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sábado, 26 de março de 2011

" PAIS, NÃO CHOREIS POR VOSSOS FILHOS "

           PAIS, NÃO  CHOREIS  POR  VOSSOS  FILHOS “


Há pouco mais de 2.000 anos, o Verdadeiro Homem afirmou algo semelhante ao ver mulheres chorando, quando O viram com uma Cruz nos ombros, a caminho do calvário.

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Grande número de pessoas quando recorrem ao tratamento psicoterápico, fazem-no em busca da cura de seus filhos mentalmente enfermos. Como o organismo funciona como um todo; podemos dizer que eles estão psico e fisicamente enfermos. Quando um ou mais membros de uma família se desequilibra, quase sempre a família toda está enferma e o lar desestruturado, pelo comportamento doentio de todos ou quase todos, em decorrência da má educação e maus exemplos dados aos seus filhos pelos pais permissivos.

Os profissionais da saúde, principalmente os Psicólogos e Psiquiatras clínicos, em sua maioria, já se acostumaram com as constantes reclamações dos muitos casais que procuram a terapia, relatando as suas vicissitudes mentais, físicas, morais e financeiras, geradas pelo comportamento negativo de seus filhos e deles próprios.

De modo geral, as queixas e reclamações não variam muito quanto à forma e conteúdo; variam muito os queixosos e reclamantes. Normalmente os relatos desses desafortunados pais estão repletos de sofrimento e prejuízos. O leque de sintomas apresentados por seus filhos é amplo e resume-se em uso de drogas, ensimesmismo, egoísmo, promiscuidade sexual, erotismo precoce, rebeldia, desinteresse pelos estudos, agressividade contra os pais e família (geralmente com os amigos e colegas são muito bonzinhos), crises depressivas, furtos, idolatria por carros, motos e pelo corpo, ociosidade, vandalismo, irresponsabilidade geral e outros sintomas neuróticos ou psicóticos.
Não é somente na clínica e no ambiente reservado do consultório que se ouve tais confissões; mas, também, entre pessoas, casais amigos e, até mesmo de pessoas desconhecidas quando estamos presentes em reuniões sociais e quaisquer outros locais de encontro. Onde quer que estejamos, mesmo em reuniões informais ou em encontros fortuitos, quando somos apresentados como psicólogos; logo um rosário de lamentações e queixas nos é desfiado pelos pais, parentes e amigos de pessoas desestruturadas, geralmente na puberdade e adolescência.

Mesmo acostumados a ouvirmos e vermos as mais variadas mazelas psicossomáticas, nós, terapeutas, ficamos penalizados e preocupados com o sofrimento do crescente número de pais que procuram a orientação e tratamento psicoterápicos. Algumas vezes os relatos que escutamos e os quadros clínicos que assistimos são de estarrecer, pela degradação familiar que se nos apresentam. Na sessão terapêutica, protegidos pela ética, juramento e discrição do terapeuta; os pais demonstram a própria decrepitude da espécie humana, narrando-nos sobre o comportamento de seus filhos, entre choros, apatia e desespero.

Decididamente, ser mãe não é mais padecer no Paraíso, como disse o poeta; mas, sim, sofrer no inferno, para muitos pais atuais, como alguém já afirmou. Na grande maioria das vezes, os genitores são os grandes responsáveis pela deterioração psíquica e física de seus filhos, bem como, da própria. Devemos frisar que são os responsáveis, porém, nunca culpados. Não lhes cabe culpa porque ninguém em sã consciência deseja a desestruturação de seus filhos e, muito menos, a própria falência familiar. Eles são vítimas, assim como seus filhos, de processos cerebrais e mentais inconscientes e alheios a sua vontade, na maioria das vezes.

Esses processos mentais inconscientes, são  característicos dos estados psicopatológicos, tão comuns nos nossos dias.  Isto é um fato, pois como dissemos acima, é inconcebível  que alguém sofra,destrua a própria vida, dos seus familiares e dos seus semelhantes mais caros, como os pais; por puro prazer ou premeditação.  A decrepitude das pessoas mais novas em idade é mais conhecida nos consultórios e hospitais psiquiátricos. Ali, vê-se e ouve-se casos dramáticos em que se sobressai a decadência não só dos filhos e pais, como também, de toda a sociedade contemporânea. As famílias estão produzindo, em massa, um grande número de filhos deteriorados que, por sua vez, serão geradores de mais e mais  indivíduos enfermos mentalmente. Não é de se espantar, pois, que estejamos assistindo, impotentes e omissos, o crescimento geométrico da violência em todas as áreas do comportamento humano. E, é muito duvidoso que ainda tenhamos condições de sustar ou, pelo menos, minimizar a agressividade e violência do homem contra o seu semelhante e o seu meio ambiente.

Os males que acometem os homens são gerados por eles mesmos, notadamente em sua formação, a partir do ventre materno. A falência da família geradora de Homens íntegros, moral e psiquicamente falando; tornou-se um triste e notado acontecimento mundial. Os últimos espécimes verdadeiros do “Homo sapiens sapiens” encontram-se em agonia, nos estertores da morte; deixando-nos em seu lugar o “Homo asinus”. Da evolução natural da espécie, quando se esperava um aprimoramento da  capacidade mental; deu-nos o contrário: uma involução mental, uma grande evolução na estatura física e nas cabeleiras da nossa numerosa, festiva, descompromissada, alienada e crescente moçada, notadamente na grande e mundial tribo dos moykanos.

Raramente encontramos humanos dignos de confiança em nossos dias. Tornou-se até comum o uso do ditado: “confiar desconfiando”,referindo-se ao relacionamento entre as pessoas (isto, já em 1986,quando o básico deste Trabalho foi escrito e publicado). Não se deve estranhar que haja tanta violência, pois, quando os filhos dos homens não são mais confiáveis; não podemos esperar dias melhores para a humanidade. Por que o homem atual se degenerou? Por quais razões a maioria das pessoas novas em idade encontra-se em franca decadência mental, concorrendo para o sofrimento de seus pais que, algumas vezes, só encontram a paz através da morte? Pais sofridos, penalizados por seus filhos que perambulam pelos consultórios terapêuticos, repetindo suas estórias de dor, sofrimento e decadência, em busca de um tratamento restaurador, nem sempre encontrado. Seus filhos, na maioria púberes e adolescentes, deixam entrever em suas fisionomias, fala e gestos; a própria decadência mental e moral em que se encontram. Alienados, vazios, improdutivos e agrupados em “tribos”, tanto mais agressivas quanto mais cobardes. Bem diferentes dos bravos e verdadeiros Moykanos, das longínquas planícies Norte-americanas.

Eles concorrem para a deterioração da sociedade, com enormes prejuízos materiais, morais e mentais. Basta que se observe o comportamento, no dia-a-dia, da nossa festiva mocidade, para se ter uma idéia do que nos espera em futuro bem próximo. A fim de avaliarmos esse futuro, lembremo-nos o que o Jornal “O Estado de São Paulo”, em reportagem  de 1985, denunciou a “diversão” de muitos “jovens”,materialmente ricos, que se compraziam em atear fogo em miseráveis mendigos que dormiam nas calçadas , nas noites paulistanas. Outro “passatempo” desses doentes é o de atacar pessoas idosas a fim de maltratá-las e surrupiar-lhes os poucos pertences; embora esses anormais “jovens” (futuro do nosso País) não sejam materialmente carentes.

Se o Brasil não é sério (como afirmou o grande estadista e guerreiro francês Charles De Gaulle); menos séria é a nossa festiva “juventude” que se encontra, cada vez mais, descompromissada com os reais valores humanos, com o futuro e com a própria finalidade da criação e existência do Homem (Credo! Pareço até louco, falando nestas coisas de moral, futuro, humanismo e da nossa aguerrida moçada moykana). Para que não pensem que estamos exagerando sobre aqueles que nos sucederão no destino do planeta, basta visitar os locais onde costumam acampar os nossos valorosos descendentes: colégios (principalmente os públicos),cursinhos,barzinhos,escolas,faculdades,festinhas,boates,etc. Vejam como pisam nos canteiros,quebram os galhos mais baixos das árvores,atingem as lâmpadas,danificam as placas de sinalização,riscam as cadeiras das salas de aula,não dão descarga nos seus dejetos quando usam os banheiros(principalmente os públicos),rasgam os assentos dos ônibus, dos elevadores, escrevem palavrões (principalmente denegrindo a mulher), causam grande barulho com as suas algazarras e barulho com seus carros e motos em alta velocidade; jogam pontas de cigarro,papéis,copos e garrafas na rua; desrespeitam, com atos e palavras os demais(principalmente os pobres,humildes e idosos), pisam nos canteiros e pouco se ligam à rosas e ao verde que os cercam; julgam-se dono do mundo, imunes a tudo e imortais.

Voltados unicamente para o gozo material e erótico (só pensam naquilo) do “aqui-e-agora”; não se prestam a outros cultivos senão o da própria epiderme, não indo além de um palmo do nariz e do próprio umbigo. Que se dane eu, você e o resto do mundo! Assim, com tamanho  e crescente descalabro comportamental, comprometeram e comprometem a  manutenção da própria e infeliz espécie dos humanos. Bem razão tem alguns cientistas que nos garantiram que o futuro é das baratas e das ratazanas! Vamos ter baratas e ratos com fartura!

Como os filhotes desta geração de pais liberais e moderninhos vivem a expensas de seus  ricos papais (é bom lembrarmos que nos países menos desenvolvidos a riqueza,quase sempre, vem por meios ilícitos), eles nem impostos pagam, a fim de minimizarem os prejuízos que causam aos contribuintes que, com o suor de nossos rostos, pagamos os tributos sociais,cada vez mais numerosos e pesados, para mantermos a criação e manutenção dos bens públicos que são utilizados e destruídos por muitos vândalos novinhos em idade . Lembremo-nos que eles, ébrios, barulhentos e eufóricos, tocam fogo em índios,mendigos,telefones públicos e no que encontrem pela frente, nas saídas das boates, forrós,jogos,barzinhos e similares. As Empresas Públicas que tem equipamentos de uso públicos (telefones, sanitários, etc.) e de transporte coletivo que servem às linhas mais utilizadas por estudantes, podem comprovar o comportamento desvairado dessa nova geração, com os seus imensos gastos com a manutenção e renovação das coisas particulares e públicas, danificadas e destruídas por eles. Também, os motoristas, cobradores e proprietários de lotações desses usuários imaturos, são testemunhas de suas algazarras e desrespeito que fazem nesses transportes, além de riscarem e danificarem, por pura demência, as poltronas e outros equipamentos dos veículos que lhes servem.

Quais as origens desse descalabro comportamental? São muitos os fatores desestruturantes que incidem sobre os filhos do homem, dito “moderno”, que favorecem a sua demência e decadência atual e futura. Dentre eles, citaremos os mais importantes; isto é, os mais negativos para a sua formação mental e somática:

-A personalidade dos pais;
-Os meios de comunicação e,
-A Escola.

A imaturidade da Pessoa cria vetores altamente negativos para si, para os demais e para o meio ambiente. Pais imaturos são verdadeiramente catastróficos para si, para as suas famílias e para o todo social. A imaturidade cega-os quanto à capacidade de analisar os fatores causais, dificultando a diferenciação entre valores negativos e positivos na formação adequada e positiva de seus filhos. Tal imaturidade mental impede de enriquecerem as suas vidas interiores, tornando-os alienados e, conseqüentemente, irresponsáveis e inconseqüentes quanto ao seu futuro e o porvir dos seus filhos que deveriam ser cidadãos honestos, cultos e garantidores de um futuro promissor (são justamente o contrário). Pais imaturos e alienados geram e soltam para o mundo, filhos imaturos, alienados e desestruturados que irão praticar toda espécie de delitos que presenciamos, diariamente, através da Mídia. Crimes esses que vão desde o roubo de pirulitos de criancinhas, do assassinato cruel de seus pais para surrupiarem alguns trocados a fim de comprarem drogas; até ao esquartejamento de suas namoradas, quando por elas se sentem rejeitados. Geralmente os pais que sofrem e fazem os outros sofrerem com o comportamento negativo de seus filhos, são pais imaturos, incultos e alheios aos autênticos valores humanos. Estes, quase sempre estão voltados para a frivolidade, ganância material, vaidade e destituídos de riqueza interior e mental. Como não se dedicam afetivamente a seus filhos, procuram compensar as suas deficiências espirituais (psicológicas e mentais),procuram compensar, de forma inconsciente, as suas deficiências espirituais e psicológicas, com oferendas e presentes materiais, como carros,motos,viagens, a não intromissão em suas vidas desregradas, através de comportamentos de submissão para com eles, cedendo aos seus caprichos e chantagens emocionais, a fim de tê-los consigo e não perderem a sua estima.

Um exemplo da prática clínica, explicará melhor esses comportamentos patológicos:

-Um pai que vivia muito ocupado com os seus negócios, pouco tempo dedicava à formação e educação de seu filho, de 16 anos de idade. O jovem exigiu do pai uma moto. Este tentou argumentar a respeito dos perigos que aquele veículo oferecia e que temia pela sua segurança. O filho ficou insistindo com ele, alegando que os seus colegas já haviam ganhado de seus pais carros e motos. O pai relutou em ceder à exigência do filho, mas notando que ele ficara agressivo e “distante” dele, cedeu à sua chantagem e deu-lhe a moto. Algum tempo depois, ao se exibir para uma platéia de infanto-juvenis, em alta velocidade, caiu da moto e se tornou mais um deficiente físico. Logicamente, seus pais se atrofiaram junto com ele.

Outro exemplo real de desestruturação familiar resultante da personalidade imatura dos pais vem de outro caso clínico de nosso conhecimento:
-Um casal procurou o tratamento psicológico para a sua filha de 16 anos, queixando-se de grande sofrimento. De fato; a estória que narrou sobre a sua atual vivência, chocou até mesmo o terapeuta, acostumado com relatos dessa natureza. A filha do casal havia sido criada praticamente pela babá, tendo em vista que seus pais estiveram muito ausentes de casa, preocupados e atarefados com os seus negócios, com festas, passeios e acontecimentos sociais mundanos e frívolos. A babá, a fim de não ter muito trabalho com a criança, deixava-a, constantemente, diante da televisão, que ficava ligada o dia inteiro. Em companhia da criança, a empregada assistia às novelas condicionadoras de comportamentos nocivos e negativos, sem que os pais se importassem ou percebessem.

A filha, apesar de ter uma “montanha” de brinquedos, chorava muito e era triste, de acordo com a lembrança da sua mãe. Aos 12 anos ela passou a sair em companhia de coleguinhas para locais ignorados pelos pais. Aos 14 anos se envolveu com drogas, agredindo freqüentemente os seus pais, principalmente a sua mãe. A mocinha não sabe se expressar sem o uso de repetitivos chavões monossilábicos da gíria indigesta que já nos dá indícios do seu conteúdo mental.  Não vai mais ao colégio, alegando “num tem nada a vê”; desafia, constantemente seus pais,dorme vez ou outra fora de casa e não raro, chega obnubilada por bebida ou droga. É sexualmente promíscua, tendo se envolvido, intimamente, com o motorista do pai e com alguns outros indivíduos conhecidos ou não.

Somente após de apresentar esse rol de sintomas é que os seus pais “acordaram” para ela. “Essa menina não vale nada!” Disse o pai; “ela nunca prestou!”, disse a mãe, com lágrimas nos olhos. Eles estão mais preocupados com as suas imagens junto aos conhecidos e o seu meio social, que, com a própria filha. Solicitaram ao terapeuta que tratasse da filha sem o envolvimento deles na terapia, pois julgavam que a problemática (grave) da filha nada tem a ver com as suas personalidades e seus comportamentos familiares. É claro que tal tratamento (sem a inclusão dos pais) estará fadado ao fracasso, pois qualquer psicólogo conhece os devastadores processos inconscientes familiares que interferem na educação e formação da personalidade infantil, principalmente em casos semelhantes. Logicamente, com a recusa desses pais em participar da terapia, a maior parte dos profissionais da área se recusará em fazer a terapia, tendo em vista que seria pouco promissor o sucesso do tratamento além dos gastos financeiros dos envolvidos.

Outro comportamento comum entre os pais que concorrem para a degradação de seus filhos, da família e do social; é a excessiva proteção que dão a eles, tornando-os dependentes e incompetentes para a vida futura. Sobre isso, mais um exemplo do nosso cotidiano clínico, reforçará o que estamos tratando neste Trabalho:
-Há algum tempo, uma senhora uma “santa mãe” que se dedicava somente aos seus filhos e à devoção religiosa, veio se consultar a respeito do trabalho que seus filhos estavam lhe dando, apesar de toda a atenção e dedicação que lhes dera. Não deixou que eles “crescessem” e aprendessem a pensar por si próprios. Ela pensava e agia por eles. Esses cuidados e proteção desmedidos provocaram constantes atritos familiares, provocando comportamentos anti-sociais em três dos quatro filhos. Essa mãe sofre muito com esses filhos desestruturados, apresentando ela, também, graves transtornos psicossomáticos que abalam a sua saúde.

O pai, omisso, já sofreu agressões físicas de um dos filhos, nos muitos conflitos dentro do lar. Além disso, era grande o número de transtornos morais e materiais, decorrentes das falhas de ambos, na formação e educação de seus filhos. O quadro mais comum de patologia que encontramos no tratamento de pessoas novas em idade é o referente à promiscuidade, seja a sexual,costumes, moral, social, moda, linguagem, etc., resultantes dos péssimos exemplos comportamentais dos pais, familiares, companheiros e amigos; além do condicionamento imposto por muitos veículos de comunicação, notadamente a televisão, revistas, Internet e outros tão comuns em nossos dias; que nos “entopem”, dia e noite, com os piores exemplos da degradação humana; verdadeiro lixo mental que é absorvido por todos, de forma consciente e inconsciente, principalmente pelas pessoas imaturas e incultas de todas as idades. A promiscuidade sexual, principalmente entre púberes e adolescentes que não tiveram uma formação cultural, cristã e humanística; é a principal causadora dos imensos transtornos, patologias e conflitos pessoais, familiares e sociais que assistimos diariamente.

A erotização precoce é, principalmente, decorrente da intensa campanha do erotismo, sexismo e sensualismo mercenário que nos atinge, diariamente, pelos muitos meios de comunicação, principalmente pela televisão e Internet (como já escrevemos acima); bem como através de muitas Revistas, Jornais e Livros. Em todos eles, parecem-nos que tentam (e conseguiram) erotizar precocemente os infantes, com a finalidade não só comercial (modismo, cosméticos, etc.); como também, para criarem um ambiente social erótico (já criado) propício a uma oferta sexual maior e abundante para satisfazer a lascívia e o apetite erótico de indivíduos ninfomaníacos e inúmeros outros tipos de desviados sexuais. Seria importante pesquisarmos as razões de os homens estarem, quase sempre, por trás da produção de livros, revistas, moda, filmes, vídeos, novelas e peças teatrais de conteúdo erótico e sexista.

É evidente que será bastante agradável para uma grande maioria dos homens, que as menininhas bonitinhas se erotizem  precocemente, tornando-se “ninfetas”,nome já tornado,pela mídia,muito bonito e gracioso, quando na verdade não passa de sinônimo de pedofilia!E, assim, elas serão “presas” sexualmente fáceis e ao alcance de muitos “lobos-maus” que sempre rondam esses “Chapeuzinhos-vermelhos” ,  nos “caminhos da floresta”, mesmo sem se importarem em levar os bolinhos para os lobos, ao invés de os levarem para as suas vovozinhas. Muitos desses oportunistas sexuais pretendem que a oferta sexual seja maior que a procura, concorrendo para o aumento da prostituição infantil, juvenil, adulta, etc. tão acentuada em quase todos os recantos do planeta; sem falarmos das demais mazelas anexas, como: promiscuidade, exploração, miséria moral e a proliferação e expansão de diversas patologias mentais e físicas.

A erotização precoce, cujo estímulo e ensinamentos estão contidos em quase todas as programações da televisão, como nas novelas, filmes, propagandas comerciais; bem como em  revistas,teatro,vídeos,livros e, pior ainda, via Internet, onde a permissividade é totalmente liberada para tudo e para todos. Estes, são os estímulos principais que condicionaram e condicionam,há décadas, são os principais responsáveis e causadores da decadência física e mental dos imaturos de toda idade, principalmente entre os púberes, adolescentes, adultos e dementes de toda idade e patologias.

Essa degradação que atinge mais as mulheres, muitas vezes levando à depressão  e ao suicídio. Tomando como exemplo uma mulher imatura (poderia ser um homem), ocorre que ela, a fim de atender aos impulsos eróticos que lhe foram condicionados por  dezenas de anos de visão pornográfica,sensualista e sexista, propagadas fortemente pelos meios de comunicação acima; passa ela a variar muito de parceiros que só querem descarregar seu prazer passageiro e a sua energia orgástica usando o corpo da parceira; e, vice-versa. Não lhes importa o estado emocional  e de espírito dela. Com o Tempo o desgaste de seu corpo se evidencia e ela não encontrará mais parceiros sexuais de sua preferência com a mesma facilidade de antes, quando tinha o corpo esbelto e atraente,principalmente porque o tipo de homens com os quais se relacionam; quase sempre são vazios, superficiais e imaturos também. Eles estão querendo agora aventuras novas com outras parceiras mais jovens e apetitosas (é o que não falta nesse mercado canibalesco), fruto da facilidade em encontrarem ofertas cada vez mais voluptuosas e baratas, em decorrência da campanha de erotização precoce, que já comentamos acima, pelos meios de comunicação e da literatura chula e medíocre. Quais os pais “bonzinhos” e “modernistas” que se preocupam com o que os seus filhinhos estão vendo, lendo e com quem saem e para onde eles vão?

Tempos depois, essas pessoas, erotizadas e insaciáveis, quando despojadas da atração de seus corpos, sentindo-se nulas por suas existências vazias e improdutivas; descobrindo que foram joguetes nas mãos de muitos homens; são elas “tragadas” pela depressão (pior, quando praticam abortos) e sentimento de culpa; são vítimas de graves doenças mentais e, não raro pensam no seu auto-extermínio. E, nestes casos (hoje, bastante comum), a família também se deteriora pelo enorme sofrimento dos pais, diante das conseqüências morais, sociais, materiais e financeiras que, inevitavelmente, acompanham a decadência dos filhos.  O papel da televisão na desorganização mental, social e econômica da família está muito patente; porem é pouco estudada e analisada; por isso a sua ação danosa a toda sociedade, passa despercebida. Pelo contrário, a TV é idolatrada e se tornou no “pão-de-cada-dia” para quase todos os habitantes do planeta. Mas, para um analista e estudioso da mente e dos costumes; ela tem sido, por excelência o  terrível meio facilitador e incentivador do condicionamento do erotismo patológico; da agressividade; da violência; da anti-cultura e de todas as mazelas morais,espirituais,mentais,materiais e comportamentais que faz agonizar toda sociedade mundial. Apesar de reconhecermos a sua excelente função de aglutinar o maior número de pessoas e aspirações mais nobres, no menor espaço de tempo. Todavia, sua programação negativa e nociva é bem mais freqüente e superior que o Bem que faz. O pior é o que vemos e ainda veremos mais, com a implantação universal da Internet, propagando a bilhões de pessoas de toda idade, cor, sexo, condição social e patologias diversas, toda a miséria mental, moral  de uma humanidade que se autodestrói, enterrando-se no próprio lixo que produz. Voltando à televisão, ela vem se caracterizando pela exposição de modelos altamente negativos e prejudiciais à formação da personalidade infantil; afetando e comprometendo o comportamento futuro de toda Sociedade Mundial. As suas novelas, a publicidade comercial e filmes expostos, diariamente, são verdadeiras escolas de vandalismo, agressividade, violência, erotismo vulgar, palavrões, gírias, desvios sexuais, competição interpessoal, adultério, vícios e muitos outros tipos de degradação pessoal, familiar e social.

Somente os ingênuos, os incompetentes e os interesseiros não reconhecem o quanto as crianças são modeladas pelos exemplos mostrados na televisão, principalmente nas novelas. Há, também, os que inocentam a TV, porque dependem dela para sobreviverem; tais como atores, atrizes, proprietários de Emissoras, diretores, patrocinadores, produtores de programas, escritores de novelas, fabricantes de cigarro, bebidas, etc. São também defensores da TV, os interessados em se auto promover para fins eleitoreiros, comerciais e narcisistas e alguns outros, para se mostrarem “bonzinhos”, “moderninhos” e “tolerantes” para gozarem da simpatia, aplausos e favores das camadas mais novas da população. Além desses, os que trabalham com a publicidade que, para tirarem os seus sustentos, “aprimoram”, cada vez mais o erotismo mercenário e a agressividade entre as pessoas, e até contra o meio ambiente. Estes, também defendem a TV, para as suas conveniências particulares.  Há, ainda, alguns “experts” do comportamento que dependem  da TV a fim de ganharem notoriedade e clientela(ou votos); eles não vêem qualquer mal nos programas televisionados, chegando a dizerem que a agressividade mostrada na “telinha”(agora já é telona !) serve para “desabafar” e como catarse infantil! Se isto fosse verdade, as crianças de hoje estariam cada vez mais sadias mentalmente e os terapeutas infantis estariam jogados às traças e fritando bolinhos e fazendo bombons para venderem nas portas das escolas. É justamente o contrário; nunca se viu tantas crianças, púberes e adolescentes com tanta agressividade, tensos, problemáticos e portadores de tantas psico e sociopatias. Vide muros, fachadas, casas, prédios, telefones e lixeiras públicas pixadas e destruídas por eles! Vejam a idade dos mais perversos assaltantes e criminosos que nos atacam e nos matam! Procurem saber quem mais agridem os idosos e os pais! Perguntem a idade dos maiores provocadores de acidentes de carro!

Qual a pessoa nova em idade que vai se interessar em trabalhar,estudar,produzir,contribuir para o social, ser honesto,justo,íntegro e humanista, diante de imagens novelescas que, insistentemente, mostram e condicionam a ser ocioso,vadio,trapaceiro (com o nome florido de “esperto”), maníaco sexual,frívolo,desonesto,agressivo.permissivo,competitivo,desleal,malandro,alienado cultural e social? Até os sexualmente mais ajustados são influenciados pelos constantes modelos simpáticos, agradáveis e vitoriosos de desviados sexuais que se tornaram freqüentes e implantaram moda nos programas e dramalhões novelescos diários.

Seria oportuno e importante questionarmos o porquê de as emissoras de rádio e TV; bem como os produtores de programas, principalmente os de novelas, não utilizam esses importantes veículos de comunicação para transmitirem os bons exemplos de comportamento digno, de uma linguagem correta, de cultura, de cidadania e de respeito social?  Programas realmente honestos e educativos deveriam primar por uma linguagem certa e elegante de personagens honestas, cultas e dignificantes, para servirem de modelos aos bilhões de telespectadores e ouvintes de toda idade; principalmente para aqueles cujos cérebros ainda não estão em condições de se auto dirigirem, quer por imaturidade biológica, mental ou psicológica.
E, por estarem dando péssimos exemplos, há décadas, a bilhões de pessoas de todas as idades, sexo, raça e nacionalidade; são eles os causadores da agonia das virtudes e da falência dos bons costumes. Bem razão tinha Rui, quando disse que haveríamos de sentir vergonha da honestidade. De tanto vermos triunfar os nulos, desviados e desonestos; acostumamos-nos com a nulidade, com os desvios e com a desonra. A televisão invade os nossos lares, impondo os mais variados estímulos negativos. Muitas vezes em casas de quem não tem a mínima condição de julgar o que é danoso ou sadio para si e para os seus filhos e, nem sempre podem desligar os seus televisores, por pressão e chantagem dos outros telespectadores.

Não é de se espantar que haja uma excessiva proliferação de doenças mentais que torna mais perigosa e difícil o nosso viver nas ruas, lares, instituições, igrejas, agremiações e até nas mais simples reuniões ou encontro de conhecidos, vemos surgirem confrontos e conflitos oriundo da imaturidade e agressividade latentes no Inconsciente de cada um. A violência desenfreada que de toda sorte nos atinge, principalmente no trânsito; nos atentados contra a dignidade; na desonestidade e decadência moral dos que cuidam (ou descuidam) das coisas públicas; nos descalabros sociais mais variados e diversos; na marginalização e mortalidade precoce de crianças, idosos e demais esquecidos e rejeitados pela vaidade, egoísmo e desonestidade de quase todos nós.

A  ESCOLA  COMO  FATOR  DE  DESESTRUTURAÇÃO


A escola, de algumas décadas para cá, tem sido, também, fator de geração de desvios comportamentais nas pessoas mais novas em idade. Por paradoxal que seja, grande parte dos educandários que no passado primava na formação de grandes personalidades; celeiro de cidadãos íntegros e sábios; hoje, assim como a família, perdeu sua função primordial. Em todos os níveis, principalmente nas Escolas públicas e superiores, caíram os níveis de estudo e mental de docentes e discentes. Mas, isto já era de se esperar, com as famílias em franca decadência educacional e moral. Mui tos professores, quer por incompetência, comodismo ou para agradarem os “jovens”, permitem que os alunes cheguem aos diplomas sem um mínimo de preparo intelectual e moral para desempenharem suas importantes missões na sociedade. Professores, diretores e proprietários de muitos estabelecimentos de ensino temem punir ou reprovar os alunos indisciplinados  ou incompetentes que, muitos deles só conseguem “passar de ano” mediante expedientes escusos como “cola”, “cópias de trabalhos alheios”, doação de créditos,etc. Raramente encontra-se alunos realmente dedicados aos seus estudos e socialmente responsáveis. Toda facilidade é proposta a fim de não reprová-los, também por exigência e pressão dos pais que não toleram a “frustração” de verem seus filhos atrasados. Preferem vê-los  “passarem de ano” sem a devida maturidade e competência; que se danem os pobres e futuros clientes,pacientes,etc., desses profissionais incompetentes.

Outro grande mal que certas Escolas vêm causando às pessoas novas em idade; é quanto a adoção de livros para trabalhos. Já é comum a indicação de livros pelos professores com a finalidade de pesquisa pelos alunos, onde a tônica desses compêndios é a violência, a agressividade e a promiscuidade sexual, moral e física dos seus personagens. Alguns são escritos por autores ateus que são anticristãos, fomentando a descrença e o afastando de Deus os seus  imaturos leitores. Nas escolas de antes, as leituras indicadas eram do mais alto nível moral, intelectual e cívico; onde se ensinava o português correto, o respeito e amor pela Pátria, pelos pais, pela sociedade e pelos semelhantes, principalmente para com as mulheres, idosos e crianças. Todos os que tiveram a felicidade e sorte de terem vividos e sido educados naquela época de cultura, respeito e honradez; devem se orgulhar de ter vibrado com os nossos heróis das estórias lidas e ouvidas sobre a guerra do Paraguai e a mundial, com a valentia e heroísmos dos nossos soldados e pracinhas. Regozijamos com os nossos grandes políticos, cultos, sérios e honestos; com os nossos cientistas que sabiam vencer as doenças que assolavam o mundo e nos ameaçavam de morte. Honravam-nos os nossos grandes poetas, escritores, compositores, cantores e maestros que nos encantavam e encantavam o mundo pela cultura, elegância, beleza, riqueza gramatical e pela grande inteligência que todos tinham.

Qualquer estudante primária, naquela época, conhecia e se encantava com os frutos do saber desses grandes mestres das artes, literatura e da ciência. Hoje, foram substituídos por pseudo escritores, cujas características principais são a linguagem chula e vulgar, com forte conteúdo de violência, agressividade e erotismo vulgar. A linguagem dessa “literatura” representa a própria decadência de quem escreve,lê e de todos nós. Recentemente, em um encontro de pais, tivemos a oportunidade de ler dois desses livretos que são adotados por alguns Educandários de  estudantes pré-adolescentes, de 11 à 14 anos de idade. Os dois livros em questão foram-me apresentados por pais mais conscientizados, preocupados com os resultados de tais tipos de leitura na personalidade de seus filhos que receberam de seus professores a incumbência de fazerem e apresentarem trabalhos sobre os conteúdos dos mesmos.

Apesar  de me encontrar familiarizado com a decadência mental dos humanos atuais, fiquei pasmo com o conteúdo daqueles livros. Eles falam de crimes, estupros, masoquismo, sadismo, roubos, pornografia e violência de toda espécie. Tudo isso, numa linguagem chula e de baixo nível cultural e mental. Os tais livros são excelentes modeladores e condicionantes da marginalidade infantil e adulta. Creio que até os desviados mentais adultos têm algo a aprender em livros como esses que muitas escolas adotam, sob a falsa alegação que as crianças devem tomar conhecimento da realidade que as cerca, desde cedo. Porque se deve falar precocemente de morte e de sexo somente porque um dia saberão dessas coisas? Isso é um engano, pois no momento oportuno em que os seus cérebros e suas mentes estiverem amadurecidos, saberão lidar. Literaturas como essa, são poderosas aliadas da TV, da Internet e de outros patrocinadores da desestruturação mental da sociedade, pois ensinam a matar roubar, estuprar; bem como, viver à margem e contra a lei e normas sociais. Nessas estórias, os heróis são marginais mirins que se misturam sexualmente com prostitutas, enfrentando,desafiando e vencendo os adultos, as autoridades e os representantes da lei. Esses pequenos delinqüentes, filhos rejeitados e deserdados de uma sociedade enferma, carente de sentimentos e de princípios morais, viram heróis e modelos para os nossos e todos os outros filhos dessa mesma sociedade doente.

Além de marginais pobres que os exemplos de condutas negativas provocam, muitos filhos de classes sociais, materialmente ricas (mas espírito e mentalmente  miseráveis seguem à risca esses modelos deteriorados em seus comportamentos em casa (para o desespero familiar) e na sociedade (para o nosso desespero). Já temos prova dos resultados de tal modelagem e exemplos deteriorados. Vemos e sentimos na pele o comportamento destrutivo de muitos que chamamos de ”jovens” ,  nas ruas , nos  lugares onde freqüentam e em quaisquer locais do planeta. O comportamento anti-social e delinqüente deles é idêntico em qualquer parte do mundo porque a Mídia e a Internet globalizou tudo; até os maus instintos. Até novelas são aconselhadas aos alunos,por tais tipos de professores, para fazerem trabalhos escolares. Novelas essas em que os palavrões,gírias,sexismo, agressões aos mais idosos e aos pais; são comuns em seus enredos. A Língua Portuguesa é negligenciada, agredida e vilipendiada ao ponto de se caçoar,xingar, rejeitar e rejeitar-se aqueles que gostam de estudar e de respeitar os semelhantes,principalmente os que obedecem aos pais e ás leis.  Ainda falando da literatura abjeta que estão dispondo à leitura pelos nossos filhos, tivemos a oportunidade de ler mais alguns desses livros, quando se vê exemplos de crianças que são ameaçadas pelos colegas mais malandros só porque não querem “matar” aulas e não aceitam a marginalidade. Os próprios autores desses tipo de literatura e de algumas novelas; assim como os professores, responsáveis pelo ensino e autoridades educacionais, não sabem que estão gerando os seus próprios agressores e algozes de amanhã. Em outros desses livros, o herói é o bandido e a vítima é o bonzinho,correto e honesto.  

Os pais são os maiores responsáveis, pois com a sua omissão e alienação, porquanto não se interessam em saber sobre o que os seus filhos estão lendo e fazendo; permitem sem questionarem, esse tipo de “literatura” de baixo nível.  Quando nas reuniões de pais que as Escolas promovem, alguns pais mais conscientizados e mentalmente sadios se rebelam contra essa nociva prática didática; os outros pais e os professores tentam desmoralizá-los com aqueles chavões de sempre, como: “quadrados”,”antiquados”,”castradores”,”ultrapassados” e outras tolices mais. Fazem isso por ingenuidade, medo da maioria e para se mostrarem  “moderninhos” e “pra-frente” e, assim, terem a simpatia dos filhos,professores e dos outros pais desestruturados. O que essas pessoas “moderninhas” tentam fazer é “nivelar por baixo”; isto é,usam uma técnica conhecida de compensação, que é a de tentar rebaixar aqueles que se mostram superiores na cultura e na mente. É a mesma prática que leva um viciado, por exemplo, a incentivar ao seu vício, o companheiro que não é viciado. Este comportamento tem a finalidade de obter solidariedade e companhia na decadência do desestruturado viciado. Quem não fala corretamente a língua, sente raiva inconsciente de quem se expressa de forma correta. Quem é desonesto, sente rancor de quem é honesto. Quem tem filhos desviados, sente-se incomodado com os filhos normais de outrem. Quem está por “baixo”, pode agredir quem ele vê estar por “cima”, etc. É bom que se repita que os processos causadores desses sentimentos e comportamentos negativos, são, quase sempre, inconscientes para a pessoa, com a finalidade preservá-la de uma deterioração mental  mais grave, caso tomasse conhecimento de todo o  vazio e desespero da própria inferioridade, quer seja mental,material ou física.

Atualmente, o grande filão comercial e apetitoso é o sexo e as suas variações eróticas. Quase  todos,principalmente os imaturos,moykanos, só pensam nisso. É a busca desesperada por instantes gozosos, como se fossem morrer amanhã; pouco importa as conseqüências, os outros ou o dia de amanhã; nada além de um palmo de prazer diante do nariz; ou do umbigo, como queiram. A propaganda maciça e global transformou o impulso sexual que é normal, natural e biológico, em comércio lucrativo que deve ser perseguido por todos, como a meta e ideal principal da vida. As graves conseqüências desse sexismo (anomalia e desvio sexual)  são claramente vistas no nosso dia-a-dia e na prática clínica. A atividade sexual só é natural, normal e sadia quando é praticada por pessoas madura conscientes, amorosas e responsáveis. Caso contrário, as conseqüências dessa precocidade e desvario serão terríveis, como estamos presenciando nas seqüelas doentias e sociais de imaturos precocemente erotizados pelo comércio, indústria, TV, internet e diversos outros agiotas do sexismo.

E, como já tanto lembramos, os pais são os maiores responsáveis porque  não sabem ou não têm condições psíquicas ou se omitem diante da avalanche de bilhões de estímulos mentais nocivos que incidem sobre os nossos filhos (e, a todos nós), dos quais deveríamos ser responsáveis, como produtores biológicos de cidadãos. Diante de toda essa enxurrada de modelos perniciosos que recaem sobre nós, principalmente sobre as pessoas na fase de auto-afirmação e imaturidade mental, como crianças e adolescentes; não nos admiremos  se dentro em breve tivermos as ruas abarrotadas de marginais “classe A”, gerados pelas ditas “classes” média e alta; que irão nos ameaçar,roubar e nos matar, apenas pelo “sabor de aventura”, como anunciam certos  comerciais utilizados para condicionar e estimular as suas vendas para os imaturos de toda espécie e idade.  Já sabemos que danificar os bens públicos, como quebrar telefones, lâmpadas, riscar assentos de ônibus, elevadores, pichar paredes e monumentos, destruir plantas, pisar em jardins, etc., têm esse “sabor” doentio para muitos filhos de pobres e de ricos desestruturados. A diferença desses marginais “classe A” para os de “classe C” ou “D”; é que os pobres são frutos da miséria material e social. Enquanto que os primeiros são filhos da decadência mental, moral e espiritual dos que condicionam as mentes imaturas dos mais novos em idade e dos deteriorados de toda idade. Dos pais omissos, imaturos e fúteis. Dos que escrevem e editam livros, revistas, peças teatrais, filmam e divulgam os maus costumes e induzem ao comportamento criminoso. Escritores, professores, pais, pedagogos e alguns psicólogos que defendem tais métodos, afirmando que eles representam a realidade e dela as crianças devem tomar conhecimento. Concordo que o lixo da promiscuidade reinante é a realidade; a cruel realidade de uma sociedade degradada e perversa  que assassina criancinhas, em seus nascedouros, a fim de se esconder  e de fugir de si mesmo. Concordo que os adultos tomem conhecimento dos seus próprios desvarios físicos e mentais; entretanto, não podemos concordar que sejam as crianças  os primeiros a visitarem os porões da sociedade, porque a mente infantil ,por sua imaturidade psíquica e biológica não tem condições de entender sem imitar. Ainda mais, não se tem o direito de violar o mundo encantado das fantasias coloridas da infância, com sentimentos, imagens e idéias degradantes de adultos pervertidos e moralmente decadentes.

Pais: não choreis por vossos filhos, mas antes... choreis por vós mesmos e por todos nós.


Belo Horizonte, outono de 1986;
São Paulo, verão de 2011.

Carleial. Bernardino Mendonça.


Psicólogo-Clínico pela Universidade Católica de Minas Gerais;
Estudante de Direito da Universidade Estácio de Sá;
Escritor e Pesquisador nas áreas da Psicobiologia e do Direito.





terça-feira, 8 de março de 2011

" NARCISISMO,VAIDADE,ORGULHO E OUTRAS NEUROSES "



              " NARCISISMO,VAIDADE,ORGULHO E OUTROS DISTÚRBIOS"




O termo Narcisismo, segundo especifica o dicionário, refere-se ao amor de uma pessoa a si mesma. Isto é; uma auto- adoração; um interesse exagerado e doentio do indivíduo, voltado para ele mesmo. É o apaixonado pelo próprio corpo. Nas palavras freudianas, o Narcisismo é fruto da "fixação" da "libido" no próprio "Ego" do indivíduo. Traduzindo esta linguagem psicanalítica, temos que libido é conceito que se refere a "energia instintiva e autoconservadora da vida", cujo sinônimo é "Eros", em oposição a "Thanatos", instinto de morte (ver o Artigo:" Instinto de Morte e Instinto de Vida", deste autor). Embora popularmente libido tenha conotação de prazer erótico e instinto sexual,  este  termo é bem mais amplo e genérico, abrangendo os diversos níveis das exigências instintivas, para a homeostase (equilíbrio psicossomático) humana. Fixação ;é a persistência na idade adulta, de desejos inconscientes de gratificação infantil que dificultam o estabelecimento de relações normais e sadias com o Mundo. E, Ego, no conceito freudiano, é o componente estrutural da personalidade que intermedia as energias mentais entre o Consciente e o Inconsciente, regulando as ações entre o indivíduo e o seu meio ambiente. Se a fixação libidinal perdurar durante as fases da evolução mental, podemos dizer que há uma regressão psicossexual, gerando a personalidade narcisista. O Narcisimo, segundo ainda a interpretação psicanalítica, tem origem em recursos utilizados na infância, com a finalidade de enfrentar a frustração.

Quando tais recursos (que são mecanismos inconscientes de defesa)voltam a ser usados com alguma frequência na idade adulta, cristaliza-se a condição neurótica em questão. Assim, o "narciso" (como chamo uma pessoa narcisita) não se desenvolveu mentalmente,como se espera de um  cérebro normal. É um imaturo que não atingiu a maturidade emocional e, naturalmente, a sexual. O narcisista ( ou, o "narciso) tem como objeto da sua libido uma pessoa do mesmo sexo: ela mesma !  Daí a sua auto-atração, gerando dificuldades de relacionamentos pessoais e sociais. O mito que gerou o quadro psicopatológico do Narcisismo é o da lenda grega em que "Eco" (uma Ninfa), apaixona-se pelo belo e jovem Narciso, sendo,entretanto, rejeitada por ele. A Ninfa, ao sentir-se repelida,pede a Afrodite(deusa do Amor) que a vingue, inflingindo a Narciso uma punição por tê-la rejeitada. Afrodite atende a Eco, fazendo o jovem Narciso confundir o reflexo da sua própria imagem refletida na água, com a de uma Ninfa (símbolo da formosura física). Narciso se apaixona perdidamente pela imagem  que viu na água ( a sua própria) e tenta alcançá-la. A cada vez que tenta abraçar a sua imagem refletida e não consegue; Narciso se angustia e, a sua angústia , reflete-se em seu rosto espectral, tornando-o mais e mais apreensivo por ver a face angustiada da  "sua amada".  Ao rever tantas vezes a imágem daquela que julgava ser a sua paixão, acentuou-se em Narciso o desespero e desejo de tentar resgatar o "objeto" de seu desejo (ele mesmo). De súbito, não se contendo com tanta ansiedade, Narciso se atira às águas e, debatendo-se,morre afogado na busca de sua paixão ( a sua imagem refletida). A deusa do amor, afrodite, transformou-o na flor que guarda o seu nome; uma planta ornamental da família das Amarilidáceas.

Neste presente Trabalho, vamos expor a condição da pessoa narcisista, em seu contexto social e a sua implicação pessoal e com todos aqueles que tem a má-sorte de com ela se relacionar. Procuremos analisar o narcisita e o seu comportamento à luz da Psicobiologia ou Neuropsicologia, ao  explicar as motivações comportamentais dele, pelos mecanismos neurofisiológicos. Mas, pode o leitor menos avisados e pouco conhecedor desses mecanismos  conscientes e inconscientes do complexo cérebro-mente, indagar o porquê do nosso interesse pelo narcisismo e o comportamento do "narciso"(pessoa narcisita). Por vários motivos o autor é levado a focalizar, estudar e escrever sobre este assunto. Primeiro; por se tratar de um estudo patológico da mente, que está dentro do seu ramo. Segundo;pela enorme maioria de pessoas narcisistas que habitam o planeta e; terceiro, porque o narcisismo está associado e acompanhado de outros distúrbios mentais, como: a vaidade, o orgulho, a ganância, a dominação, o egoísmo e alguns outros sentimentos negativos e nocivos, não só ao narciso, como também a toda sociedade humana ou desumana.

É bem verdade que a grande difusão desses conflitos da mente e os males que a todos maltratam, advém de décadas de condicionamentos negativos e perniciosos impostos  pelos pais,pelos educadores e pelos meios de comunicação, principalmente pela televisão que, com os seus péssimos exemplos de exaltação à beleza física e aos bens materiais; com os seus programas e novelas condicionadores da prostituição física,moral e espiritual  dos mais ignorantes culturais e dos imaturos de todas as idades. Como estamos em clima de Carnaval, nada melhor para se analisar e mostrar a composição e decomposição dos milhares de narcisos ( e seus coadjuvantes mentais) explícitos e implícitos que desfilam nas passarelas escancaradas do exibicionismo eufórico e histérico de muitos "famosos" e outros sem fama, em busca do renome,aplausos,notoriedade e fome estética e fisiológica. O narcisismo, assim como em qualquer outro distúrbio do comportamento é gerado por conflitos cerebrais que interferem na ação da mente, que é a condutora e adequadora da vida de qualquer pessoa.

Nos outros animais, a mente se restringe à ação do cérebro inconsciente que os motiva àpenas à procriação,alimentação e defesa. Por tal razão, eles não têm e não necessitam da mente consciente que poderia lhes habilitar a concorrer com os humanos nas diversas áreas do saber,como nas pesquisas médicas,jurídicas, etc.; muito embora, alguns símios mais evoluídos sejam mais evoluídos e úteis que muitos humanos que conhecemos e ouvimos falar, que andam tocando fogo em pobres mendigos e índios desamparados e que chutam,batem e esfolam animais indefesos e outros seres humanos esquecidos por todos e desprotegidos da sorte e dessa necrosada Sociedade Moderna Mundial. Voltemos aos mecanismos neuropsicológicos causadores do narcisismo e seus anexos (a vaidade, o orgulho, o egoísmo,etc.). 

No momento atual do conhecimento do cérebro e, naturalmente, da mente, quando as Ciências Psicobiológicas cada vez mais desvendam os mistérios da interação cérebro-mente, tornam-se conhecidas,gradativamente, essas interferências cerebrais na atividade mental, bem como, os estados psicopatológicos resultantes das reações entre as funções conscientes e inconscientes das diversas estruturas neuronais. Qualquer alteração de conduta, ao se tornar crônica, provoca uma consequente alteração na fisiologia cerebral, mesmo que a nível imperceptível molecular. E, o contrário, também é verdadeiro! As alterações neurônicas, mesmo que a níveis moleculares, provocam alterações mentais e comportamentais do mesmo modo(vide : "Disfunções Mínimas Cerebrais",Carleial,Belo Horizonte,1983). Por esta razão é que não se encontra ou se nota alterações visíveis em muitos cérebros de portadores de distúrbios mentais de origem funcional, como na maioria das neuroses. No narcisismo, tais alterações provavelmente se situam em estruturas relacionadas diretamente com as emoções, de forma mais direta,como o sistema límbico; proposto e vastamente pesquisado por J.Papez, P. Mac Lean, J.Olds, P. Milner e outros neurocientistas.

No sistema límbico,notadamente o hipotálamo é onde se localizam os centros reguladores e integradores, por excelência, das emoções , estruturas nucleáres da vida de relação. Não pretendemos nos estender em particularidades sobre o cérebro, embora sejam importantes em qualquer estudo do comportamento;pois, antes de sermos seres sociais, somos Neuronais. Voltando ao foco principal deste nosso trabalho, o Narcisismo, assim como qualquer distúrbio mental, somente se caracteriza como um estado patológico, quando provoca em seu portador e às demais pessoas, frequentes prejuízos psíquicos,biológicos e materiais. Não é, pois,apenas por se preocupar com a sua aparência física ou estética que uma pessoa possa ser considerada narcisista. É natural,normal e sadio que uma pessoa se preocupe com o seu aspecto físico e orgânico. O que caracteriza o quadro psicopatológico do "narciso" é a dificuldade de adaptação e adequação à vida, proveniente do exagero de tal ou qual comportamento. Por exemplos, a tristeza,abatimento ou mesmo a depressão, quando por motivos reais,claros e conscientes; são apenas manifestaçõies reativas, frente a certos acontecimentos frustantes com que nos deparamos na vida, como as doenças,morte,desastres e alguns outros traumas psíquicos ou físicos. Entretanto, se uma pessoa permanece por longo tempo ou repetidamente passando por esses estágios; aí sim, fica caracterizado o transtorno patológico. Se a preocupação da pessoa se centraliza MUITO  em seu próprio corpo, na sua aparência externa, achando-se a mais bela,sedutora ou ,a mais sábia das criaturas; então podemos suspeitar de seu narcisismo.

 Neste caso, esse comportamento doentio vai lhe causar inúmeros transtornos de saúde, econômicos e social. Há pessoas que conhecemos e outras que tratamos,que apresentam conflitos típicos dessa natureza, sofrendo por não terem um viver adequado às exigências da vida em sociedade. Sofrem demais com depressão e outras calamidades psicossomáticas, quando os anos, traumas e doenças as atingirem. Antes, tais distúrbios só vinham causar os sintomas existenciais negativos e prejudiciais, quando os doentes atingiam a idade adulta. Hoje, com os bilhões de estímulos nocivos e condicionadores que nos atingem pelos meios de comunicação, em particular, da televisão, principalmente às mentes infantis e imaturas; cada vez mais precocemente as crianças são induzidas e permitidas por pais imaturos,inconsequentes e mentalmente enfermos  a  exibirem,publicamente,os  seus corpos
"bonitos" e maquiados aos olhares e desejos de bilhões de degenerados de toda espécie, na passarela global do Narcisismo,Vaidade,Orgulho,Pretensão e Egocentrismo.

Não poderíamos deixar  de falar um pouco sobre os transtornos individuais e sociais provocados,também, pelos distúrbios mentais e comportamentais que sempre estão ao lado do "narciso" (pessoa narcisita). Como já aludimos anteriormente e, no próprio título deste Trabalho, o Narcisimo está associado e bem ao lado da Vaidade,do Orgulho, da Dominação e do Sentimento de Superioridade. Vejamos a análise desses conflitos colaterais ao Narcisismo. A pessoa narcisita é vaidosa porque se sente superior aos demais, seja pela beleza física( o mais comum) ou pelo sentimento de grandeza cultural e/ou material; é o próprio "Ser Imortal"; tal como o "Súper-homem", o" Homem Aranha" e todos os "Súper- Heróis" americanos. 

O "narciso" sendo vaidoso, necessita da aceitação e aplausos dos outros, porque nos neurônios do  seu inconsciente se encontram diversas gravações(eletroquímicas) de fatos e fatores negativos da sua nulidade  cultural e do seu vazio existencial. Por isso, o seu Inconsciente exige que o seu Consciente busque lá fora os aplausos e a  aceitação dos outros, para neutralizar a ansiedade latente dessas gravações (antigas ou recentes) contidas nas células nervosas da sua mente Inconsciente. Porém, o narciso para receber e continuar atraíndo a atenção,aplausos,aceitação,elogios e bajulação de terceiros para  a sua fragilizada personalidade ( que  o mantém vivo), ele necessita manter-se sempre atraente e belo para todos; a fim de  receber esses aplausos e essa aceitação que o alimentam. É, aí, que o narcisismo se associa com a vaidade, que lhe custa muito e o onera com gastos extravagantes; como: roupas,sapatos,perfumes,enfeites,adornos, penteados,cosméticos  e mil outros atrativos para ser notado,olhado,invejado e aplaudido.

Tratei e conheço muitos (principalmente mulheres) narcisistas que gastavam e gastam  mais do que ganham, para atender à sua demanda estética e física. Alguns, chegam a se endividar para comprar objetos caros e melhor chamar a atenção dos outros e, assim, ser o alvo dos aplausos de que tanto precisa. O narcisista não para de comprar coisas que possam a vir adornar mais ainda o seu corpo; chegando a exorbitar a própria patologia que sofre.  Em um caso que tratei, a paciente tinha cerca de 90 pares de sapatos, 80 a 90 peças íntimas e inúmeros outros objetos para perfumar e  acentuar as formas do corpo. Além disso, o narcisista procura,também, chamar atenção através do desnudamento público do seu corpo. Daí, o endeusamento de si mesmo e o desgaste material e econômico que lhe traz problemas financeiros,psicológicos e de saúde. Conhecemos pessoas que não dispunha de dinheiro nem para se alimentar a contento; mas , não saía sem uma roupa,bolsa,colares  e sapatos novos, diariamente. Todo esse gasto às custas  do empobrecimento material,psicológico e da saúde. Desta forma, o narcisista(ou narciso) envolve,também, problemas social,econômico e de saúde. Vê-se que a ligação do narcisismo com outras patologias é muito estreita, como: vaidade,egoísmo,dominação e sentimento de superioridade. O vaidoso crê-se imortal e superior aos demais; daí o perigo para si ;quando a idade,uma doença ou um acidente lhe destruir a beleza física; quando poderá ser agressivo e violento com  os demais. Quando a sua frustração for demais, em decorrência da intensa concorrência dos demais narcisos mais ricos,"bonitos" e novos; poderá se tornar ,também, agressivo; neste caso, a frustração, que é a origem de toda violência, o tornará violento.

Finalizando, lembramos que Frustração é o sentimento inconsciente e/ou consciente por não ter a pessoa o  que gostaria de ter; e, o que o indivíduo gostaria de ser e não é ! Daí, percebermos,como exemplo, que um advogado que não foi aprovado em concurso para juiz; falar mal e criticar os juízes; o juiz que não foi promovido a desembargador, depreciar os desembargadores e, finalmente, o desembargador que gostaria de ser ministro do STJ ou do STF, não apreciar muito esses seus superiores ministeriais. A gênese do narcisismo e de todos os seus coadjuvantes patológicos, se origina da base educacional da criança. Se, a família, os amigos,parentes e conhecidos da criança a elogiarem com adjetivos  qualificativos de beleza exterior e outros termos supérfluos; se, não cultivarem na criança a honradez,a honestidade,o humanismo, a cultura e as demais belezas interiores;   bem como, se os pais a deixarem entregue à visão dos programas chulos,vazios,burros e aviltantes da televisão; podem se preparar, pois  logo terão criado,cultivado e aperfeiçoado mais  um narciso,um vaidoso, um egoísta e muitos outros defeitos morais e mentais.


Nota: Este trabalho foi, originariamente, pesquisado e escrito no outono de 1988, quando foi publicado em Jornais,Revista e em Livro, na época. Agora, a pedido, o autor o reformulou um pouco, a fim de atender aos dias presentes. Entretanto, a sua base científica Psicobiológica, não sofreu nenhuma alteração, apesar do transcurso de algumas décadas.


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Carleial.Bernardino Mendonça.

Belo Horizonte,outono de 1988;
São paulo,verão de 2011.



Carleial é Psicólogo-Clínico pela Universidade Católica de Minas Gerais;
Estudante de Direito da universidade Estácio de Sá, em Belo Horizonte;
Escritor e Pesquisador nas áreas da psicobiologia e do Direito.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

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    O MASOQUISMO E O SADISMO DE CADA UM “


Masoquismo, termo largamente usado e popularizado, originou-se do nome do conde austríaco Leopoldo Sacher Von Masoch, que viveu entre os anos de 1836 e 1895. Ele escreveu diversas novelas cujos personagens se envolviam com prazeres associados à flagelação. Usualmente empregado no cotidiano, este termo perdeu a sua conotação original patológica para se constituir numa forma irônica de pequenas agressões físicas e/ou morais. Entretanto, na clínica, essa aberração continua sendo enfocada e tratada como uma anomalia psíquica. Aliás, nestas últimas décadas, as palavras que designavam patologias e, principalmente, anomalias cérebros-mentais, foram e estão sendo substituídas por termos mais “light”; como: deficiente auditivo, deficiente visual, cadeirante, etc., ao invés de surdo, cego, paralítico, etc.

O deficiente cérebro-mental, por exemplo, ganhou o sugestivo nome de “excepcional”; o que não deixa de ser estranho, tendo em vista que “excepcional” é sinônimo de “extraordinário”, de “muito bom”, de “excelência”, etc. O que não é o caso, pois qualquer deficiência não é nada agradável para quem a tem. Esta nova rotulação tem a finalidade de proteger, à distância, a imagem da pessoa, bem como a sua auto-estima; apesar de que pode, também, provocar uma acomodação em seu possuidor. Voltando ao tema Masoquismo, caracteriza-se ele, pela compulsão ao sofrimento. Isto é, o indivíduo é levado, involuntariamente, à busca do próprio sofrimento físico e/ou mental.

Normalmente, no ambiente terapêutico, quando o analista identifica em seu paciente o comportamento masoquista e o interpreta para ele; este se espanta, afirmando que não é “louco” para procurar o próprio sofrer. De fato, seria autêntica “loucura” alguém, deliberadamente, criar prejuízos para si. É claro que uma pessoa masoquista age inconscientemente e, na maioria das vezes, sem qualquer controle voluntário (consciente). Quando a mente consciente ( o Consciente ) fica alheia ao comportamento, seja por disfunções mentais,transtornos neurológicos e cerebrais ou por ação de drogas; este mesmo comportamento se manifesta de forma compulsiva e quase sempre negativa para quem o pratica e para os outros. É digno de espanto descobrir-se que muitos sofrimentos, prejuízos físicos, morais e materiais, são provocados pela própria pessoa.

Muitos transtornos da vida moderna são decorrentes desse tipo de perversão da mente enferma e as famílias sofrem grandes danos materiais e psicobiológicos com ele. O masoquismo é pouco notado porque não são analisadas, com profundidade, as origens dos dissabores que eles nos afligem no dia-a-dia. No trato diário com patologias diversas, verificam-se casos em que o masoquismo é o centro de vários distúrbios familiares, como nos casos que relataremos abaixo, para melhor exemplificar as formas do sofrimento masoquista:

-Uma mãe de 52 anos, estava preocupando os seus filhos, com o seu comportamento tristonho e pelo descuido de sua pessoa. Seus gestos traduziam uma grande desvalorização por sua imagem e por seu corpo. Evitava qualquer oportunidade para se divertir, procurando fazer tudo sozinha, recusando a ajuda dos filhos, implicando com as empregadas que lhe arranjavam para lhe ajudarem nos afazeres domésticos. Criou serviços estafantes e desnecessários, tornou-se perfeccionista, quando repetia muitas vezes o mesmo trabalho, alegando que não ficara bem feito. Fazia questão de fazer sozinha os trabalhos de casa, alegando que  “ninguém sabia fazer igual a ela”; ainda mais que nenhuma empregada permanecia por muito tempo em sua companhia, devido as suas “implicâncias”.

Trabalhava exaustivamente em casa, realizando tarefas pesadas e cansativas, como lavar o chão, limpar, repetidamente, os móveis e varrer a casa com freqüência, além da comida e outras coisas cansativas; apesar de os filhos a repreenderem por isso. Em nada adiantava as súplicas familiares; ela continuava executando mais e mais tarefas no lar. Cortava-se com freqüência na cozinha e machucava-se com facilidade nos seus excessivos cuidados domésticos. Isto era bastante suspeito, pois, quando ia para a casa de outras pessoas, comportava-se de forma oposta, cuidando e zelando por sua saúde e por seu bem-estar. Isto ficou evidente, quando da vez que passou alguns dias na casa de uma amiga. Ausente do seu lar, ela não se machucou, embora tivesse ajudado a amiga na cozinha e em algumas tarefas caseiras. Nesses dias de ausência do lar, foi mais comunicativa e alegre, em nada se parecendo com o seu comportamento sofrido, quando em sua própria casa. Enquanto permaneceu fora de casa, comportou-se ela como outra pessoa. 

A senhora X (vamos chamá-la assim) estava se martirizando, de forma masoquista, a fim de aplacar enorme sentimento de culpa por ter um filho deficiente. Inconscientemente ela estava se punindo por não ter sido capaz de gerar todos os seus filhos normais. O seu masoquismo começou quando esse filho cresceu e se mostrou incapaz de uma vida normal, sem os cuidados dos pais. Dessa forma,  sentia-se culpada pelo comprometimento do futuro desse filho. O seu masoquismo, levando-a ao sofrimento, é uma tentativa de sua mente inconsciente para compensar essa “culpa”. Ela estava “se fazendo de vítima”, como popularmente se diz. Mas, na verdade, essa mãe não queria ser vítima; assim como ninguém deseja! Este é o grande engano das pessoas que julgam esse comportamento, como uma mera “chantagem” emocional. O que lhe acontece é o fato de ter sido programada por seu Inconsciente para sofrer, por força das circunstâncias alheias a sua vontade; isto é, não sabe o que faz. É preciso observar que, quando  uma pessoa “se faz de vítima”, quase sempre está se sentindo rejeitada, com sentimento de culpa e afetivamente carente.

-Uma moça, de 26 anos, sentia-se feliz até essa idade, conforme nos afirmou, quando no início da terapia. Recentemente, após um aborto para se livrar de um filho indesejável, passou a apresentar crises depressivas, num estilo de vida onde a tônica era o seu próprio sofrimento. Dizia que tudo que fazia “dava zebra”. Até as companhias masculinas que antes lhe davam muito prazer, agora lhe acarretavam problemas de toda ordem. Magra, abatida e muito ansiosa, queria saber por que o seu comportamento atual era tão desastroso. A paciente fora criada numa família religiosa, onde o aborto é considerado um grave pecado. Ela estava, agora, sendo perseguida por seu Inconsciente religioso que, implacavelmente, exigia-lhe a devida punição e purgação.

-Uma senhora de 58 anos, tornara-se tristonha e retraída após tomar conhecimento que o casamento de sua filha mais nova estava se deteriorando. Através da sua anamnese, soubemos que a referida filha não queria se casar com o seu atual marido porque gostava de outro. Como este outro era de pouco recurso material, sua família a pressionou a desistir dele e casar-se com o atual esposo; tendo sido  a sua mãe quem lhe fez a maior pressão para acabar com o namoro com aquele de quem a filha mais gostava. Ao saber que o marido maltratava a filha, ela passou a ter um comportamento auto-agressivo, não poupando sacrifícios e se recusando a qualquer ajuda, inclusive negando-se a procurar tratamento quando adoecia. O que acontecia com aquela senhora que antes era cheia de vida e alegria?

Com o seu Inconsciente culpando-a pelo insucesso conjugal da filha, procurava se punir (inconscientemente) para se redimir  de “tão grande erro”, quando forçou o casamento que fracassara, infelicitando a filha querida.É claro que esses comportamentos masoquistas não resolvem  problemas, porque se trata de uma defesa neurótica; isto é,um modo de agir impulsionado pelo Inconsciente cerebro-mental. Não resolvem porque o comportamento normal e adequado à vida são aqueles originados, planejados e impulsionados pelo Consciente cerebral-mental, que é a instância detentora da Razão, do Equilíbrio e do Bom-senso. É o Consciente que nos proporciona o comportamento que nos distingue dos animais inferiores; enquanto que o Inconsciente é o responsável pela fisiologia e  modo de agir dos irracionais. Por serem governados por seus Inconscientes é que não vemos bichos dando aulas, fazendo cirurgias, pesquisando remédios para as nossas doenças (e a deles),proferindo palestras em Universidades,etc. Qualquer atividade ou comportamento que não se origine do Consciente; poderá acarretar conseqüências negativas ao sujeito e à Sociedade. Não é isto que estamos vendo nas Sociedades Mundiais? O crime, a agressividade, as doenças e toda espécie de violência que assistimos os humanos cometer, diariamente, contra si e ao seu Meio ambiente? O masoquismo tem ligações com os desvios sexuais, com sentimentos de culpa, assim como pode se originar do hábito de sofrer. Vamos explicar melhor sobre esta última causa.

Uma pessoa que passou ou passa por sofrimentos marcantes em sua vida; acostuma-se à “má-sorte” e passa a crer que o infortúnio lhe é inevitável. Assim, ela se subestima, desvalorizando a própria imagem que todos nós idealizamos. É claro que, se uma pessoa é vítima de constantes adversidades ( o que pode ocorrer a qualquer um), tal pessoa pode imaginar que não é digna de viver,principalmente quando se compara com outras mais afortunadas. Quando o amor próprio é perdido, a pessoa se sente inferiorizada e os seus valores mais caros são rebaixados. Neste caso, é acertado pensar-se que ela, nessas circunstâncias, tenderá mais a valorizar o sofrimento do que o prazer, caracterizando o quadro masoquista. Qualquer comportamento repetitivo que resulte em prejuízos para quem o pratique, deve ser visto como uma forma de masoquismo.. Vê-se isto, entre os viciados no fumo, na bebida e outras drogas.

Nestes casos o viciado, embora conheça e sinta os efeitos negativos de seus hábitos, permanece entregue a eles, como se lhe existisse uma programação interna que o compele à ruína física, moral e mental. E, em nada resulta falar-lhe dos males futuros, nem tampouco esconder-lhe as drogas ou ameaçá-lo; pois ele dará um jeito para consegui-la. Todo processo compulsivo é inconsciente para o indivíduo; pois é inadmissível que alguém queira, conscientemente, a sua própria destruição psico-bio-social. Devemos cuidar de pessoas que, constantemente, estejam machucadas, feridas, dizendo-se “sem sorte”, repetindo atos nocivos, sendo enganadas por outrem, etc. É provável que estejam se punindo, inconscientemente. Neste caso, deve-se analisar a vida pregressa de tais pessoas, a fim de se procurar alguma forte frustração ou necessidade de “reparar” por algo “grave” cometido. O masoquismo quando se origina com a finalidade de aplacar sentimento de culpa, faz com que o inconsciente se utilize de outras pessoas para concretizar seus desejos de autopunição.

O masoquista costuma “fabricar” o seu próprio algoz, que é o Sádico. Este, normalmente, é uma pessoa que com ele convive e, principalmente, do sexo oposto. Isto, porque o homem é mais propenso ao sadismo e, a mulher, ao masoquismo. Contudo, com a inversão dos papéis e dos valores nos dias atuais, este quadro está se invertendo, estando a mulher se igualando ao homem em mais um dos distúrbios que era típico do masculino. Essas aberrações mentais são frutos da educação e/ou disfunções cérebros-mentais; onde a mulher é (era) treinada para a meiguice e afetividade; enquanto o homem era (e é) educado para a agressividade e a competição. Entretanto, com a nova “pedagogia liberal”, as mulheres estão sendo condicionadas à violência, à agressividade e a competição animalesca com os homens que mantinham a  dianteira nas doenças mentais e psicossomáticas. Tudo indica que logo estaremos em “pé de igualdade” com toda  degradação e anomalias, dantes reservadas aos primatas hominídeos.

A verdade é que antes os homens sofriam mais que as mulheres de enfermidades psicossomáticas, justamente pela violência e competição abestadas a que eram submetidos. Hoje, podemos estimar que  haja muita igualdade entre ambos; até nas doenças ! Quando se fala em masoquismo, outra afecção mental merece ser destacada; pois está ela em íntima relação com ele: é o Sadismo.   O nome deste distúrbio nasceu do comportamento doentio do Marquês de Sade (1740-1814) que costumava criar enredos teatrais nos quais os protagonistas eram maltratados com requintes de perversidade. Assim como no masoquismo, o sadismo pode ter origem na infância, no comprometimento do desenvolvimento psicossexual, propiciando a formação de aberrações sexuais na vida adulta, quando o desejo mórbido de ser maltratado (masoquismo) e o de maltratar (sadismo) são pré-requisitos para a gratificação, principalmente a satisfação sexual. Como no masoquismo, o sadismo pode se originar, também, de hábitos constantes e repetitivos, como: de vingança, de humilhar e de explorar os outros. Particularmente, acreditamos que o hábito é o maior gerador do elevado número de pessoas sádicas. Vamos, mais uma vez, nos valer de exemplos de casos clínicos, a fim de melhor entendermos esse tipo de aberração mental.

-Um homem, de aproximadamente 41 anos, implica constantemente com a esposa, causando transtornos em seu lar. Recentemente espancou a mulher, culminando com este gesto, numa, quase, separação do casal. Criaram um círculo vicioso de conflitos, onde o sofrimento passou a fazer parte da vida cotidiana dos mesmos. O marido, sem qualquer motivo aparente, a agredia. Ela, ao ser ofendida, ameaçava-o com a separação. O marido(que gostava muito dela) recuava por algum tempo e logo voltava às agressões, fazendo a esposa voltar a lhe ameaçar com a separação e ele ficava “manso” outra vez. Ao se analisar o histórico de vida de cada cônjuge, verificamos o seguinte: o marido viera de uma família onde os homens costumavam se agredir e agredirem as esposas. Enquanto a sua esposa foi criada no seio de uma família onde as mulheres costumavam se submeter às agressões de seus maridos. Nesses ambientes sem amor (quem ama não submete e nem se submete) e desestruturados, o casal em questão, acostumara-se com a dominação masculina e à submissão feminina. Daí resultou o masoquismo dela e o sadismo dele. Eles foram vítimas dos seus  hábitos familiares negativos.

-Outro exemplo de sadismo, mostra-nos como essa anomalia mental serviu para compensar um sentimento de culpa e a sua necessidade de “reparação”. O caso passou-se com uma jovem senhora, filha única, que ao se casar deixou sua mãe, viúva, morando sozinha. O seu casamento foi motivo de muito sofrimento para a mãe, a quem muito se apegava. Essa mãe fez o possível (inconscientemente) para a filha não se casar, a fim de continuar gozando de sua presença e companhia. Após sair da casa materna, aquela jovem senhora teve uma rápida felicidade conjugal, pois foi atormentada por forte sentimento de culpa quando via o semblante depressivo de sua mãe e ao ouvir de parentes e amigos que a sua mãe estava abandonada e sempre tristonha. A partir daí, a paciente ( a filha) passou a implicar com o seu esposo e por qualquer motivo o agredia. Este, por sua vez, que antes era muito paciente e pacífico, com pouco tempo tornou-se agressivo com ela. No decorrer de alguns meses o clima ficou tenso em sua casa e a esposa decidiu separar-se dele e voltar para a casa materna. A mãe muito se alegrou com a decisão de separação e com o seu retorno à sua companhia. 

Cumpriram-se, assim, as duas programações dos inconscientes mentais da mãe e da filha. A rapidez da separação conjugal (solicitada por ela); o sentimento de culpa por ter deixado a mãe “abandonada”; a lembrança constante do semblante sofrido dela e outros fatores; fizeram com que na jovem esposa “despertasse” o masoquismo (que todos nós temos um pouco) e o sadismo (que todos nós temos um pouco) no seu ex-esposo. É evidente que todos esses acontecimentos vêm de vetores inconscientes para todas as pessoas envolvidas nesses casos. Todas elas foram “vítimas” de seus Inconscientes cérebros-mentais..

É importante sabermos que o masoquismo e o sadismo podem se mesclar numa mesma pessoa, já que são patologias afins, constituindo-se no quadro chamado Sadomasoquista, conhecido por muitos. Raramente um masoquista não se comporta, também, como sádico;  e, este, como masoquista. Sobre o sadomasoquismo, recentemente tivemos a oportunidade de avaliar a sua força destrutiva, quando analisamos os fatores alienantes de uma família que veio à terapia. O exemplo abaixo dá-nos uma idéia real da inter-relação dessas patologias mentais que vitima inúmeras famílias, inclusive... a nossa!

-Homem de 25 anos, procurou tratamento psicoterápico a fim de livrar-se de sua dependência à bebida alcoólica. Durante a análise, quando se focalizou as relações interfamiliáres, verificou-se forte vinculação sadomasoquista, envolvendo, principalmente os seus pais. Estes estão casados há 28 anos, com atritos constantes entre si e com os filhos. Não há lembrança de afetividade entre eles. A mãe, encontrava-se abatida, queixando-se  de doenças e do “trabalho” que o marido e os filhos lhe dão. Faz questão de dizer que “pode morrer a qualquer hora”, de tantas preocupações e afazeres com a família. O pai demonstra apatia e submissão, diante da situação familiar, alegando que não podia fazer nada. Para continuar suportando a sua cruel realidade ele se embriaga com freqüência. Durante muitos anos a mãe assumiu a postura dominante e o esposo, a de submissão.

Apesar do Grande sofrimento de todos, havia “lucro” inconsciente para eles, naquele modelo patológico de ambiente familiar. A esposa, apesar de reclamar que tinha de cuidar de tudo, tornou-se conhecida pelos familiares e amigos como uma “mulher forte”, “dinâmica”,”protetora” e de “iniciativa”. Estes adjetivos lhe deram vaidade e amor-próprio, saciando o seu Ego (Consciente). O marido criou fama de desligado, irresponsável e incapaz; mas, ficou livre de ter de tomar atitudes, iniciativas e de realizar tarefas domésticas. Ele sofria muito com as acusações e críticas da mulher de muitos que o conheciam. Por isso se tornou masoquista pela ação sádica da esposa e dos que o criticavam. A mulher, ao maltratar o esposo, funcionava como sádica. Entretanto, quando começou a perceber que fazia o esposo sofrer ( e os seus filhos ), tornou-se também masoquista. Desta forma, ora atuava como sádica; ora, como masoquista. Estabeleceu-se  no grupo familiar o quadro sadomasoquista. O carrasco e a sua vítima e o torturado com o seu algoz, com o tempo, o costume e a prática; tornam-se faces da mesma moeda.

Finalmente, o que caracteriza o masoquismo e o sadismo, não é somente o sofrer e nem o fazer sofrer; mas, sim, a compulsão ao sofrimento e ao fazer sofrer, respectivamente. Caso não houvesse essa compulsão ( que é um impulso incontrolável que vem do Inconsciente) determinante, teríamos de admitir que todas as pessoas seriam sádicas e masoquistas (embora isto possa ser verdade em níveis não patológicos), considerando que no mundo atual todos sofrem e todos causam sofrimento, devido as próprias circunstâncias da vida moderna.

Não devemos nos admirar, quando deparamos com tanta violência e sofrimento que já se tornaram rotina no nosso dia-a-dia.

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Nota: este trabalho foi escrito em dezembro de 1985. Como os hábitos, costumes e comportamentos negativos se acentuaram, o autor resolveu publicá-lo, novamente, após algumas atualizações.

Belo Horizonte, 7 de dezembro de 1985
São Paulo, 10 de fevereiro de 2011.


CARLEIAL. Bernardino Mendonça.



Psicólogo-Clínico pela Universidade Católica de Minas Gerais;
Estudante de Direito da Universidade Estácio de Sá-BH;
Escritor e Pesquisador nas áreas da Psicobiologia e do Direito.        


sábado, 12 de fevereiro de 2011

" O MASOQUISMO E O SADISMO DE CADA UM "



    “ O MASOQUISMO E O SADISMO DE CADA UM”


Masoquismo, termo largamente usado e popularizado, originou-se do nome do conde austríaco Leopoldo Sacher Von Masoch, que viveu entre os anos de 1836 e 1895. Ele escreveu diversas novelas cujos personagens se envolviam com prazeres associados à flagelação. Usualmente empregado no cotidiano, este termo perdeu a sua conotação original patológica para se constituir numa forma irônica de pequenas agressões físicas e/ou morais. Entretanto, na clínica, essa aberração continua sendo enfocada e tratada como uma anomalia psíquica. Aliás, nestas últimas décadas, as palavras que designavam patologias e, principalmente, anomalias cérebros-mentais, foram e estão sendo substituídas por termos mais “light”; como: deficiente auditivo, deficiente visual, cadeirante, etc., ao invés de surdo, cego, paralítico, etc.

O deficiente cérebro-mental, por exemplo, ganhou o sugestivo nome de “excepcional”; o que não deixa de ser estranho, tendo em vista que “excepcional” é sinônimo de “extraordinário”, de “muito bom”, de “excelência”, etc. O que não é o caso, pois qualquer deficiência não é nada agradável para quem a tem. Esta nova rotulação tem a finalidade de proteger, à distância, a imagem da pessoa, bem como a sua auto-estima; apesar de que pode, também, provocar uma acomodação em seu possuidor. Voltando ao tema Masoquismo, caracteriza-se ele, pela compulsão ao sofrimento. Isto é, o indivíduo é levado, involuntariamente, à busca do próprio sofrimento físico e/ou mental.

Normalmente, no ambiente terapêutico, quando o analista identifica em seu paciente o comportamento masoquista e o interpreta para ele; este se espanta, afirmando que não é “louco” para procurar o próprio sofrer. De fato, seria autêntica “loucura” alguém, deliberadamente, criar prejuízos para si. É claro que uma pessoa masoquista age inconscientemente e, na maioria das vezes, sem qualquer controle voluntário (consciente). Quando a mente consciente ( o Consciente ) fica alheia ao comportamento, seja por disfunções mentais,transtornos neurológicos e cerebrais ou por ação de drogas; este mesmo comportamento se manifesta de forma compulsiva e quase sempre negativa para quem o pratica e para os outros. É digno de espanto descobrir-se que muitos sofrimentos, prejuízos físicos, morais e materiais, são provocados pela própria pessoa.

Muitos transtornos da vida moderna são decorrentes desse tipo de perversão da mente enferma e as famílias sofrem grandes danos materiais e psicobiológicos com ele. O masoquismo é pouco notado porque não são analisadas, com profundidade, as origens dos dissabores que eles nos afligem no dia-a-dia. No trato diário com patologias diversas, verificam-se casos em que o masoquismo é o centro de vários distúrbios familiares, como nos casos que relataremos abaixo, para melhor exemplificar as formas do sofrimento masoquista:

-Uma mãe de 52 anos, estava preocupando os seus filhos, com o seu comportamento tristonho e pelo descuido de sua pessoa. Seus gestos traduziam uma grande desvalorização por sua imagem e por seu corpo. Evitava qualquer oportunidade para se divertir, procurando fazer tudo sozinha, recusando a ajuda dos filhos, implicando com as empregadas que lhe arranjavam para lhe ajudarem nos afazeres domésticos. Criou serviços estafantes e desnecessários, tornou-se perfeccionista, quando repetia muitas vezes o mesmo trabalho, alegando que não ficara bem feito. Fazia questão de fazer sozinha os trabalhos de casa, alegando que  “ninguém sabia fazer igual a ela”; ainda mais que nenhuma empregada permanecia por muito tempo em sua companhia, devido as suas “implicâncias”.

Trabalhava exaustivamente em casa, realizando tarefas pesadas e cansativas, como lavar o chão, limpar, repetidamente, os móveis e varrer a casa com freqüência, além da comida e outras coisas cansativas; apesar de os filhos a repreenderem por isso. Em nada adiantava as súplicas familiares; ela continuava executando mais e mais tarefas no lar. Cortava-se com freqüência na cozinha e machucava-se com facilidade nos seus excessivos cuidados domésticos. Isto era bastante suspeito, pois, quando ia para a casa de outras pessoas, comportava-se de forma oposta, cuidando e zelando por sua saúde e por seu bem-estar. Isto ficou evidente, quando da vez que passou alguns dias na casa de uma amiga. Ausente do seu lar, ela não se machucou, embora tivesse ajudado a amiga na cozinha e em algumas tarefas caseiras. Nesses dias de ausência do lar, foi mais comunicativa e alegre, em nada se parecendo com o seu comportamento sofrido, quando em sua própria casa. Enquanto permaneceu fora de casa, comportou-se ela como outra pessoa. 

A senhora X (vamos chamá-la assim) estava se martirizando, de forma masoquista, a fim de aplacar enorme sentimento de culpa por ter um filho deficiente. Inconscientemente ela estava se punindo por não ter sido capaz de gerar todos os seus filhos normais. O seu masoquismo começou quando esse filho cresceu e se mostrou incapaz de uma vida normal, sem os cuidados dos pais. Dessa forma,  sentia-se culpada pelo comprometimento do futuro desse filho. O seu masoquismo, levando-a ao sofrimento, é uma tentativa de sua mente inconsciente para compensar essa “culpa”. Ela estava “se fazendo de vítima”, como popularmente se diz. Mas, na verdade, essa mãe não queria ser vítima; assim como ninguém deseja! Este é o grande engano das pessoas que julgam esse comportamento, como uma mera “chantagem” emocional. O que lhe acontece é o fato de ter sido programada por seu Inconsciente para sofrer, por força das circunstâncias alheias a sua vontade; isto é, não sabe o que faz. É preciso observar que, quando  uma pessoa “se faz de vítima”, quase sempre está se sentindo rejeitada, com sentimento de culpa e afetivamente carente.

-Uma moça, de 26 anos, sentia-se feliz até essa idade, conforme nos afirmou, quando no início da terapia. Recentemente, após um aborto para se livrar de um filho indesejável, passou a apresentar crises depressivas, num estilo de vida onde a tônica era o seu próprio sofrimento. Dizia que tudo que fazia “dava zebra”. Até as companhias masculinas que antes lhe davam muito prazer, agora lhe acarretavam problemas de toda ordem. Magra, abatida e muito ansiosa, queria saber por que o seu comportamento atual era tão desastroso. A paciente fora criada numa família religiosa, onde o aborto é considerado um grave pecado. Ela estava, agora, sendo perseguida por seu Inconsciente religioso que, implacavelmente, exigia-lhe a devida punição e purgação.

-Uma senhora de 58 anos, tornara-se tristonha e retraída após tomar conhecimento que o casamento de sua filha mais nova estava se deteriorando. Através da sua anamnese, soubemos que a referida filha não queria se casar com o seu atual marido porque gostava de outro. Como este outro era de pouco recurso material, sua família a pressionou a desistir dele e casar-se com o atual esposo; tendo sido  a sua mãe quem lhe fez a maior pressão para acabar com o namoro com aquele de quem a filha mais gostava. Ao saber que o marido maltratava a filha, ela passou a ter um comportamento auto-agressivo, não poupando sacrifícios e se recusando a qualquer ajuda, inclusive negando-se a procurar tratamento quando adoecia. O que acontecia com aquela senhora que antes era cheia de vida e alegria? Com o seu Inconsciente culpando-a pelo insucesso conjugal da filha, procurava se punir (inconscientemente) para se redimir  de “tão grande erro”, quando forçou o casamento que fracassara, infelicitando a filha querida.É claro que esses comportamentos masoquistas não resolvem  problemas, porque se trata de uma defesa neurótica; isto é,um modo de agir impulsionado pelo Inconsciente cerebro-mental. Não resolvem porque o comportamento normal e adequado à vida são aqueles originados, planejados e impulsionados pelo Consciente cerebral-mental, que é a instância detentora da Razão, do Equilíbrio e do Bom-senso. É o Consciente que nos proporciona o comportamento que nos distingue dos animais inferiores; enquanto que o Inconsciente é o responsável pela fisiologia e  modo de agir dos irracionais. Por serem governados por seus Inconscientes é que não vemos bichos dando aulas, fazendo cirurgias, pesquisando remédios para as nossas doenças (e a deles),proferindo palestras em Universidades,etc. Qualquer atividade ou comportamento que não se origine do Consciente; poderá acarretar conseqüências negativas ao sujeito e à Sociedade. Não é isto que estamos vendo nas Sociedades Mundiais? O crime, a agressividade, as doenças e toda espécie de violência que assistimos os humanos cometer, diariamente, contra si e ao seu Meio ambiente? O masoquismo tem ligações com os desvios sexuais, com sentimentos de culpa, assim como pode se originar do hábito de sofrer. Vamos explicar melhor sobre esta última causa.

Uma pessoa que passou ou passa por sofrimentos marcantes em sua vida; acostuma-se à “má-sorte” e passa a crer que o infortúnio lhe é inevitável. Assim, ela se subestima, desvalorizando a própria imagem que todos nós idealizamos. É claro que, se uma pessoa é vítima de constantes adversidades ( o que pode ocorrer a qualquer um), tal pessoa pode imaginar que não é digna de viver,principalmente quando se compara com outras mais afortunadas. Quando o amor próprio é perdido, a pessoa se sente inferiorizada e os seus valores mais caros são rebaixados. Neste caso, é acertado pensar-se que ela, nessas circunstâncias, tenderá mais a valorizar o sofrimento do que o prazer, caracterizando o quadro masoquista. Qualquer comportamento repetitivo que resulte em prejuízos para quem o pratique, deve ser visto como uma forma de masoquismo.. Vê-se isto, entre os viciados no fumo, na bebida e outras drogas.

Nestes casos o viciado, embora conheça e sinta os efeitos negativos de seus hábitos, permanece entregue a eles, como se lhe existisse uma programação interna que o compele à ruína física, moral e mental. E, em nada resulta falar-lhe dos males futuros, nem tampouco esconder-lhe as drogas ou ameaçá-lo; pois ele dará um jeito para consegui-la. Todo processo compulsivo é inconsciente para o indivíduo; pois é inadmissível que alguém queira, conscientemente, a sua própria destruição psico-bio-social. Devemos cuidar de pessoas que, constantemente, estejam machucadas, feridas, dizendo-se “sem sorte”, repetindo atos nocivos, sendo enganadas por outrem, etc. É provável que estejam se punindo, inconscientemente. Neste caso, deve-se analisar a vida pregressa de tais pessoas, a fim de se procurar alguma forte frustração ou necessidade de “reparar” por algo “grave” cometido. O masoquismo quando se origina com a finalidade de aplacar sentimento de culpa, faz com que o inconsciente se utilize de outras pessoas para concretizar seus desejos de autopunição.

O masoquista costuma “fabricar” o seu próprio algoz, que é o Sádico. Este, normalmente, é uma pessoa que com ele convive e, principalmente, do sexo oposto. Isto, porque o homem é mais propenso ao sadismo e, a mulher, ao masoquismo. Contudo, com a inversão dos papéis e dos valores nos dias atuais, este quadro está se invertendo, estando a mulher se igualando ao homem em mais um dos distúrbios que era típico do masculino. Essas aberrações mentais são frutos da educação e/ou disfunções cérebros-mentais; onde a mulher é (era) treinada para a meiguice e afetividade; enquanto o homem era (e é) educado para a agressividade e a competição. Entretanto, com a nova “pedagogia liberal”, as mulheres estão sendo condicionadas à violência, à agressividade e a competição animalesca com os homens que mantinham a  dianteira nas doenças mentais e psicossomáticas. Tudo indica que logo estaremos em “pé de igualdade” com toda  degradação e anomalias, dantes reservadas aos primatas hominídeos.

A verdade é que antes os homens sofriam mais que as mulheres de enfermidades psicossomáticas, justamente pela violência e competição abestadas a que eram submetidos. Hoje, podemos estimar que  haja muita igualdade entre ambos; até nas doenças ! Quando se fala em masoquismo, outra afecção mental merece ser destacada; pois está ela em íntima relação com ele: é o Sadismo.   O nome deste distúrbio nasceu do comportamento doentio do Marquês de Sade (1740-1814) que costumava criar enredos teatrais nos quais os protagonistas eram maltratados com requintes de perversidade. Assim como no masoquismo, o sadismo pode ter origem na infância, no comprometimento do desenvolvimento psicossexual, propiciando a formação de aberrações sexuais na vida adulta, quando o desejo mórbido de ser maltratado (masoquismo) e o de maltratar (sadismo) são pré-requisitos para a gratificação, principalmente a satisfação sexual. Como no masoquismo, o sadismo pode se originar, também, de hábitos constantes e repetitivos, como: de vingança, de humilhar e de explorar os outros. Particularmente, acreditamos que o hábito é o maior gerador do elevado número de pessoas sádicas. Vamos, mais uma vez, nos valer de exemplos de casos clínicos, a fim de melhor entendermos esse tipo de aberração mental.

-Um homem, de aproximadamente 41 anos, implica constantemente com a esposa, causando transtornos em seu lar. Recentemente espancou a mulher, culminando com este gesto, numa, quase, separação do casal. Criaram um círculo vicioso de conflitos, onde o sofrimento passou a fazer parte da vida cotidiana dos mesmos. O marido, sem qualquer motivo aparente, a agredia. Ela, ao ser ofendida, ameaçava-o com a separação. O marido(que gostava muito dela) recuava por algum tempo e logo voltava às agressões, fazendo a esposa voltar a lhe ameaçar com a separação e ele ficava “manso” outra vez. Ao se analisar o histórico de vida de cada cônjuge, verificamos o seguinte: o marido viera de uma família onde os homens costumavam se agredir e agredirem as esposas. Enquanto a sua esposa foi criada no seio de uma família onde as mulheres costumavam se submeter às agressões de seus maridos. Nesses ambientes sem amor (quem ama não submete e nem se submete) e desestruturados, o casal em questão, acostumara-se com a dominação masculina e à submissão feminina. Daí resultou o masoquismo dela e o sadismo dele. Eles foram vítimas dos seus  hábitos familiares negativos.

-Outro exemplo de sadismo, mostra-nos como essa anomalia mental serviu para compensar um sentimento de culpa e a sua necessidade de “reparação”. O caso passou-se com uma jovem senhora, filha única, que ao se casar deixou sua mãe, viúva, morando sozinha. O seu casamento foi motivo de muito sofrimento para a mãe, a quem muito se apegava. Essa mãe fez o possível (inconscientemente) para a filha não se casar, a fim de continuar gozando de sua presença e companhia. Após sair da casa materna, aquela jovem senhora teve uma rápida felicidade conjugal, pois foi atormentada por forte sentimento de culpa quando via o semblante depressivo de sua mãe e ao ouvir de parentes e amigos que a sua mãe estava abandonada e sempre tristonha. A partir daí, a paciente ( a filha) passou a implicar com o seu esposo e por qualquer motivo o agredia. Este, por sua vez, que antes era muito paciente e pacífico, com pouco tempo tornou-se agressivo com ela. No decorrer de alguns meses o clima ficou tenso em sua casa e a esposa decidiu separar-se dele e voltar para a casa materna. A mãe muito se alegrou com a decisão de separação e com o seu retorno à sua companhia. 

Cumpriram-se, assim, as duas programações dos inconscientes mentais da mãe e da filha. A rapidez da separação conjugal (solicitada por ela); o sentimento de culpa por ter deixado a mãe “abandonada”; a lembrança constante do semblante sofrido dela e outros fatores; fizeram com que na jovem esposa “despertasse” o masoquismo (que todos nós temos um pouco) e o sadismo (que todos nós temos um pouco) no seu ex-esposo. É evidente que todos esses acontecimentos vêm de vetores inconscientes para todas as pessoas envolvidas nesses casos. Todas elas foram “vítimas” de seus Inconscientes cérebros-mentais..

É importante sabermos que o masoquismo e o sadismo podem se mesclar numa mesma pessoa, já que são patologias afins, constituindo-se no quadro chamado Sadomasoquista , conhecido por muitos. Raramente um masoquista não se comporta, também, como sádico;  e, este, como masoquista. Sobre o sadomasoquismo, recentemente tivemos a oportunidade de avaliar a sua força destrutiva, quando analisamos os fatores alienantes de uma família que veio à terapia. O exemplo abaixo dá-nos uma idéia real da inter-relação dessas patologias mentais que vitima inúmeras famílias, inclusive... a nossa!

-Homem de 25 anos, procurou tratamento psicoterápico a fim de livrar-se de sua dependência à bebida alcoólica. Durante a análise, quando se focalizou as relações interfamiliáres, verificou-se forte vinculação sadomasoquista, envolvendo, principalmente os seus pais. Estes estão casados há 28 anos, com atritos constantes entre si e com os filhos. Não há lembrança de afetividade entre eles. A mãe, encontrava-se abatida, queixando-se  de doenças e do “trabalho” que o marido e os filhos lhe dão. Faz questão de dizer que “pode morrer a qualquer hora”, de tantas preocupações e afazeres com a família. O pai demonstra apatia e submissão, diante da situação familiar, alegando que não podia fazer nada. Para continuar suportando a sua cruel realidade ele se embriaga com freqüência. Durante muitos anos a mãe assumiu a postura dominante e o esposo, a de submissão.

Apesar do Grande sofrimento de todos, havia “lucro” inconsciente para eles, naquele modelo patológico de ambiente familiar. A esposa, apesar de reclamar que tinha de cuidar de tudo, tornou-se conhecida pelos familiares e amigos como uma “mulher forte”, “dinâmica”,”protetora” e de “iniciativa”. Estes adjetivos lhe deram vaidade e amor-próprio, saciando o seu Ego (Consciente). O marido criou fama de desligado, irresponsável e incapaz; mas, ficou livre de ter de tomar atitudes, iniciativas e de realizar tarefas domésticas. Ele sofria muito com as acusações e críticas da mulher de muitos que o conheciam. Por isso se tornou masoquista pela ação sádica da esposa e dos que o criticavam. A mulher, ao maltratar o esposo, funcionava como sádica. Entretanto, quando começou a perceber que fazia o esposo sofrer ( e os seus filhos ), tornou-se também masoquista. Desta forma, ora atuava como sádica; ora, como masoquista. Estabeleceu-se  no grupo familiar o quadro sadomasoquista. O carrasco e a sua vítima e o torturado com o seu algoz, com o tempo, o costume e a prática; tornam-se faces da mesma moeda.

Finalmente, o que caracteriza o masoquismo e o sadismo, não é somente o sofrer e nem o fazer sofrer; mas, sim, a compulsão ao sofrimento e ao fazer sofrer, respectivamente. Caso não houvesse essa compulsão ( que é um impulso incontrolável que vem do Inconsciente) determinante, teríamos de admitir que todas as pessoas seriam sádicas e masoquistas (embora isto possa ser verdade em níveis não patológicos), considerando que no mundo atual todos sofrem e todos causam sofrimento, devido as próprias circunstâncias da vida moderna.

Não devemos nos admirar, quando deparamos com tanta violência e sofrimento que já se tornaram rotina no nosso dia-a-dia.

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Nota: este trabalho foi escrito em dezembro de 1985. Como os hábitos, costumes e comportamentos negativos se acentuaram, o autor resolveu publicá-lo,novamente, após algumas atualizações.

Belo Horizonte, 7 de dezembro de 1985
São Paulo, 10 de fevereiro de 2011.


CARLEIAL. Bernardino Mendonça.



Psicólogo-Clínico pela Universidade Católica de Minas Gerais;
Estudante de Direito da Universidade Estácio de Sá-BH;
Escritor e Pesquisador nas áreas da Psicobiologia e do Direito.        



quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

" A CONCEPÇÃO DO TEMPO "

                    “A  CONCEPÇÃO  DO  TEMPO” 

No verão de 1990, o autor deste trabalho necessitou com urgência de um táxi para atender  uma emergência.O Tempo de espera pela condução que o levaria ao local desejado foi o triplo do normal que se espera por um táxi quando não se tem tanta pressa. Quando apareceu um, em condições de levá-lo, o trajeto foi repleto de obstáculos à locomoção rápida do veículo, como: engarrafamento, semáforos fechados e pedestres atrapalhando o trânsito. Lembrei-me que em outras condições normais, quando não se tem pressa ou urgência, muitos taxis vazios e muitos ônibus passam ao nosso lado e os semáforos ficam todos verdes e pouco ou nenhum engarrafamento atrapalham a nossa viagem. Observando muitos fatos como estes, pesquisando e analisando relatos semelhantes de diversas pessoas, decidimos escrever sobre eles, a fim de proporcionar idéias  e estudos mais aprofundados de outros pesquisadores, sobre tão inusitados fenômenos.

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Uma das coisas curiosas da nossa vida é a concepção do tempo em determinadas circunstâncias. Sabe-se que de acordo com o nosso estado mental, percebemos de formas variadas e, até opostas, a passagem das horas. Essa distorção temporal é mais evidente nas sensações dos extremos: “prazer-sofrimento” e “tristeza-alegria”. Muitos de nós já experimentamos a aflição de “ver” o tempo “não passar”, nos momentos de grande ansiedade, aflição e sofrimento.

Uma noite com dor de dente, por exemplo, a espera de um resultado cirúrgico,  quando os familiares aflitos aguardam a recuperação do paciente agravado. O resultado de um concurso ou de uma chance para um emprego; a espera que o dia amanheça em uma longa noite de insônia; a expectativa ansiosa de alguém que espera o retorno da pessoa amada; o táxi que não aparece quando estamos apressados; o mal-estar pela demora de um filme, teatro ou qualquer cerimônia que não estão nos agradando; ou que fomos forçados a assistir. Como por outros exemplos, podemos citar a noite interminável em um velório; a longa noite de um náufrago, debatendo-se na escuridão do Oceano, à espera do socorro! A angústia prolongada, quando se aguarda o apito final de um jogo finalista na Copa do Mundo, por exemplo, quando a nossa Seleção está vencendo apenas por um tento! A espera demasiadamente longa de um feliz ganhador da Loteria, aguardando o dia seguinte para por as mãos na sua “bolada” que está guardada na Caixa Econômica. Sinta a lentidão do tempo quando se espera  a comida que não fica pronta quando se está com muita fome! Veja outras situações adversas que nos dão a impressão de que o tempo se arrasta com lentidão enervante. Muito sentimos e ouvimos falar da “elasticidade” do tempo, nesses momentos de ansiedade que de uma forma ou de outra, todos nós experimentamos durante a nossa existência. E o contrário, quando os momentos que vivenciamos são alegres e desejados?

Aí, sucede-se o contrário! Temos a nítida impressão que as horas fogem rapidamente. “ O tempo voa”; é o que dizem as pessoas nos momentos de alegria e de prazer. Quando estamos em uma festa que nos agrada; num espetáculo ou evento alegre, desejado e que nos apraz! Nesses casos a sensação que temos é que tudo aconteceu em segundos e nem percebemos a rapidez do tempo que passou, entre o começo e o fim  desses fatos agradáveis. Veja os quatro dias de Carnaval para os foliões; passam como um relâmpago e como chega depressa à quarta-feira de cinzas! Entretanto, para os que não gostam do Carnaval e querem ter sossego; aqueles dias de festa duram uma eternidade! Como sentimos curta a duração de um filme que está nos agradando; mesmo que o filme seja de longa metragem. A  impressão que se tem é que duraram alguns minutos.

Também acontece o mesmo na leitura de um livro ou revista agradáveis; o início da leitura e o seu término estão tão próximos que ficamos contando as páginas que faltam, torcendo para não acabarem. O contrário ocorre, quando não estamos gostando da leitura ou fomos forçados a ler para atender alguém ou para fazer um trabalho escolar; neste caso, quanto mais lemos depressa, mais páginas ainda faltam para acabar e ficamos contando as restantes, ansiosos para logo acabarem. Veja como passam rápidos os dias de nossas férias e como se prolongam os dias de trabalho para quem está estressado e “doido” para viajar e gozar as férias! Se formos doentes para um hospital, como se arrastam as horas antes da “alta”  e como “correm” as horas após a “alta” do hospital! Dá para se avaliar o sofrimento das pessoas que são seqüestradas, com a demora nas negociações para a sua libertação. É só perguntarmos a quem passou por tal experiência, que ouvirá sobre a angústia do tempo interminável nas mãos dos bandidos. Outro exemplo comum da lentidão do tempo quando se sofre é o que acontece com as pessoas que têm medo de viajar de avião.

Essas pessoas se angustiam com a lentidão das horas do vôo; entretanto, quando estão na sala de espera e até chegarem à porta da aeronave, o tempo passa rapidíssimo! São tantos os exemplos dessas distorções da percepção do tempo que se fôssemos enumerá-los, teríamos que preencher muitas páginas com eles. Uma das mais flagrantes distorções quanto à aceleração das horas nos momentos agradáveis é quanto ao prazer sexual. Não é novidade que o sexo sadio, respeitoso e romântico entre duas pessoas conscientes e que se amam, é a emoção mais prazerosa que um ser humano pode experimentar. É neste caso que o tempo nos dá a impressão mais nítida de sua fluidez e finitude. A fugacidade do prazer erótico é notório e patente, principalmente para os sexo-maníacos, deixando os amantes com a sensação que tudo não passou de uma ilusão e que o gozo foi uma quimera, uma fantasia (embora o orgasmo tenha acontecido há apenas alguns minutos).

O sono é outro exemplo da “rapidez” da passagem das horas. Para quem dorme por não “ver” o tempo passar, quando acorda tem a impressão que o tempo passou muito rapidamente. Por isso é que muitas pessoas quando estão em conflito, dormem muito; tal como se vê entre os depressivos e em alguns neuróticos. Há ocasiões em que somos mais afetados pela percepção distorcida do tempo. Estas ocasiões se evidenciam mais nos elevadores e nos semáforos.

Quando estamos em um elevador conduzindo um peso; quando estamos com pressa ou quando a presença de outra pessoa nos incomoda; temos a impressão que o elevador ficou mais lento e que o andar desejado demora mais a chegar. Experimente contar os andares que passam pela janelinha do elevador! Parece que eles se “alongaram”. Agora, veja o que acontece quando você não está com pressa para chegar ao seu andar porque tem uma bela e boa companhia ao seu lado; seja porque está lendo uma notícia muito interessante no jornal ou numa revista. Neste caso, é impressionante  a “rapidez” do elevador em chegar ao andar desejado. Outro exemplo clássico é quando paramos o carro em um semáforo. Quando estamos apressados ele “demora” mais em abrir; quando estamos tranqüilos e sem pressa e aproveitamos a parada para dar uma olhadela em um jornal ou revista. Logo nos assustamos com as buzinadas dos carros na nossa traseira. Pergunte a qualquer motorista de táxi sobre estes fenômenos que ele logo nos dará razão sobre o que estamos escrevendo. Quando esses profissionais param no sinal e estão sem passageiro, eles têm a sensação que o semáforo fica verde mais rapidamente do que, quando estão conduzindo alguém. Bem que eles gostariam,quando estão sem passageiro, de ficar mais tempo parados diante do sinal vermelho, a fim de economizar combustível e ser visto por algum passageiro em potencial. Uma boa dica para se “enganar o tempo” quando se tem pressa, é levar consigo uma boa leitura para se ler no elevador e quando paramos nos semáforos. Pode estar certo que o elevador e os sinais de trânsito “ficarão mais rápidos” que de costume.

Que proveito poderemos tirar para a nossa reflexão, dos fatos que aqui reunimos e analisamos  sobre esses estados de percepção distorcida do tempo? E, se não for uma distorção; mas, sim, uma realidade que ainda não entendemos, por se tratar de outra dimensão do espaço temporal além da nossa concepção daquilo que chamamos de tempo!  Estes exemplos nos servem para meditar sobre a forma de vida que cada um de nós pratica e a sensação da nossa própria duração terrena. Analisemos a fugaz duração da vida das pessoas socialmente famosas, badaladas e festivas! Veja as pessoas famosas que se destacam por sua beleza exterior, por sua riqueza material ou por seu poder (que são os requisitos considerados e desejados por bilhões). Tais pessoas parecem envelhecer mais cedo que o comum dos mortais, que não são considerados “bonitos”; não têm riqueza material e nem poder, que são os requisitos repelidos por bilhões e são os pré-requisitos do sofrimento e do desprazer.

A vida das pessoas simples e humildes parece-nos mais alongadas que as das pessoas sofisticadas, ricas e festivas, cujas existências passam muito depressa.  Este exemplo é muito destacado entre as pessoas simples  da população rural. Para estes, o tempo parece passar preguiçosamente e os dias são “esticados”. Como os pobres sofrem mais que os ricos e, como vimos acima, a impressão que se tem é que o tempo é mais “lerdo” no padecimento que na opulência; temos a nítida noção que a vida se esvai mais rapidamente nos prazeres do que no sofrer. Note-se a sensação que nos parece a meteórica passagem dos ídolos do cinema, dos atores famosos, das atrizes, das beldades físicas, dos políticos e poderosos do nosso e dos outros tempos! Porque percebemos que a vida se escoa rapidamente quando a vivemos no luxo e, lentamente, quando a vivenciamos sem a fortuna material? Os estados emocionais que chamamos tristeza, sofrimento e desprazer; são também opostos aos que denominamos de alegria, prazer, euforia, etc. Na depressão o tempo “fica retardado” e, na euforia, ele se “acelera”.

Imaginemos como deve sentir a passagem veloz do tempo, aquele que está condenado à morte, aguardando o momento da sua execução! Ao contrário, o condenado à prisão perpétua, “vê” os, dias se arrastarem, anos após anos, num infindável contar de horas. Parece-nos que até o momento (lembre-se o leitor que estamos no verão de 1990) não se pesquisou os fatores psicobiológicos inerentes a tais fenômenos. Cremos que o estudo científico desse assunto, traria benefícios significativos à vida dos humanos, haja vista que o “espichamento” da vida é um sonho acalentado por todos, principalmente pelos que têm muito a perder com a finitude da vida terrena. Acreditamos, também, que a sua compreensão científica não é tarefa muito fácil, levando-se em consideração as implicações neuronais, bioquímicas, teológicas, psicológicas e filosóficas que estão envolvidas nesses fenômenos. Basta lembrarmos que estamos falando de fatores emocionais mediados por estruturas cerebrais já bem definidas, como o sistema límbico, córtex cerebral, hipotálamo e outros componentes que produzem a Mente; com a interveniência de neurotransmissores, hormônios, enzimas, etc., a níveis encefálicos.

Uma boa pista indicativa da ação bioquímica nesses estados anômalos da percepção; são as sensações narradas pelos usuários de drogas alucinógenas; esses indivíduos contam que, quando a “viagem” é agradável; a duração da experiência gratificante é rapidíssima. Ao contrário, quando passam por dissabores, com visões fantasmagóricas e terrificas;  a  “viagem” dura uma “eternidade”, prolongando, desta forma, o seu sofrimento. Será somente coincidência que as drogas psicotrópicas ocupam os mesmos locais dentro do cérebro onde também atuam os transmissores do prazer e da dor? E o relógio biológico cerebral que coordena os estados de vigília e do sono? É acalentador sabermos que os avanços recentes das neurociências, talvez possam nos responder, ainda nesta década, a tão intrigantes mistérios da mente.

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CARLEIAL. Bernardino Mendonça

Psicólogo-Clínico pela Universidade Católica de Minas Gerais;

Estudante de Direito da Universidade Estácio de Sá,em Belo Horizonte;

Escritor e Pesquisador nas áreas da Psicobiologia e do Direito.