vir a ficar só. Escreveríamos muitas páginas se fôssemos citar os casos clínicos que ouvimos e lidamos relativos ao medo de encarar o afastamento das pessoas; ou seja, o receio de se sentir rejeitado, em qualquer idade. Ironicamente, esse temor é muito encontrado naqueles que têm “muito tempo pela frente”, como as pessoas novas em idade. Há pouco tempo, dizia-me uma dessas de 18 anos, que estava cansada desta vida e que vivia solitária, apesar dos muitos encontros com os amigos e colegas de turma. Mesmo entre os mais idosos, ainda que não tenham tido tempo; não foram motivados ou não tiveram interesse para enriquecerem o interior psicológico, encontram condições mentais para lidarem com a solidão natural dessa fase. A não ser que suas vidas tenham sido bastante inúteis ou negativas. Como já citamos antes, os caminhos reais e seguros para proporcionarem uma estrutura mental capaz de saber enfrentar co naturalidade e vigor a solidão presente ou futura (esta, é inevitável a todos humanos); são os caminhos do Saber, da Cultura e do Conhecimento. As vias do conhecimento, da aprendizagem e da sabedoria são as que nos levam à maturidade mental e à inteligência, que todas as pessoas normais têm, mas poucas a aprimoram e a cultivam. Esses caminhos que nos dão a estabilidade emocional, a paz e a felicidade, são os mais negligenciados em nossos dias.

Atualmente, cada vez mais se mostra e se valoriza a aparência física e a superficialidade das coisas; ao mesmo tempo em que se demonstra, negligencia-se e se desvaloriza os atributos essenciais da existência, que são a inteligência, a riqueza espiritual, mental e psicológica. Se observarmos analiticamente os milhares de rostos que cruzam, por nós, diariamente, nas ruas, praças, avenidas, nas salas de aula, nos locais de trabalho, etc., percebe-se o vazio existencial; a preferência e a atração pelas coisas tolas,efêmeras,volúveis,materiais e superficiais. A essência da vida, que são a Mente e o Espírito foi há muito, rejeitada, escorraçada e até odiada por quase todos. A riqueza e beleza do conteúdo mental e da maturidade espiritual foram e são alcançadas por uma minoria de Homens como o já citado Einstein, Ghandi, Madre Tereza, Irmã Dulce, Freud, Sabin, Fleming e outros poucos da atualidade, que, embora humildes e esquecidos souberam e sabem dignificar a nossa Espécie, com o gênio,trabalho,dedicação e modéstia. Todos eles tiveram ou têm um cérebro anatomicamente igual ao de todos nós. Possuíram ou possuem uma mente rica de conhecimentos, humanismo e saber, que tanto bem nos fizeram e fazem. Mesmo sem o gigantismo intelectual, algumas desses citados acima, se tornaram ricos, interiormente, graças ao dever cumprido como pais, cidadãos e como Pessoa.

Quando o indivíduo não aprimora o seu intelecto por meio do conhecimento, do estudo, da observação da natureza e da pesquisa; permanece bruto, incompetente, imaturo e inseguro; o que é um risco para ele e para todos que com ele convive. A dependência, a alienação e a insegurança, tão comuns nos dias atuais; são os sintomas principais que atormentam a existência de bilhões de pessoas no mundo. Nelas se estabelece o vazio existencial, por pressentirem a própria nulidade de suas vidas, causando frustração que é a causa da agressividade e violência constantes e crescentes em todas as sociedades atuais. Vale relembrar que a frustração é causada pelo desejo de ter o que não tenho e, pelo o que eu gostaria de ser e não sou. Quando pobre, interiormente, o indivíduo não tem criatividade, necessitando ou dependente da ajuda dos outros para se conduzirem pela vida. Nessas circunstâncias a pessoa foge do encontro consigo mesmo, evitando ao máximo os momentos de solidão. São estes momentos que induzem a pessoa à meditação, que é o voltar-se para dentro de si. Alguns, por sua nulidade, temem tanto o futuro que chegam a negar ou diminuir a sua idade, tentando enganar a si mesmos. Ora, se a pessoa se encontra vazia, sem conteúdo e alienada ( o que acontece com a grande maioria hoje), cedo ou tarde perceberá a inutilidade e banalidade de sua existência, o que é uma verdadeira “traição” à essência da vida, cuja criação lhe dotou de um órgão maravilhoso,supremo,ímpar,único e transcendente que é o cérebro. Com uma capacidade quase infinita de gravar acontecimentos, de estocar e manipular dados suficientes para capacitar qualquer pessoa a ter uma vida plena, feliz em comunhão com os outros e com o planeta. A capacidade do cérebro é tão grande que já se postulou ser ele capaz de reter mais informações que todas as bibliotecas do mundo. Como o órgão gerador da mente, ele controla todas as atividades vitais, dentro e fora do organismo.

De fato, todos os acontecimentos do mundo estão sob o controle do cérebro, com exceção dos eventos da natureza. Quando ele está carente de informações a sua produção mental se torna pobre e deficiente, tornando o seu portador vazio, existencialmente, independente de ele ter riqueza material, poder ou beleza física. Daí, o grande receio da solidão, do isolamento e da rejeição, sentidos pela maioria das pessoas, principalmente entre os mais novos e mais velhos em idade, quando se encontram mental e espiritualmente vazias. Qualquer perda de amizade ou de rejeição amorosa, logo é sentida como uma catástrofe que os leva ao sofrimento, ansiedade e à depressão. A pessoa sente angústia, ansiedade, somatização e grande desejo de logo procurar outra amizade, companhia e parceiro, a fim de não pensar no próprio “Eu”; isto é, foge de si mesmo com receio de “encarar” a própria nulidade existencial. Essa pressa de sair da solidão é devida, também, à necessidade de dar satisfação aos outros, de mostrar ao mundo que é capaz de atrair outro; mesmo que esse outro não possua nenhum atributo positivo interior; pode ser até uma “mula quadrada”; desde que tenha dinheiro ou boniteza externa. Há algum tempo, nos foi mostrado um caso clínico que relaciona o temor da solidão com o sofrimento e a desestruturação.

Uma moça nova em idade e considerada bonita, vinda do Interior, não via problema em ficar sozinha, sem namorado ou isolado dos demais. Ela não se preocupava em buscar, ansiosamente, amizades masculinas a fim de se exibir perante os outros. Como disse, gostava de ficar sozinha em sua casa, lendo,estudando e cuidando da casa. Com pouco tempo de permanência na Capital, passou a ser criticada e pressionada por seus colegas de trabalho, de estudo e por alguns parentes; para arranjar um namorado, companhia, principalmente masculina. A pressão foi aumentando e as críticas se avolumando ao ponto de insinuarem que ela “não gostava de homem”. Passou a mentir e fingir que tinha um namorado somente para dar satisfação aos outros. Com o tempo e para fugir da grande pressão e das críticas dos conhecidos, parentes e “amigos”, não resistiu e se entregou às barulhentas, ensurdecedoras e esfumaçadas “baladas” das noites moykanas. Hoje, aquela moça “bonita” que veio do interior para estudar e melhorar de vida, está casada com um dependente de drogas, que de vez em quando e de quando em vez lhe agride, vivendo, basicamente do parco salário dela. Deprimida, psicossomatizada e bastante debilitada, sem a mesma boniteza física de antes, não sente ânimo para empreender nova caminhada em busca da felicidade. O estranho é que todos aqueles que a pressionaram para as “boas” companhias nas “baladas” noturnas; sumiram, deixando-a na pior: a solidão conjugal. Seria oportuno lembrar outro problema que comumente surge com as pessoas que se deprimem vivenciando a solidão; ou, na perspectiva de virem a ficar desacompanhadas. Pessoas que ficam na “fossa” com facilidade, que precisam sempre estar em companhia de outrem, enfrentam um grave problema que é o da psicossomatização.

A atuação da mente, principalmente através do Inconsciente cerebral, se efetua pelo sistema nervoso “autônomo”, proporcionando o aparecimento de inúmeras enfermidades mentais e físicas. O sistema endócrino atua com muita rapidez por todo o organismo sob os impulsos da mente. Raramente encontramos uma pessoa com um histórico de depressão ou qualquer outro distúrbio mental severo ou crônico, que não apresente também um “leque” de queixas somáticas e hipocondríacas. Uma existência saudável, tranqüila e feliz, tem como pré-requisito uma vida interior rica e sábia. Uma mente madura, capaz de adequar-se às vicissitudes que inexoravelmente nos virão, no decorrer da existência de cada um. É bom lembrarmos que nos dias atuais os fatores negativos e nocivos tendem a se acentuarem; enquanto que os acontecimentos positivos ficam mais escassos. A tendência é cada vez mais nos defrontarmos com obstáculos que… com facilidades. Ninguém pode garantir que o nosso viver seja mais feliz no futuro; aliás, nem sabemos que teremos algum futuro. A extrema competição que os homens conhecem e pior verão em futuro próximo, gerará feroz e animalesca agressividade que não conhecerá limite. Não estamos afirmando, neste Trabalho, que somente as pessoas cultas, sábias ou “doutas”, têm chances de melhor se adequarem à vida; embora, de fato, estas tenham mais facilidades para tal. São sábias e cultas, também, aquelas pessoas que embora não tenham ou tiveram vida acadêmica e literária, possuem a sabedoria da observação, simplicidade, humanismo, criatividade e trabalho profícuo e honesto. São algumas daquelas que habitam os lugarejos distantes do Interior; os da “roça”, que na singeleza de suas aparências, representam uma força autêntica, viva e produtiva da Nação.

Elas são exemplos do “encontro” salutar e corajoso com a “velhice” e a solidão. Essas pessoas não temem o isolamento, mesmo na idade avançada e nem tampouco necessitam de drogas alucinógenas para fugir dos “fantasmas” que assombram as mentes dos vazios, nulos e imaturos de qualquer idade. Eles criam e produzem, por isso não se atormentam diante do inevitável encontro consigo mesmo. De fato, conhecemos muitos homens (quando falo “homem”, me refiro aos dois sexos) da “roça”, trabalhadores rurais que se encontram sozinhos devido a separação,viuvez ou pela saída dos filhos de casa. Observando e conversando com eles, verificamos que não temem o encontro com a solidão, mesmo em idade avançada. Não se vê entre pessoas simples a negação ou simulação da idade; eles têm até orgulho de suas existências. Esta tentativa de enganar o tempo é muito comum entre pessoas frívolas e imaturas que estremecem de pavor ao perceberem a própria decadência física e mental. O motivo de as pessoas maduras e sábias não temerem a passagem do tempo e a solidão é o de ter consciência de terem cumprido o seu dever para com Deus e com os homens; sabem que fizeram o melhor para si, para os seus e para os seus semelhantes. Essas pessoas simples possuem a sabedoria da vivência, da natureza e a retidão de caráter. Mas, infelizmente, a maior parte dos seus descendentes não terá a mesma sorte de seus pais, que souberam “amadurecer” com sabedoria e tranqüilidade. A televisão, também, já entrou em todos os lares da “roça”, desestruturando a família rural, com os inúmeros exemplos negativos de sexo irresponsável e promiscuo, consumismo, adultério, corrupção, exibicionismo desenfreado, desvios sexuais, drogas e muitos outros modelos da deterioração humana. É, principalmente, através das novelas, onde os heróis são corruptos e degenerados, quando o Mal prevalece sobre o Bem; levando-os a crerem que o crime compensa e o trabalho e honestidade são desonra e atributos do passado.

Para finalizar, não poderíamos deixar de citar e homenagear um grande exemplo de vida que condiz com a essência deste Trabalho: Helen Keller. Esta mulher, de personalidade ímpar, nos mostrou com o seu modelo vivencial, como está nula e vazia a maioria das pessoas de hoje. Esta grande figura humana, cega, surda e muda desde os seus primeiros anos de vida, veio a se tornar uma das maiores personalidades do mundo. Ficou célebre por seus livros e conferências por quase todos os países. Viveu sozinha com a sua fiel amiga Anne Sullivan (outra grande mulher), até aos 88 anos de idade. Quando esta sua amiga morreu, em 1953, Helen Keller ainda viveu por muitos anos, inteiramente sozinha! Aliás, sozinha não! Teve a melhor das companhias: ela mesma. Já em idade muito avançada, costumava dizer: “espero feliz a chegada do outro mundo, onde todas as minhas limitações cairão”.

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Este Trabalho foi escrito e publicado em Belo Horizonte, em fevereiro de 1986. Posteriormente veio a ser atualizado, em parte, para melhor condizer com a presente realidade.
Belo Horizonte, 14 de fevereiro de 1986;

Carleial. Bernardino Mendonça.

Psicólogo-Clínico pela Universidade Católica de Minas Gerais;
Estudante de Direito da Universidade Estácio de Sá;
Escritor e Pesquisador nas áreas da Psicobiologia e do Direito.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

"PERCEPÇÃO EXTRA-SENSORIAL" E "SEXTO SENTIDO"



                 “PERCEPÇÃO  EXTRA-SENSORIAL”  E  “SEXTO SENTIDO”

            

Muitos de nós conhecemos a forma de o nosso cérebro captar as informações do meio ambiente para o seu interior, a fim de criar e manter a nossa extraordinária vida mental. É por meio dos cinco sentidos: visão, audição, gustação, olfação e tato, que logramos conhecer o nosso mundo exterior e as condições internas do nosso organismo. Deste modo, o sentido da vida animal, principalmente dos humanos, depende das informações que colhemos,armazenamos e conservamos dentro do cérebro; ainda que, no começo da nossa vida, alguns desses conhecimentos e comportamentos são geneticamente adquiridos; como: o automatismo de certos reflexos infantis.

Esta é a forma convencional de o cérebro receber os dados do mundo externo e usá-los da melhor forma possível para adequar à vida o seu portador. Essas informações do meio externo, captadas pelos órgãos dos sentidos, são canalizadas para o sistema nervoso central, em forma de impulsos eletroquímicos, codificados de acordo com as características peculiares de cada estímulo. Chegando ao cérebro, esses impulsos são decodificados e armazenados em locais geneticamente programados, ainda não inteiramente conhecidos; embora já se tenha evidências capazes de logo conhecermos melhor, as formas de gravarmos e retermos os traços de memória, de criarmos os pensamentos, elaborarmos as idéias, etc.  Quando isto acontecer,creio que ficará mais esclarecido o mistério que cerca a mente e, por certo, a fronteira entre o físico e o mental tornar-se-á mais tênua. Desta maneira, é fácil de se ver que o viver inadequado, individual ou social, é conseqüência de um cérebro com pouco conhecimento, escassa cultura e reduzido saber, gravados em seus neurônios e, conseqüentemente, sem condições de criar uma Mente rica, sadia, positiva e útil a si e aos demais.

As exceções dessa pobreza mental que leva a uma vida inadequada e infeliz ficam por conta das deficiências cerebrais genéticas, congênitas, adquiridas ou traumáticas. Mas, é provável que o cérebro possua outras formas de captar os estímulos ambientais, além dos cinco sentidos já conhecidos e citados. Há muito se especula sobre a possível  existência de outros modos de recebermos informações do meio ambiente. Um “Sexto Sentido” vem sendo imaginado por alguns, principalmente por escritores de ficção. Muitas pesquisas foram realizadas a fim de se comprovar a veracidade dessa hipótese, especialmente por estudiosos da Parapsicologia, ramo do conhecimento que se dedica aos fenômenos considerados, ainda, extraordinários. Mas, não é somente a Parapsicologia que estuda tão intrigante assunto. A “Ciência Oficial”, principalmente a Psicologia, vem envidando esforços nesse sentido e os relatos Psicobiológicos sobre as percepções “paranormais” têm se acumulado nos últimos anos.

Em pesquisas mais recentes, as evidências de novas fronteiras perceptivas estão sendo consideradas sob o rigor físico experimental. Nos EUA, há poucos anos, os fenômenos relacionados com o “Estado de Morte Aparente” (EMA), têm sido estudados com muito interesse por pesquisadores da Psicologia e da Medicina, encontrando-se alguns indícios sólidos de que possuímos a capacidade de captarmos e pressentirmos acontecimentos do meio físico, além dos cinco modos naturais que conhecemos. Ouvindo históricos de uma dezena de pessoas, verificamos que o fenômeno da “percepção extra-sensorial” encontra-se mais presente em Mães, nos acontecimentos relacionados com filhos ausentes, doentes, atravessando dificuldades ou passando por perigos iminentes. Este sentimento, condição e pressentimentos maternos, devem-se à grande ligação física, emocional e mental existente, por ter sido ele, o fruto do seu ventre. Embora essa capacidade perceptiva seja mais natural e evidente na mente materna; ela, também está presente, em menor intensidade, nos pais, amigos, parentes e nos verdadeiros amantes, naqueles onde o Amor autêntico reside, de fato. A percepção extra-sensorial ou o sexto sentido é quase exclusivo nas mulheres, pelo motivo óbvio de que somente elas são capazes de gerar filhos (embora, não irá nos assustar se brevemente, alguns homens se engravidarem). Se, de fato, temos mais essa capacidade perceptiva, pouco ou nada explorada nas condições normais da nossa vida; então, descortina-se um rico potencial de novos conhecimentos ...e poderes.  

Exercitar e poder usar novas percepções sensoriais, fazem-nos acenar com uma imensa possibilidade de melhorarmos os relacionamentos sociais e inúmeros outros benefícios práticos. A “extra-sensibilidade” tem sido verificada com maior intensidade nos estados alterados da consciência, como por exemplo, no “estado de coma”. Alguns históricos de fatos desta natureza foram relatados por profissionais que atuam no campo cirúrgico,quando os pacientes estiveram em coma, ou foram declarados, clinicamente mortos. Esses pacientes, ao “ressuscitarem”, fizeram declarações posteriores sobre o que lhes tinham acontecido durante o tempo em que estavam inconscientes, naqueles momentos mais dramáticos de suas existências. Suas estórias guardam evidentes semelhanças entre si; e são impressionantes no que tange a fatos ainda pouco conhecidos pela Ciência; bem como, pelo mistério que sempre envolveu esses estados de “ausência” e de obnubilação da consciência. As obras escritas sobre o EMA (Estado de Morte Aparente) provocaram grande polêmica nos meios científicos e leigos. De modo geral, há muita descrença entre os primeiros, porque as conclusões dos autores daquelas obras apoiaram-se em relatos obtidos dos próprios pacientes. Estes poderiam ter feito suas narrações de acordo com as suas crenças, religião e expectativas de vida e de morte. As estórias desses pacientes que relatavam, dentre outras coisas, o encontro com os seus entes queridos já falecidos; poderiam ser apenas, a manifestação alucinatória do grande desejo deles de reverem aqueles que tanto amaram (e amam).

Quem não gostaria de ter, novamente, em sua companhia, as pessoas que nos foram tão caras e amadas, como os nossos pais, irmãos, esposos e os amigos verdadeiros?  O cérebro, nos momentos extremos da vida e em situações fisiológicas graves, pode tornar accessível à mente, o seu vasto estoque de memória, proporcionando a ela a criação instantânea de imagens, sons, odores e outras percepções anteriormente assimiladas. Além disto, as secreções de substâncias químicas especiais pelos neurônios em agonia podem parecer factíveis as manifestações vívidas de seus anseios afetivos mais acalentados. Mas isso, o cérebro e a mente já fazem! Existe comprovação científica desses fatores neuropsicológicos. Entretanto, um caso relatado por um desses doentes críticos, acompanhado por pesquisadores meticulosos, deu margem a outros debates sobre uma provável “percepção extra-sensorial”. Nesse relato, o paciente ao retornar de sua “morte”, contou que havia estado com os seus parentes falecidos e, entre eles, estava um irmão seu, até então vivo e com saúde, antes daquele paciente ser internado no hospital. Acontece que, enquanto ele estava inconsciente,em estado de coma, o irmão falecia em um acidente de trânsito. O paciente não soubera de maneira alguma que o irmão havia morrido naqueles dias. Se ele não foi informado da morte do irmão, não poderia ter qualquer gravação em seu cérebro, relacionada ao acidente que o vitimou, enquanto ele estava hospitalizado e em coma. Como não tinha qualquer informação e gravação do fato, como poderia a sua mente criar uma fantasia, como argumentaram alguns, sobre um acontecimento que nem de leve passara por seu “estoque” de memória?

Isso deu muito que falar; pois é evidente que ninguém pode pensar, raciocinar, fantasiar ou mesmo sonhar com acontecimentos cujos traços não passaram pelo SNC (Sistema Nervoso Central), principalmente fatos dessa natureza! O paciente em foco comunicara-se com o irmão (ou este com ele; ou ambos) por vias sensoriais ainda desconhecidas por nós, evidenciadas em situações especiais da nossa existência. Por tais razões, é importante termos o máximo de cuidado quando estivermos na presença    de alguém em circunstâncias semelhantes. Todos aqueles profissionais que cuidam de doentes terminais ou que estejam inconscientes, devem observar, criteriosamente, o que dizem e fazem diante deles, pois, podem estar captando o comportamento dos que lhe estão ao redor. Mesmo quando uma pessoa encontra-se desmaiada ou simplesmente dormindo; provavelmente terá alguma via sensorial de “plantão”, aberta para o mundo que a cerca; inclusive para a sua proteção; veja o resultado ao  picar  ou queimar,  de leve, alguém que dorme!

Pessoalmente, acompanhei três casos que corroboram o enunciado deste Trabalho e reforçam os milhares de experimentos de outros pesquisadores mais afamados, na área da Neuropsicologia. Nos três casos observados, ouvimos os relatos dos seus protagonistas que passaram pela situação crítica de terem sido, clinicamente, considerados mortos. Eles recobraram a consciência, depois de demorado estado de inconsciência, em coma profundo. O que nos contaram coincidiu não só entre si; mas também, com os relatos de milhares de outros pacientes que passaram por situação idêntica. Os três nos narraram que ouviam e viam o que médicos, enfermeiros e outros que estavam na sala, discutiam sobre os seus estados de saúde e tinham uma razoável apercepção dos acontecimentos que se desenrolavam ao seu redor. Contaram, ainda, que se entristeceram quando os atendentes não lhes davam atenção e, principalmente, quando aqueles falavam de assuntos frívolos,piadas e outros impropérios, alheios aos seus sofrimentos e angústias, diante de seus corpos inertes. Como exemplos reclamaram (sem poder ser ouvidos) quando os seus atendentes os tratavam com descuido, apressadamente, a fim de se “livrarem” deles para cuidarem de seus interesses particulares; discutiam sobre futebol, novelas e banalidades diversas. Um desses pacientes que analisamos, contou-nos que ficara extremamente angustiado ao ouvir os médicos darem-no como desenganado e se apavorou com a idéia de ser enterrado vivo. Ouviram comentários negativos de familiares e visitantes que diante de seus corpos, falaram da gravidade dos seus estados de saúde e alguns outros comentários que jamais deviam ser falados ao leito de um moribundo.

Este Trabalho foi realizado com a intenção que vai além da individualidade. Aos pais, principalmente às mães e seus filhos, seria aconselhável que dessem ouvidos aos seus pressentimentos, evitando determinadas atitudes, viagens, divertimentos, esportes radicais, etc., quando mal pressagiados!  O mais importante, entretanto, é alertar aqueles que assistem ou estejam diante de pessoas nessas circunstâncias extremas da vida. Médicos, Enfermeiros, psicólogos, atendentes, parentes, amigos e visitas devem se abstiver de fazerem quaisquer comentários que não sejam otimistas para o enfermo, mantendo-se numa conduta respeitosa e de esperança na sua recuperação; mesmo que ele tenha sido desenganado, e mesmo, tido como morto.  Comportar-se assim, é, antes de tudo, uma obrigação ética, um dever cristão e de humanidade.

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Belo Horizonte, verão de 1989;
Ouro Preto, verão de 2011.



CARLEIAL. Bernardino Mendonça.

Psicólogo-Clínico pela Universidade Católica de Minas Gerais;
Estudante de Direito da Universidade Estácio de Sá;
Escritor e Pesquisador nas áreas da Psicobiologia e do Direito.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

" O VOTO DOS INSENSATOS "

                        "O  VOTO  DOS  INSENSATOS"

O tempo está passando mais depressa e, em breve, a sociedade brasileira estará escolhendo, mais uma vez, os seus governantes e representantes. Esses cargos, os mais importantes  da Nação, têm tudo a ver com os nossos interesses mais imediatos e mediatos. Deputados, Governadores, Vereadores, Prefeitos, Senadores e Presidente da  República, interferem de forma direta nos nossos lares, no nosso dia-a-dia, no  presente e futuro dos nossos filhos e de todas as famílias e cidadãos que formam a Sociedade. Os cargos políticos mais simples servem de trampolim para os seus ocupantes alcançarem posições mais elevadas nas suas ambições e trajetórias políticas, não raro chegando à suprema magistratura da nação; que é o sonho de todos eles.

Os políticos que iremos   escolher e eleger, irão nos representar, governar, elaborar e decretar leis que beneficiarão ou prejudicarão a maioria da população, como por exemplo, mudando costumes, legislando para si, para a sua família e para os seus amigos e compadres; criando normas e promulgando impostos ao seu bel-prazer, de forma muitas vezes arbitrária e injusta, afetando a minguada economia doméstica das pessoas honestas. São eles os responsáveis diretos pela qualidade de nossa vida, como a educação, segurança, aplicação da justiça, saúde, transportes, saneamento básico, higiene, lazer, vias públicas e outras importantes necessidades sociais.

Para cumprirem tão relevantes serviços, é mister que os nossos representantes sejam escolhidos de forma consciente, séria e madura, para que não tornemos a nos frustrar e a lamentar, arrependendo-nos ( como já o fizemos tantas vezes), com a escolha infeliz  de políticos e governantes amorais e imorais que há séculos flagelam a nossa estremecida Pátria. Ninguém pode negar que as nossas escolhas eleitorais têm sido a causa de toda a nossa  miséria moral, material e social. Pelos políticos que temos, devemos olhar para o “alto”, bater no peito três vezes e exclamar constrangido: “Mea culpa, mea máxima culpa”. Dizia Platão que o governante deve ter em vista somente o bem público, jamais visar a si mesmo. É pouco provável que encontremos algum político ou candidato à altura deste preceito platônico. Apesar do baixo nível cultural, moral e mental de muitos candidatos, é obrigação de todo eleitor escolher, pelo menos os menos ruins.

É indispensável conhecermos a biografia dos candidatos, antes de concedermos-lhes a licença para nos representar. Quando, a cada pleito eleitoral elegemos oportunistas, desonestos, ignorantes e incompetentes, estamos deteriorando as nossas consciências, o futuro da nossa pátria, o porvir dos nossos filhos e o destino da própria sociedade. A irresponsabilidade dos eleitores é a causa maior da decadência moral, social, política e econômica que cronicamente maltrata o Brasil. Dezenas de novos candidatos atraídos pela cobiça do “melhor emprego do mundo”, e muitos outros velhos e conhecidos sanguessugas repetentes, constam em “listas sujas” que circulam, há muito, na Internet e em publicações oficiais ou não, com implicações na Justiça, processados por diversos crimes de maior ou menor gravidade. Muitos deles serão reeleitos e outros tantos serão eleitos pelo voto ignorante, pela curta memória e irresponsabilidade  de milhões de incautos brasileiros. O que podemos esperar e exigir de tais representantes?

Nas próximas Eleições, teremos mais uma chance de resgatarmos a nossa honra, nossa responsabilidade, nosso caráter e a nossa credibilidade, perdidas ao longo das muitas Eleições passadas. Votamos e elegemos contumazes espertalhões e notórios corruptos que fizeram da Política uma fonte eterna de enriquecimento ilícito próprio, familiar e dos amigos. Sob a proteção do manto da imunidade parlamentar eles garantiram o alvará e o direito ao crime sem castigo. É óbvio que não estamos nos referindo a todos os governantes e políticos; sabemos e conhecemos as honrosas exceções que não freqüentam as manchetes e as páginas criminais dos Jornais, Televisão e Revistas. Estamos nos constituindo em uma sociedade masoquista que tornou crônica a escolha  dos seus próprios algozes. Em verdade os nossos políticos estão longe de exibirem a envergadura moral e cívica de muitos políticos probos do passado. Estaremos a exigir demais dos atuais políticos e governantes se formos compará-los aos seus ilustres antecessores, do início da República. Entretanto, temos o direito de exigir deles um mínimo de decência, compostura e competência. Afinal, nós os colocamos nesses cargos para conduzirem os nossos destinos com zelo, decência, honestidade e competência; pagando-lhes altos salários e mordomias sem paralelo, além de muitas outras vantagens e estratagemas obscuros.

Isso já são um acinte e um atentado contra milhões de trabalhadores honestos que vivem no limiar da miséria material e cultural. Um país que ostenta os mais elevados níveis mundiais de pobreza, criminalidade, corrupção e ignorância; apresenta, por outro lado, os maiores gastos com os seus políticos e a sua politicagem. Bradam aos Céus as intermináveis filas para o atendimento médico público do INSS  e de seus conveniados, onde e quando milhões de pessoas carentes de recursos (e de futuro), idosos doentes, inválidos, deprimidos, revoltados e desnutridos, recebem como prêmio de uma vida inteira de trabalho honesto; a devolução minguada dos mais de trinta anos de contribuição previdenciária. Quanto do suor desses pobres miseráveis não é desviado para manter os imensos privilégios que irão gozar  muitos desses candidatos eleitoreiros que já estão “de olho” nas próximas Eleições! Evitaremos que os velhos e notórios corruptos de hoje continuem a nos surrupiar ou outros larápios, de hoje e de amanhã, retornem com os seus séquitos de vorazes vampiros do sangue da Nação? Vai depender de cada um de nós, com um pingo de consciência, honestidade e instrução primária.

É vergonhoso e desumano o contraste entre esses desafortunados brasileiros e os seus opulentos e peraltas “representantes”. “Cada povo tem o governo que merece”! Esta frase é antiga, conhecida por todos, e ninguém duvida que ela se aplique  à nossa sociedade. Se soubéssemos votar e escolhêssemos melhor os nossos candidatos, teríamos, hoje, uma sociedade mais rica, justa e competente. Falo muito em competência porque é ela que gera tecnologia, riqueza e trabalho. Não resta dúvida que a miséria social, moral, política e econômica que, cronicamente, nos atingem; são  frutos da nossa ignorância e irresponsabilidade social, por elegermos como representantes indivíduos ímprobos que desviam até as doações que recebemos de outros países e as parcas verbas  destinadas à merenda escolar de crianças famintas e dos miseráveis flagelados das secas e das enchentes. Os meios de comunicação estão aí, nos mostrando, diariamente, os atos imorais e impunes de muitos políticos dessa natureza. Sem falarmos das falcatruas que são acobertadas e não chegam ao conhecimento público. Mas, só o que vem à tona, é suficiente para nos causar o desabono e o descrédito na maioria desses representantes, eleitos por nós.

Não resta dúvida que ainda não aprendemos a escolher bem os nossos representantes. Votamos em qualquer indivíduo e, muitos deles, notórios desqualificados morais. Damos o nosso voto por gratidão em alguém que nos pagou uma cerveja, que nos deu um milheiro de telhas ou tijolos ou nos fez um favor qualquer; votamos em fulano que é parente, amigo de um conhecido, de um colega de trabalho, do vizinho ou companheiro de farra. Votamos em indivíduos que no ano eleitoral desfilam sorridentes pelos Mercados Municipais e Ruas, abraçando e beijando criancinhas pobres e suas raquíticas mães; candidato que aparece no balcão do boteco, dando tapinhas nas nossas costas, perguntando “interessado” pelas crianças (que, nem sempre  temos); elogiando  a nossa ”saúde” (que nem sempre temos) e muitas outras baboseiras pré-eleitorais. Prometemos votar em alguém que nunca ouvimos falar e que nos “empurra” um “santinho”, em cujo verso está estampada a sua foto, que às vezes  mais se parece com um marginal que  propriamente um candidato a um cargo de tamanha importância para a Sociedade. Votamos ainda, em Partidos, sem nos preocuparmos com a idoneidade moral e psíquica dos candidatos que eles nos oferecem. Praticamos, ainda, um crime social, quando, na última hora, na “boca da urna”, aparecem oportunistas (“cabos eleitorais”) forçando o voto da gente humilde e ignorante da periferia e nas cidades do Interior. Continuamos a votar pela beleza física, erudição, riqueza e carisma de certos candidatos que não servem nem para serem eleitores, quiçá para  representantes sérios e honestos.

Persistimos em vender e barganhar o nosso voto, elegendo até psicopatas. Quem conhece o comportamento de muitos políticos em pequenas cidades interioranas, verifica a trajetória perversa de alguns desses indivíduos para alcançarem os privilégios, proteção  e as facilidades desonestas que decorrem da  fama e do poder. São nesses pequenos “currais eleitorais” que nascem e nasceram muitos vultos nacionais. São nesses recantos humildes, distantes e esquecidos que os demagogos e desonestos, explorando a boa-fé e a ignorância dos humildes, iniciam a escalada para atingirem os cargos mais elevados da República, quando então, livremente poderão legislar em causa própria, usufruindo com os seus familiares e amigos, da parca riqueza nacional que  eles não contribuíram. O desrespeito à sociedade é tão grande que virou moda aqueles que são eleitos, nomearem seus amigos e correligionários que foram derrotados nas urnas, alojando-os em importantes cargos públicos, onde irão se locupletar das finanças públicas. Pelos péssimos exemplos que dão à população (principalmente aos incultos, imaturos e aos marginalizados), é que entendemos os principais motivos da nossa decadência moral, social e econômica.

Políticos eleitos, dessa forma irresponsáveis, sentem-se descompromissados de seus eleitores e com o social; já que foram eleitos à revelia da vontade honesta popular. Alguns deles, derrotados pelos votos  e recompensados por  seus correligionários eleitos podem sentir rancor do povo que não os elegeu e, assim, praticar toda sorte de manobras desonestas e prejudiciais, nas funções públicas que lhes foram presenteadas. É por tudo isso, bem como, por outros fatos escandalosos que se passam nos bastidores da política é que somos uma Nação rica com um povo miserável. Ainda se tem a ousadia e heresia de dizer-se que “Deus é brasileiro”!  Se o Criador já foi um dia brasileiro; há muito que Ele  já devolveu esta cidadania, envergonhado do povo que aqui colocou como diz aquela velha piada do japonês que foi reclamar de Deus por ser o Japão um país tão pequeno e acidentado.  Novamente começam a surgir os candidatos com as mesmas promessas não cumpridas de sempre; a mesma demagogia eleitoreira que, embora se repita há séculos, continua enganando grande parte da população, alienada  pela pobreza material, cultural e mental.

Muitos deles serão eleitos e irão governar ou desgovernar as nossas Cidades, nossos Estados e o nosso País. Perpetuarão o  círculo vicioso da miséria material, moral e mental que nos açoita, impiedosamente, desde o Império. Todos eles voltarão a acenar com os velhos e desgastados chavões demagógicos como: “povo”, “massa”, “operariado”, “menos afortunados”, “preservação ecológica”, “menor abandonado”, “democracia”, “autoritarismo”, “marginalizados”,”entulho autoritário”, “liberdade” e muitos outros muito bem decorados. Exibirão suas faces sorridentes e angelicais em cartazes, calendários, “santinhos” e na televisão. Picharão as calçadas, muros, passeios, postes e árvores com os seus falsos perfis e ideologias. Novamente vamos vê-los e ouvi-los trocando acusações mútuas (algumas vezes combinado), em que cada um tentará provar-nos que o concorrente é mais corrupto. Todos eles procurarão ostentar aquela auréola que costuma cingir as cabeças dos anjos, santos e mártires. Neste ano eleitoreiro, muitos políticos procurarão valorizar e moralizar a sua profissão, criando “Sindicâncias” e “Comissões” para simularem a apuração dos seus próprios crimes. Os governantes, nesta época, se tornam bons e piedosos, acelerando e inaugurando  obras inacabadas de seu início de governo; financiando tudo para os pobres, desde radinhos de pilha até conjuntos habitacionais; dando aumento aos assalariados (que antes alegavam não ter “caixa” para dar), destinando verbas para tudo e para todos; “segurando” os preços de produtos essenciais (para depois majorarem absurdamente), reduzindo impostos, anistiando caloteiros, etc., etc.

Finalmente, é bom lembrar que a nossa vida, o bem-estar de todos nós e o destino dos nossos filhos irão depender da  escolha que fizermos nessas próximas eleições de  outubro. Jamais se esquecer de observar a vida pregressa de todos os candidatos que aí estão. Não dê o seu voto a nenhum deles que esteve ou esteja envolvido em qualquer tipo de crime.

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Carleial. Bernardino Mendonça;
Belo Horizonte – MG.
Perfil do Autor:
Psicólogo-Clínico pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais;
Estudante de direito da Universidade Estácio de Sá;
Escritor e Pesquisador na área da Psicobiologia e do direito.

" PERCEPÇÃO EXTRA-SENSORIAL" E "SEXTO SENTIDO"

                   “PERCEPÇÃO  EXTRA-SENSORIAL”  E  “SEXTO SENTIDO”



Muitos de nós conhecemos a forma de o nosso cérebro captar as informações do meio ambiente para o seu interior, a fim de criar e manter a nossa extraordinária vida mental. É por meio dos cinco sentidos: visão, audição, gustação, olfação e tato, que logramos conhecer o nosso mundo exterior e as condições internas do nosso organismo. Deste modo, o sentido da vida animal, principalmente dos humanos, depende das informações que colhemos,armazenamos e conservamos dentro do cérebro; ainda que, no começo da nossa vida, alguns desses conhecimentos e comportamentos são geneticamente adquiridos; como: o automatismo de certos reflexos infantis.

Esta é a forma convencional de o cérebro receber os dados do mundo externo e usá-los da melhor forma possível para adequar à vida o seu portador. Essas informações do meio externo, captadas pelos órgãos dos sentidos, são canalizadas para o sistema nervoso central, em forma de impulsos eletroquímicos, codificados de acordo com as características peculiares de cada estímulo. Chegando ao cérebro, esses impulsos são decodificados e armazenados em locais geneticamente programados, ainda não inteiramente conhecidos; embora já se tenha evidências capazes de logo conhecermos melhor, as formas de gravarmos e retermos os traços de memória, de criarmos os pensamentos, elaborarmos as idéias, etc.  Quando isto acontecer,creio que ficará mais esclarecido o mistério que cerca a mente e, por certo, a fronteira entre o físico e o mental tornar-se-á mais tênua. Desta maneira, é fácil de se ver que o viver inadequado, individual ou social, é conseqüência de um cérebro com pouco conhecimento, escassa cultura e reduzido saber, gravados em seus neurônios e, conseqüentemente, sem condições de criar uma Mente rica, sadia, positiva e útil a si e aos demais.

As exceções dessa pobreza mental que leva a uma vida inadequada e infeliz ficam por conta das deficiências cerebrais genéticas, congênitas, adquiridas ou traumáticas. Mas, é provável que o cérebro possua outras formas de captar os estímulos ambientais, além dos cinco sentidos já conhecidos e citados. Há muito se especula sobre a possível  existência de outros modos de recebermos informações do meio ambiente. Um “Sexto Sentido” vem sendo imaginado por alguns, principalmente por escritores de ficção. Muitas pesquisas foram realizadas a fim de se comprovar a veracidade dessa hipótese, especialmente por estudiosos da Parapsicologia, ramo do conhecimento que se dedica aos fenômenos considerados, ainda, extraordinários. Mas, não é somente a Parapsicologia que estuda tão intrigante assunto. A “Ciência Oficial”, principalmente a Psicologia, vem envidando esforços nesse sentido e os relatos Psicobiológicos sobre as percepções “paranormais” têm se acumulado nos últimos anos.

Em pesquisas mais recentes, as evidências de novas fronteiras perceptivas estão sendo consideradas sob o rigor físico experimental. Nos EUA, há poucos anos, os fenômenos relacionados com o “Estado de Morte Aparente” (EMA), têm sido estudados com muito interesse por pesquisadores da Psicologia e da Medicina, encontrando-se alguns indícios sólidos de que possuímos a capacidade de captarmos e pressentirmos acontecimentos do meio físico, além dos cinco modos naturais que conhecemos. Ouvindo históricos de uma dezena de pessoas, verificamos que o fenômeno da “percepção extra-sensorial” encontra-se mais presente em Mães, nos acontecimentos relacionados com filhos ausentes, doentes, atravessando dificuldades ou passando por perigos iminentes. Este sentimento, condição e pressentimentos maternos, devem-se à grande ligação física, emocional e mental existente, por ter sido ele, o fruto do seu ventre. Embora essa capacidade perceptiva seja mais natural e evidente na mente materna; ela, também está presente, em menor intensidade, nos pais, amigos, parentes e nos verdadeiros amantes, naqueles onde o Amor autêntico reside, de fato. A percepção extra-sensorial ou o sexto sentido é quase exclusivo nas mulheres, pelo motivo óbvio de que somente elas são capazes de gerar filhos (embora, não irá nos assustar se brevemente, alguns homens se engravidarem). Se, de fato, temos mais essa capacidade perceptiva, pouco ou nada explorada nas condições normais da nossa vida; então, descortina-se um rico potencial de novos conhecimentos ...e poderes.  

Exercitar e poder usar novas percepções sensoriais, fazem-nos acenar com uma imensa possibilidade de melhorarmos os relacionamentos sociais e inúmeros outros benefícios práticos. A “extra-sensibilidade” tem sido verificada com maior intensidade nos estados alterados da consciência, como por exemplo, no “estado de coma”. Alguns históricos de fatos desta natureza foram relatados por profissionais que atuam no campo cirúrgico,quando os pacientes estiveram em coma, ou foram declarados, clinicamente mortos. Esses pacientes, ao “ressuscitarem”, fizeram declarações posteriores sobre o que lhes tinham acontecido durante o tempo em que estavam inconscientes, naqueles momentos mais dramáticos de suas existências. Suas estórias guardam evidentes semelhanças entre si; e são impressionantes no que tange a fatos ainda pouco conhecidos pela Ciência; bem como, pelo mistério que sempre envolveu esses estados de “ausência” e de obnubilação da consciência. As obras escritas sobre o EMA (Estado de Morte Aparente) provocaram grande polêmica nos meios científicos e leigos. De modo geral, há muita descrença entre os primeiros, porque as conclusões dos autores daquelas obras apoiaram-se em relatos obtidos dos próprios pacientes. Estes poderiam ter feito suas narrações de acordo com as suas crenças, religião e expectativas de vida e de morte. As estórias desses pacientes que relatavam, dentre outras coisas, o encontro com os seus entes queridos já falecidos; poderiam ser apenas, a manifestação alucinatória do grande desejo deles de reverem aqueles que tanto amaram (e amam).

Quem não gostaria de ter, novamente, em sua companhia, as pessoas que nos foram tão caras e amadas, como os nossos pais, irmãos, esposos e os amigos verdadeiros?  O cérebro, nos momentos extremos da vida e em situações fisiológicas graves, pode tornar accessível à mente, o seu vasto estoque de memória, proporcionando a ela a criação instantânea de imagens, sons, odores e outras percepções anteriormente assimiladas. Além disto, as secreções de substâncias químicas especiais pelos neurônios em agonia podem parecer factíveis as manifestações vívidas de seus anseios afetivos mais acalentados. Mas isso, o cérebro e a mente já fazem! Existe comprovação científica desses fatores neuropsicológicos. Entretanto, um caso relatado por um desses doentes críticos, acompanhado por pesquisadores meticulosos, deu margem a outros debates sobre uma provável “percepção extra-sensorial”. Nesse relato, o paciente ao retornar de sua “morte”, contou que havia estado com os seus parentes falecidos e, entre eles, estava um irmão seu, até então vivo e com saúde, antes daquele paciente ser internado no hospital. Acontece que, enquanto ele estava inconsciente,em estado de coma, o irmão falecia em um acidente de trânsito. O paciente não soubera de maneira alguma que o irmão havia morrido naqueles dias. Se ele não foi informado da morte do irmão, não poderia ter qualquer gravação em seu cérebro, relacionada ao acidente que o vitimou, enquanto ele estava hospitalizado e em coma. Como não tinha qualquer informação e gravação do fato, como poderia a sua mente criar uma fantasia, como argumentaram alguns, sobre um acontecimento que nem de leve passara por seu “estoque” de memória?

Isso deu muito que falar; pois é evidente que ninguém pode pensar, raciocinar, fantasiar ou mesmo sonhar com acontecimentos cujos traços não passaram pelo SNC (Sistema Nervoso Central), principalmente fatos dessa natureza! O paciente em foco comunicara-se com o irmão (ou este com ele; ou ambos) por vias sensoriais ainda desconhecidas por nós, evidenciadas em situações especiais da nossa existência. Por tais razões, é importante termos o máximo de cuidado quando estivermos na presença    de alguém em circunstâncias semelhantes. Todos aqueles profissionais que cuidam de doentes terminais ou que estejam inconscientes, devem observar, criteriosamente, o que dizem e fazem diante deles, pois, podem estar captando o comportamento dos que lhe estão ao redor. Mesmo quando uma pessoa encontra-se desmaiada ou simplesmente dormindo; provavelmente terá alguma via sensorial de “plantão”, aberta para o mundo que a cerca; inclusive para a sua proteção; veja o resultado ao  picar  ou queimar,  de leve, alguém que dorme!

Pessoalmente, acompanhei três casos que corroboram o enunciado deste Trabalho e reforçam os milhares de experimentos de outros pesquisadores mais afamados, na área da Neuropsicologia. Nos três casos observados, ouvimos os relatos dos seus protagonistas que passaram pela situação crítica de terem sido, clinicamente, considerados mortos. Eles recobraram a consciência, depois de demorado estado de inconsciência, em coma profundo. O que nos contaram coincidiu não só entre si; mas também, com os relatos de milhares de outros pacientes que passaram por situação idêntica. Os três nos narraram que ouviam e viam o que médicos, enfermeiros e outros que estavam na sala, discutiam sobre os seus estados de saúde e tinham uma razoável apercepção dos acontecimentos que se desenrolavam ao seu redor. Contaram, ainda, que se entristeceram quando os atendentes não lhes davam atenção e, principalmente, quando aqueles falavam de assuntos frívolos,piadas e outros impropérios, alheios aos seus sofrimentos e angústias, diante de seus corpos inertes. Como exemplos reclamaram (sem poder ser ouvidos) quando os seus atendentes os tratavam com descuido, apressadamente, a fim de se “livrarem” deles para cuidarem de seus interesses particulares; discutiam sobre futebol, novelas e banalidades diversas. Um desses pacientes que analisamos, contou-nos que ficara extremamente angustiado ao ouvir os médicos darem-no como desenganado e se apavorou com a idéia de ser enterrado vivo. Ouviram comentários negativos de familiares e visitantes que diante de seus corpos, falaram da gravidade dos seus estados de saúde e alguns outros comentários que jamais deviam ser falados ao leito de um moribundo.

Este Trabalho foi realizado com a intenção que vai além da individualidade. Aos pais, principalmente às mães e seus filhos, seria aconselhável que dessem ouvidos aos seus pressentimentos, evitando determinadas atitudes, viagens, divertimentos, esportes radicais, etc., quando mal pressagiados!  O mais importante, entretanto, é alertar aqueles que assistem ou estejam diante de pessoas nessas circunstâncias extremas da vida. Médicos, Enfermeiros, psicólogos, atendentes, parentes, amigos e visitas devem se abstiver de fazerem quaisquer comentários que não sejam otimistas para o enfermo, mantendo-se numa conduta respeitosa e de esperança na sua recuperação; mesmo que ele tenha sido desenganado, e mesmo, tido como morto.  Comportar-se assim, é, antes de tudo, uma obrigação ética, um dever cristão e de humanidade.

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Belo Horizonte, verão de 1989;
Ouro Preto, verão de 2011.



CARLEIAL. Bernardino Mendonça.

Psicólogo-Clínico pela Universidade Católica de Minas Gerais;
Estudante de Direito da Universidade Estácio de Sá;
Escritor e Pesquisador nas áreas da Psicobiologia e do Direito.

domingo, 3 de julho de 2011

" A OPINIÃO PESSOAL" E " A OPINIÃO PÚBLICA"



              “A OPINIÃO PESSOAL”  E  “A OPINIÃO  PÚBLICA”


Antes de comentarmos este importante assunto, convém lembrar os significados dos termos “Opinião Pessoal” e “Opinião Pública”.  A opinião pública é o somatório das opiniões pessoais de todos, quase todos, da maioria ou da minoria dos cidadãos que compõem uma sociedade. Assim, opinião pública é o que dizem,pensam e leva a agir (ou, não)  conjuntos de pessoas nesta, nessa ou naquela determinada Sociedade.  A grosso modo, temos “opinião pública” de um grupo de pessoas (como o de determinados profissionais), de uma rua, de um quarteirão, de uma quadra, de um bairro, de uma cidade, de uma zona metropolitana, de uma zona rural, de um estado, de uma região, de um país, de um continente e do  mundo.

Acredito que estes exemplos são suficientes para se ter uma idéia do poder e alcance da “Opinião Pública”. Ela se torna mais poderosa e efetiva quando se transforma em “Clamor Público” que pode forçar e levar às mudanças profundas na Sociedade. Já vimos isso no passado e, agora, as presenciamos em muitos países orientais; derrubando impérios, reinados seculares, governantes déspotas, políticos desonestos e demais tipos de corruptos. Vemos, pois; que a “Opinião Pública” pode gerar o  “Clamor Público”  e causar alterações profundas na vida das pessoas e no todo Social.

Assim, pode-se perceber  que uma determinada opinião pública pode ser construtiva ou destrutiva; positiva ou negativa para esta, essa ou aquelaloutra  Sociedade. Um exemplo de opinião pública mundial e positiva foi a que gerou o clamor positivo que derrubou o “Muro de Berlim”, levando à unificação da Alemanha, na década de 90. Quanto à opinião pública negativa, o melhor exemplo é a que levou à condenação e morte de Jesus; contrariando o desejo do governador Pôncio Pilatos que queria libertá-Lo.

Porém, temos um grande  e grave problema a resolver, se quisermos formar uma opinião pública consciente e positiva  no Brasil e em todas as sociedade em que a maioria das pessoas não tem conhecimento,cultura e saber; suficientes para a formação de uma consciência madura e inteligente.  Os poucos Países que ainda não foram, totalmente, derrotados pela contracultura moykana, como por exemplo, a Suécia; onde os deputados nada ganham para legislarem, vivem de seus rendimentos privados e se orgulham por trabalharem  graciosamente por seus cidadãos.  Lá, a opinião pública é forte e atuante porque a maioria do povo sueco é culta e dedicada aos Estudos e à Leitura.  Desta forma, como a “Opinião Pública” é formada pelo conjunto de opiniões individuais ou pessoais e que, a maioria de nós, nem conhece a Língua Pátria, pois estamos nos comunicando, apenas, por meio de, mais ou menos, 7 (sete) palavras vazias, pobres e chulas; 3(três) frases repetitivas e muitos palavrões pouco recomendáveis para quem tem mais de 50 anos ou portadores de alguma síndrome estomacal.

As palavras mais usadas pela maioria para comunicarem a “cultura” nacional vigente, principalmente pelos “veios” mais novos, são: “valeu”, “beleza”,”cara”, “jóia”, “legal”, “vei” (no lugar de “velho”,creio eu) e “mano”. As frases campeães em repetição são: “com certeza”, “de repente” e “ ninguém merece”. Estas, quase sempre significando o contrário do que pensam os que a repetem. Coincidentemente (e, o que é pior!), são as mesmas palavras usadas por detentos das penitenciárias norte-americanas, notadamente entre aqueles de alta periculosidade que aguardam ansiosos a injeção letal. Penso que essa coincidência não deve ser muito lisonjeira  ou salutar para nós e  demonstra que estamos “lascados”, ”perdidos” e “fritos” em gordura trans, quanto ao nosso incerto e pouco promissor futuro.

Como podemos atuar na sociedade, de forma positiva e construtiva se a maioria formadora da “Opinião Pública” se encontra em deploráveis condições intelectuais, culturais, materiais, psíquicas e somáticas? Como podemos reivindicar algo que desconhecemos? Por exemplo: que opinião pública poderá se opor à construção de novas usinas nucleares em nosso País? E, se alguma já existente vazar  material radiativo! Com exceção de alguns poucos especialistas, quais do povo irão formar oposição contra tão grave fato? E a atual e crescente contaminação atmosférica com o CO2, causada pelos milhões de veículos e chaminés de indústrias poderosas nacionais e internacionais! Devemos esperar combater esses crimes ecológicos através do “clamor público” da nossa festiva e despreocupada moçada, incluindo os moykanos, que se divertem incendiando pobres índios solitários, e mendigos sonolentos nas noites frias (ou quentes) das nossas cidades e que matam com tiros, facadas e pauladas outros moykanos de tribos rivais? Será que virá deles a nossa salvação? O inculto, o alienado, o ignorante e o imaturo não têm opinião própria, pois seguem os rastros de uns poucos espertos e aproveitadores que os condicionam ao modismo, ao consumismo, às bebidas, às drogas, ao sexismo e à permissividade e promiscuidade generalizadas. Como poderemos formar uma opinião pública consciente, inteligente, criativa, forte e responsável; com pessoas alienadas que nem o idioma nativo sabem falar!

Por tudo isso e mais outras é que a sociedade brasileira necessita tanto de uma “Opinião Pública” forte, consciente, esclarecida e atuante. Forte que seja capaz de enfrentar os descalabros políticos e administrativos, bem como, as inúmeras ameaças psicológicas, físicas e econômicas que nos afligem os maus governantes, os comerciantes inescrupulosos, as autoridades incompetentes, desonestas e arbitrárias, além da bandidagem que nos atormenta no dia-a-dia, tornando a nossa vivência mais angustiante, sofrida e curta neste “vale de lágrimas”(mais lágrimas que Vale). Precisamos, urgentemente, de uma opinião pública atuante, capaz de arregimentar-se no momento preciso, com a rapidez proporcional às ameaças sentidas e pressentidas. Ameaças estas que nos vem por todos os lados, dos pilantras mais endinheirados aos assaltantes “pés-de-chinelo” que furtam pirulitos de criancinhas; passando pelos milhões de moykanos que agridem com paus e pedras o que vêem pela frente, sem falarmos dos inúmeros outros  tipos de agressões que nos amedrontam diariamente.

As iniciativas de formação de uma “Consciência Nacional” com o objetivo de proteger o cidadão têm sido tentadas há muito, porém de formas tímidas, isoladas e fracionadas; sendo, por isso, frágeis e incapazes de se oporem à ganância especulativa dos capitalistas vorazes, dos políticos, governantes e autoridades corruptas; além de muitos outros problemas crônicos que, historicamente, nos atingem, como a corrupção, incompetência e omissão de muitos (i)responsáveis pelo destino e o viver da população. Não esqueçamos o esforço e a boa vontade de algumas associações de consumidores que, com muita abnegação e competência, nos defendem dos maus empresários. Sempre fomos omissos e incapazes de exigirmos providências contra a impunidade que caracteriza os autores de crimes que corroem a nossa economia, a nossa saúde, o meio ambiente e a nossa segurança física.

Estamos, há séculos, dormindo em “berço esplêndido”  ( não mais tão esplêndido), divididos  e fracionados para exigirmos o que temos direito. Nós, cidadãos produtivos, honestos e contribuintes, permitimos que os maus invertessem a ordem natural das coisas. Paradoxalmente, são os desonestos, os improdutivos, os parasitas e os degenerados que estão a receber prêmios, medalhas de honra e benesses!  Porque deixamos  chegar a tal ponto? Porque nos omitimos por medo, fraqueza e sentimento de impotência para reivindicarmos as nossas mais justas pretensões e  porque as nossas mentes não estão solidárias e coesas para os mesmos objetivos sociais. Olhamos somente para os nossos próprios umbigos e os umbigos  dos outros,principalmente agora, assistindo a essa monumental exibição de umbigos a desfilarem desinibidos pelas ruas e em todos os cantos e recantos do nosso País(vide o Artigo: “A Dança dos Umbigos”, do mesmo autor). Como é de costume, ficamos a esperar que os “outros” tomem as providências para a resolução dos problemas sociais, esquecendo que cada um é o “outro” do “outro”; e, assim, nada de concreto se faz.  Ao contrário, os delinqüentes e espertalhões aglutinam forças em organizações e quadrilhas bem articuladas e em “lobbies”, a fim de exercerem pressões contra quaisquer ameaças aos seus fabulosos lucros e em outros interesses contrários à população. Nós, pobres e indefesos cidadãos, pensamos isoladamente e, quando muito, lutamos individualmente pelo nosso escasso direito de viver. É o “salve-se quem puder”, entulhando o Judiciário de Ações de disputas e querelas pessoais que, progressiva e geometricamente, sobrecarregam os magistrados que deveriam ficar mais voltados para as importantes missões sociais.  Por tais razões, poucos de nós se salvam, enquanto muitos degenerados nos atormentam diária e impunemente nas ruas e os gatunos se eternizam no poder e na riqueza fácil, garantidos por nossa subserviência material, mental e moral.

Um bom exemplo da crônica omissão dos Bons, frente à ofensiva dos Maus é a nossa tolerância diante do imenso e crescente festival de barulho e de asneiras que invadiu as cidades brasileiras, desde as mais humildes às grandes capitais. Em qualquer lugar que se vá, somos obrigados a ver e ouvir os berros e os urros da rapaziada festiva se divertindo e se exibindo com os seus inúmeros “berros-falantes” instalados em seus carros ricos ou pobres que vociferam os seus lixos sonoros, no mais alto e “mau-som”. Ninguém faz nada para impedir o avanço dessa delinqüência sonora que, além de causar uma surdez epidêmica, está alimentando e disseminando a estupidez nacional. Sobre este assunto, o autor o expõe e o analisa em detalhes no Artigo “ O Império do Barulho”, já conhecido e divulgado em diversos Sites.  Estão omissos os bons cidadãos; aqueles que são cristãos, trabalham honestamente  e pagam os impostos devidos e indevidos. Se continuarmos calados, inconscientes e medrosos; dentro em breve veremos a vitória total do MAL e o triste velório do BEM. Assistiremos à prevalência das opiniões de malfeitores e degenerados de toda espécie, a comandarem o nosso destino, com a implantação de costumes, normas e leis esdrúxulas, nocivas e prejudiciais às pessoas que ainda preservam os Bons Costumes, que são a honra, a honestidade, o humanismo, o patriotismo e o respeito social.

Uma autêntica “Opinião Pública” tem as suas bases no amadurecimento político, na conscientização de cada cidadão, através da Cultura adquirida pela prática  do Conhecimento construtivo e pela leitura útil e positiva. E quem quer saber disto hoje? Quais moykanos, com algumas exceções, que se interessam por outras coisas que não o prazer imediato do “aqui-e-agora”, do sexismo, dos variados tipos de vícios e do exibicionismo estético e material? Não são somente os “tribais” e os das “galeras” que se encontram à deriva nos mares revoltos da abissal ignorância em que se afundam e nos levam juntos, sem qualquer tábua ou balsa de salvação à vista. A maioria dos nossos,  não estuda,não quer saber de estudo e odeia quem estuda . O que se deve esperar de tantos alienados? Pior, essa alienação é mundial, crescente e sem perspectiva de estanque! Qual governante e político de países de segundo, terceiro e quintos mundos que têm interesse em educar e cultivar, positivamente, as suas populações?

Repetindo, a opinião pública, isto é, a opinião geral de uma sociedade, tornada pública, é resultante do modo de pensar das pessoas que constituem essa mesma sociedade; sendo o somatório da vontade e dos anseios individuais para uma vida melhor para todos. Ao contrário do “todos por um e um por todos”, vigora entre nós o “cada um por si e ninguém (ou quase ninguém) por todos”. Assim, vivemos ao sabor de interesses de espertalhões e degenerados que conseguem dominar e se aproveitar da maioria inerte, frágil, covarde, inculta e omissa. Esperamos que  o outro, ou alguém, tome as iniciativas que cabe a cada um tomar, na preservação de sua própria cidadania.Enquanto esperamos que o outro fale, reclame ou lute por nós; ele espera,também, que façamos o mesmo por ele. E, assim, ninguém faz nada pelo social e quase nada por si; com exceção das minorias que detém o poder político, econômico e social.  Estas se organizam com ênfase, garantindo e solidificando o poder e o controle sobre os demais que pouco reclamam  ou agem em sua defesa. Isto fica bem evidenciado no comportamento das grandes corporações industriais, agropecuárias, comerciais e políticas que usam e abusam da população, manipulando sem o mínimo pudor e humanismo as nossas necessidades mais básicas, como a alimentação, a saúde e a segurança.

Muitos indivíduos e empresas, aproveitando-se da nossa inconsciência individual e coletiva (esta, depende da primeira), da tolerância irresponsável e conivente de governantes e políticos amorais e imorais; auferem lucros astronômicos, em meio às crises econômicas que, de  vez em quando, assolam o País. Algumas delas, internacionais, exploram a população há décadas e quando solicitadas a abrirem mão de uma pequena parcela desses lucros, frente às dificuldades das populações locais, ameaçam com o boicote de seus produtos, alguns deles essenciais à sobrevivência de grande número de pessoas, como gêneros alimentícios, remédios e outros produzidos e monopolizados por elas. Quando enfrentam determinações legais, burlam as leis, lesam os interesses e a saúde de todos, não raro, desrespeitando e ameaçando abertamente as impotentes autoridades que, desmoralizadas por sua própria incompetência e conduta moral, voltam atrás e se submetem aos caprichos e interesses econômicos ou políticos. Já vimos exemplos demais de tais desmandos e nada fizemos para contê-los. Tudo temos suportado, covardemente, porque não temos a força de uma “Opinião Pública” verdadeira, forte e consciente, capaz de enfrentá-los, atingindo-os em seu ponto mais vulnerável: suas vendas!  Se nos organizássemos, não ficaríamos sujeitos à ganância e aos seus interesses, nem sempre angélicos. Teríamos a força necessária para enfrentrá-los, mostrando-lhes que a nossa dependência em comprar os seus produtos é proporcional à deles, em nos vender os mesmos. Não há empresa sem consumidores; assim, como não se pode consumir sem a existência de produtores. Somos dependentes um do outro.

Os políticos são eleitos e dependem do nosso voto para sobreviverem; assim como necessitamos deles para mantermos a governança; e, por não sabermos votar, não temos governança competente. Podemos e devemos boicotar produtos, serviços, governantes e políticos nocivos, desonestos e perversos. É preciso uma consciência nacional culta, madura e  atuante para a prática social da própria sobrevivência pessoal e coletiva. Por que continuar usando serviços e comprando mercadorias adulteradas; votar em políticos criminosos, corruptos e incompetentes? Por que não se organizar em associações e grupos comunitários para exigir que o Poder Público se empenhe na caça aos bandidos ricos e a Justiça puna os marginais poderosos? Afinal, eles não estão aí para servir à comunidade?  O  que se vê no Brasil é uma imensa  falta de caráter que nos condiciona  à desonestidade generalizada. De tanto vermos a imoralidade  e a amoralidade daqueles que deveriam ser exemplos de integridade e caráter; estamos nos tornando corruptos contumazes. Não é só aqui que o Mal  prevaleceu sobre o Bem ; é um fenômeno mundial maligno e inevitável. Se perguntarmos a qualquer pessoa sobre o que faria se achasse na rua algo valioso, como dinheiro; quase todos responderão que ficarão com o que não lhes pertencem. Tal pergunta e a mesma resposta, nós já a fizemos, e  a obtivemos em muitas pesquisas locais. Raríssimas foram aquelas que responderam com caráter e honestidade que devolveriam aquilo que acharam e não lhes pertence. Assim, desgraçadamente, o Mundo se corrompeu em todos os sentidos e o Mal venceu o Bem. Desse modo, se aceitamos a Teoria da Evolução de Darwin, estamos geneticamente  imorais e amorais; exemplos de imoralidade e amoralidade no mundo, é o que temos com muita fartura.

Não temos é criatividade e, tampouco, a iniciativa de mudarmos os nossos hábitos negativos, como o da alimentação, por exemplo. Neste caso, poderíamos criar associações e movimentos municipais, estaduais e nacionais; solidários e coesos, numa força poderosa com o firme propósito de se rechaçar a ganância dos especuladores a improbidade dos políticos, governantes e autoridades desonestas. Poder-se-ia engajar a maior parte da população brasileira em uma imensa Confederação de Contribuintes para dar um basta à violência, à degeneração dos costumes, à corrupção política, governamental, comercial, industrial e de qualquer indivíduo que  desobedeça as regras sociais de convivência harmônica, honesta e salutar para todos. Quando o preço de um produto subisse especulativamente, os consumidores boicotariam, por tempo determinado, aquele produto. Uma denúncia de fraude no peso ou na qualidade da mercadoria, esta seria prontamente rejeitada pelos consumidores, até que o vendedor ou produtor remarque o seu preço. Alimentos contaminados teriam como punição para os responsáveis o boicote total de todos os produtos daquele fabricante. Ninguém iria morrer por deixar de consumir, por algum tempo, leite, carne, enlatados, embutidos, óleos, refrigerantes, etc. Muito pelo contrário, poderia haver até um grande “surto” de saúde na população; pois muitos deles são, notoriamente, prejudiciais ao nosso organismo. Não há exagero na afirmação, considerando-se que se pode substituí-los por outros alimentos mais naturais e menos tóxicos, usando-se a criatividade de receitas alternativas.

A cobiça desenfreada de muitos empresários seria contida com a simples providência de se rejeitar os seus produtos. Não só com o consumo de bens; mas, também, o consumo de muitos programas de televisão que, em grande parte, são os causadores da falência da família, no mundo inteiro. Os pais que ainda tem alguma consciência do Bem ( os inconscientes já perderam-na), devem boicotar  todos os programas que deterioram a personalidade  e comprometem a saúde física e mental de seus filhos; bem como o bem-estar da própria Civilização, já em franca deterioração. Desligar os seus aparelhos de televisão, boicotando essas emissoras que  se utilizando de uma concessão PÚBLICA, concedida obsequiosamente por governantes e políticos inescrupulosos, em nosso nome e sob a irresponsabilidade, incompetência e cegueira de autoridades que deveriam zelar pela moral pública, invadiram e invadem os nossos lares, corrompendo a tudo e a todos com programas de baixíssimo nível mental, ensinando e condicionando ao crime e às perversões de toda natureza. A repetição desse lixo televisivo, durantes décadas, sem qualquer oposição das famílias, do Governo e das autoridades, condicionou milhões de indivíduos imaturos que estão por toda a parte, drogando-se, agredindo, “sexando”, ”ficando”, “bestando”, alienados, alcoolizados,fumando,pichando e sujando os bens públicos e particulares que encontram pela frente; roubando,furtando e nos matando.

Desligando suas televisões e boicotando as Emissoras; as famílias prestariam  um grande bem a Humanidade e a si mesmas, restaurando o que sobrou dos laços familiares, destroçadas que foram pelo condicionamento nocivo e negativo de inúmeros programas de TV, principalmente de  novelas que retratam,expõem e ensinam diferentes  espécies de degeneração e degradação às crianças e a todos imaturos que a assistem; são verdadeiras Escolas de Criminalidade. O boicote e a rejeição serão as grandes armas da população consciente e participativa nos problemas comuns. Isso só será possível, repetimos, por meio da estruturação de uma sólida e autêntica “Consciência Nacional”, visando à oposição e à  resistência a todos aqueles que são nocivos à sociedade. Os interesses escusos de alguns políticos, governantes, autoridades, comerciantes, industriais e de quaisquer outros vigaristas, não poderão mais continuar incólumes, aviltando a nossa economia, a nossa saúde e a nossa dignidade. Não devemos e não podemos mais continuar omissos sob o jugo daqueles que tornam a vida de cada um de nós mais sofrida, infeliz e mais curta. Lutemos com a mente e com a inteligência; elas são mais fortes que os músculos. Elas são, também, as mesmas armas utilizadas pelos detentores do poder e da riqueza para dominarem, explorarem  e  sacrificarem os povos mais pobres e incultos, desde o começo da civilização. A mente inteligente e consciente supera qualquer obstáculo. Boicotemos a tudo e a todos que nos causam danos físicos, mentais, econômicos e morais. Imitemos os povos mais cultos, inteligentes e conscientes que vão às ruas protestar e reivindicar os seus direitos com bravura e destemor. O difícil é fazer isso aqui, cuja maioria da população está cada vez mais inculta por não estudar, não querer estudar e ter ódio do Estudo. Assim, ignorante, não raciocina além do umbigo e cuja visão não passa de um “palmo diante do nariz”.

Finalmente, como frisamos tantas vezes aqui, a formação de uma poderosa Associação Nacional de Consumidores não se limitaria à defesa  do nosso consumo material! Além disso, haveria ela de impor limitações à conduta e comportamento daqueles que ameaçam a nossa segurança e o nosso bem-estar, o nosso patrimônio individual e social. Os governantes, políticos e as demais autoridades deverão ser escolhidos pelo voto consciente e inteligente, vigiados, exigidos e julgados pelos seus atos.


Nota: ao leitor menos precavido, pode parecer que este Trabalho foi escrito de forma esquisita e repetitiva em palavras e termos desordenados e  confusos. Não foi por acaso a escolha deste modo! Sabemos que o cérebro apreende e grava melhor  quando a mente se esforça para entender o global do que se vê. A repetição e a curiosidade são a melhores  técnicas para o condicionamento; é assim que os meios de comunicação fizeram, fazem e continuarão a fazer conosco... até a consumação dos tempos !

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Obs.: Este trabalho foi desenvolvido e publicado em meados de junho de 1989, em Minas Gerais. Agora, a pedidos, o autor volta a divulgá-lo, após revisá-lo e acrescentar-lhe algumas modificações.


Belo Horizonte, inverno de 2011


CARLEIAL. Bernardino Mendonça

Psicólogo-Clínico pela Universidade de Minas Gerais;
Estudante de Direito da Universidade Estácio de Sá;
Escritor e Pesquisador nas áreas da Psicobiologia e do Direito.